Um excerto da minha Passagem para a Índia de Maio, na revista Atlântico, que hoje lança um novo blogue.
CONSTANTINO XAVIER EM NOVA DELI
MAOÍSTAS,
BLOGGERS E
EMPRESÁRIOS
A visita ao mítico Katmandu, que já não é assim tão mítico como se poderia pensar, conduz o nosso representante em terras da Índia numa viagem ao passado recente, quando ainda se lavava o sangue das ruas no único reino hindu do mundo. Uma reflexão que termina numa encruzilhada com espinhos.
"Parece que, da noite para o dia, a democracia floresceu como uma rosa e os maoístas se converteram ao fim da História. Mas estamos no século XXI e está visto que tudo é mais complicado do que o advogado pelo vintecentista Fukuyama. Como o vemos em Timor e o vimos há três décadas no nosso próprio país, os processos de democratização, embora imbuídos de idealismo, são períodos em que a instabilidade e as divergências políticas podem resultar rapidamente em violência crónica.
No caso do Nepal é pura utopia acreditar que os líderes maoístas,
ferrenhos ideólogos e responsáveis por toda uma administração paralela construída com sangue e suor, abandonem, por completo, a via armada e vistam o fato e a gravata da democracia liberal. Ainda por cima num dos países mais pobres do mundo, em que um quarto do território fica a mais de uma semana de viagem da capital, onde 80% depende da agricultura e em que a rede eléctrica cobre menos de metade das habitações."
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