terça-feira, 29 de agosto de 2006

Imagens de Deli: Mosteiro de Ki (Spiti)


(Fotografia: João Reis Nunes)

Templo dos Vistos

A poucos quilómetros de Hiderabad, capital do estado de Andra Pradexe, encontra-se situado um dos mais belos exemplos da capacidade indiana de negociar, interpretar e assimilar as influências externas. Não é por acaso que a Índia apresenta-se como um dos objectos de estudo preferidos dos investigadores internacionais que se debruçam sobre a globalização.

O Templo Chilkur Balaji, dedicado a uma divindade local representando Vixnu, é popularmente conhecido como Templo dos Vistos ("Visa Temple"). É que, crê-se, abençoa os que se candidatam a vistos de trabalho para entrarem nos Estados Unidos. Sendo esse um dos objectivos mais preciosos na Índia contemporânea, o templo (arquitectonicamente muito pobre) atrai milhares de peregrinos de toda a Índia que aqui vêm orar e pedir que a divindade lhes conceda um visto de entrada. Chega a atrair mais de 100 mil pessoas numa semana.

Reza a tradição que, poucos dias antes da vital entrevista pessoal no consulado ou na embaixada norte-americana, os candidatos-devotos devem circundar (pradikshan) o templo e louvar a divindade entoando cânticos. Caso lhe seja concedido o visto (por Vixnu, claro), devem voltar e voltar a circundar o templo, nada mais, nada menos, do que 108 vezes.

Para quando um templo destes em Portugal? Talvez um Templo do Benfica tivesse mais sucesso. Afinal, quem é que precisa de vistos, e para quê?!

domingo, 27 de agosto de 2006

Sofisticação

Tudo começou quando, nas minhas leituras matinais, me deparei no Times of India com uma afirmação de um qualquer funcionário de uma multinacional do sector da aviação comercial. Comentando o episódio em que um avião da norte-americana Northwest Airlines interrompeu o seu percurso Amesterdão-Bombaim e foi escoltado de volta por caças F16 para a Holanda, por suposta ameaça terrorista, o sujeito diz que "isto são coisas que acontecem quando pessoas não-sofisticadas começam a voar".

Basicamente, o pessoal de bordo e os "marshalls" à paisana, avisaram o capitão que havia "sujeitos suspeitos muçulmanos" a trocarem de lugar sem autorização, a trocarem entre si sacos e telemóveis (um deles chegou a soar no momento de descolagem). Aqui está, portanto, a "não-sofisticação" que levou caças holandeses a descolar, um avião inteiro a dar meia-volta e doze indianos a serem detidos, revistados e interrogados. Entretanto, os "não-sofisticados" já chegaram à Índia e aos seus lares nos subúrbios de Bombaim, estando mais do que provado que são tão terroristas como Jesus Cristo. Afinal, onde é que está a sofisticação toda?

A história lembra-me um "cartoon" num jornal indiano. Aludindo ao facto de as novas companhias aéreas de custo reduzido estarem a revolucionar o sector de transportes na Índia e possibilitarem mais e mais pessoas a optar pela via aérea, vêem-se dois sujeitos sentados lado a lado num avião. O primeiro, um homem de classe alta, bem vestido, com pasta de negócios por debaixo do braço, confortavelmente instalado. O segundo, um homem de classe baixa, mal vestido, com a trouxa por cima do ombro, pouco à-vontade. Exclama o rico, do alto da sua suposta superioridade e cheio de escárnio : "Da próxima vez vou mas é de comboio!".

sábado, 26 de agosto de 2006

Imagens de Deli: Mosteiro de Kungri (Spiti)

Leituras indianas (1)

Já aqui tinha referido o sucesso literário do Mein Kampf por estas bandas. Na minha universidade não são poucas as cópias do livro de Adolfo que eu vi, naturalmente abertas numa página qualquer, numa esplanada ou num quarto de residência. Inquiridos sobre o porquê desta leitura, a maioria responde que se trata de um "clássico" e que, "muito bem escrito", dá "ideias claras e puras".

É verdade que não são necessariamente os jovens comunistas a lerem o livro. Entre os casos que observei, contam-se especialmente os jovens alistados no ABVP, a juventude partidária dos nacionalistas hindus do Bharatiya Janata Party, que formou governo entre 1999 e 2004. O que deixa adivinhar os motivos de interesse pelo livro alemão. Há uma tremenda tentação indiana de sucumbir ao autoritarismo e à disciplina totalitária.

A discussão sobre o perído de Emergência, em que Indira Gandhi governou o país com mão de ferro nos anos 70, é, alías, das mais apaixonadas. Fê-lo em nome da democracia, ou a custo da democracia? Fê-lo em nome da maioria, ou a custo da maioria? "Regenerou" ou "dilapidou" o património democrático indiano?

Confrontados com uma sociedade assente em pilares que negam toda e qualquer racionalidade de cunho moderno, há esta vontade de disciplinar o caos. O caos do tráfego rodoviário, mas também o caos das centenas de castas e subcastas, e o próprio caos cósmico hindu.

Quando começam a falhar os mecanismos tradicionais de ordenamento social (a religião, por exemplo), e quando se lhe junta o namoro com a doce opção da modernidade racional e formal (especialmente num campus universitário nehruviano), emergem alternativas radicais, como a proposta pelo nacional-socialismo.

Não é, portanto, a simples vontade de exterminar minorias ou homogenizar a sociedade que leva estes jovens a ler "A minha luta" com admiração. É mais do que isso: é a necessidade de procurarem métodos e fórmulas alternativas de reorganização da sua sociedade, ou civilização, afectada por uma turbulenta fase de transição. Não querem ser párias, escravos, órfãos ou mestiços. Querem continuar a ser "indianos".

segunda-feira, 21 de agosto de 2006

A força do dinheiro

Anda tudo à procura de novos mercados e mais consumidores. A linguagem do dinheiro não conhece fronteiras. Faz homens e mulheres viajarem milhares de quilómetros e juntar as mãos, por exemplo.

quinta-feira, 17 de agosto de 2006

Imagens de Deli: De autocarro em Spiti

Alerta máximo

Mais duas ligações para duas peças radiofónicas para a RR produzidas nos últimos dias, sobre o alerta máximo que a Índia vive depois dos atentados de Bombaim, dos avisos dados pelos serviços de informação norte-americanos e dos planeados atentados transatlânticos de Londres. Um primeiro directo para o noticiário das oito da manhã no dia, no dia 11, e um segundo comentário, com um título um pouco estranho, no dia 13.

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Papagaios independentes

É dos espectáculos mais deliciosos a que jamais assisti. Por tradiçao, em cada Dia da Independência, a 15 de Agosto, as crianças sobem aos telhados de Deli e lançam milhares de papagaios ao ar. Como que festejando a sua própria independência das paredes que normalmente as rodeiam.

Alguns papagaios são modestos, à medida da posse dos donos e feitos em casa, outros magníficos, comprados nas lojas da moda e em forma de Homem Aranha ou Homem Morcego que dão no Disney Channel. Os céus enchem-se de cores e de gritos e exclamações de alegria. Os mais malandros organizam concursos e competições: quem consegue alcançar as maiores alturas, fazer os movimentos mais complexos ou a velocidade mais estonteante.

Outros constroem autênticas máquinas: o fio é passado por cola e depois passado por estilhaços de vidro e munido de picos metálicos, tudo para cortar os fios dos outros papagaios e conquistar o monopólio das atenções. Obviamente, a consequência são batalhas aéreas impressionantes e... muitos papagaios moribundos, caídos nas ruas e nos telhados.

É esse dos momentos que eu mais aprecio: enquanto estou no quarto, a ler ou ao computador, e vejo um papagaio colorido a cair lentamente no meu terraço, sem dono, para o seu repouso final.

terça-feira, 15 de agosto de 2006

Estado de sítio

Hoje, 15 de Agosto, é Dia da Independência na Índia, celebrando a data em que o Reino Unido deixou de ter uma patada colonial no subcontinente. Mas o problema agora é outro. Mais do que nunca, especialmente depois de Bombaim, a Índia receia atentados terroristas. Sendo esta a sua capital, onde amanhã o seu primeiro-ministro discursará das muralhas do histórico Forte Vermelho, respira-se por todo o lado o estado de sítio. 10 000 polícias e paramilitares, baterias anti-áereas, controlos rodoviários, um pouco de tudo. Acho que vou ficar em casa.

Kabhi Alvida Naa Kehna

Mais uma super-produção de Bollywood, com tudo o que é estrela por estas bandas: Amitabh Bachchan (se a Índia tem uma face, é esta; ao meio, no cartaz), Shahrukh Khan ("o" herói indiano, primeiro a partir da esquerda), Rani Mukerji (a voz mais sensual, segunda), Preity Zinta (a ganhar peso perigosamente, primeira da direita), Abhishek Bachchan (filho do primeiro, ao lado).

Com a aliciante de ter sido quase integralmente filmado em Nova Iorque, explora de forma simples mas incisiva a vida de dois casais e uma história de amor extra-matrimonial. Kabhi Alvida Naa Kehna (Nunca Digas Adeus) vale em especial pela música, pela fotografia (Nova Iorque captada que nem Hollywood) e pela inovação (indiana) com que toca no delicado assunto das questões matrimoniais e da sexualidade. Tudo no meio de uma megalópole e de uma vida agitada e apressada em que as carreiras profissionais e as pressões económicas falam, por vezes, mais alto. Com algumas falhas (a cidade mais parece uma aldeia, de tantos encontros coincidentes nas avenidas), não deixará, no entanto, de entrar para a categoria dos clássicos.

domingo, 13 de agosto de 2006

Citações de Deli: Gurcharan Das

"The notable thing about India's rise is not that it is new, but that its path has been unique. Rather than adopting the classic Asian strategy -- exporting labor-intensive, low-priced manufactured goods to the West -- India has relied on its domestic market more than exports, consumption more than investment, services more than industry, and high-tech more than low-skilled manufacturing. This approach has meant that the Indian economy has been mostly insulated from global downturns, showing a degree of stability that is as impressive as the rate of its expansion."

Gurcharan Das, na Foreign Affairs Julho/Agosto (The Rise of India), no seu artigo "The India Model"

Imagens de Deli: Sarahan

Templo de Bhimakali, Sarahan. No estado de Himachal Pradesh, a meio dia de viagem da sua capital Shimla, situa-se na pequena localidade de Sarahan. Em madeira, e com vários séculos de idade, incorpora elementos tibetanos e budistas na arquitectura hindu dos Himalaias. Até o século XIX o templo testemunhava ainda sacrifícios humanos, mas hoje as cerimónias limitam-se a oferecer animais. Sarahan, no vale do imponente Rio Sutlej, é uma aldeia muito pacata, da qual é aliás originário o actual ministro-chefe do estado, do Partido do Congresso. Foi em tempos a capital do principado de Rampur Bushahr.

Desgaste total

O reinício de mais uma época da vida em Deli não poderia ser mais desgastante. Primeiro, "férias na Índia" nunca deixa de ser um eufemismo, a não ser se num daqueles luxuosos pacotes cheios de ar-condicionados, jeeps confortáveis, comida para ocidental e hotéis cinco estrelas. Ora, as minhas "férias na Índia" foram exactamente o contrário, incluindo deliciosas descobertas e aprendizagens, mas igualmente tremendo desgaste em termos de saúde.

Voltado a Deli, sou vítima de um vírus gripal que anda a dar as voltas pela cidade. Dois dia de cama, o que já nem foi mau, tendo em conta os estragos mas prolongados e profundos que fez em outros.

Vítima laboral também. Como se não tivesse bastado o desgaste da cobertura dos atentados de Bombaim, agora com o dia da independência a ser celebrado a 15 de Agosto, está todo o mundo com os olhos postos na Índia, incluindo os meus editores portugueses. Sem falar do trabalho de investigação e da escrita de outros textos mais elaborados para outras publicações.

Vítima da sede energética indiana. Pior do que nunca. Todos os dias, não chegam os dedos de uma mão para contar os cortes de energia. O pior é no meio da noite. Logo que as ventoínhas deixam de funcionar, chegam as brigadas de mosquitos e perco considerável quantidade do meu precioso sangue luso.

Nada de mais. Simplesmente, a continuação da vida em Deli.

quinta-feira, 10 de agosto de 2006

Passagem para a Índia nº 6

O MITO DO PACIFISMO
Constantino Xavier em Nova Deli

A Índia pacifista é um dos mitos mais bem expandidos no imaginário de certa intelectualidade ocidental: uma Índia onde impera a espiritualidade e onde a violência prima pela ausência nas relações sociais e políticas. É como se os raquíticos corpos dos indianos os impedissem de travar qualquer confrontação física, obrigando-os sempre a procurar soluções pacíficas.

Mas, na realidade, a Índia é tão pacifista como Átila, o huno. A própria mitologia hindu representa-o bem: no épico “Ramayana”, composto há mais de dois mil anos, o virtuoso príncipe Rama, acompanhado de um exército de macacos, enfrenta o demónio Ravana, que com as suas dez cabeças e dez armas mantém refém a princesa Sita. Em 24 000 versos, sucedem-se gigantescas batalhas e duelos marciais. Outro exemplo tenebroso é o da deusa guerreira Kali, que é representada com uma espada e um colar de 51 cabeças humanas ensanguentadas.

(...) Em certos círculos românticos, sucumbiu-se à tentação de construir uma Índia pacifista e moralmente sã, onde a violência, como que por milagre, não tem lugar. É o “wishful thinking” posto em prática. É que, justamente, esta imagem nasce nas primeiras décadas do século XX, quando a Europa foi atravessada pelas guerras mais violentas de sempre. Um Gandhi e uma imensa Índia pacifista vinham mesmo a calhar para expurgar os supostos males ocidentais.

Excertos da coluna na p. 44, do número de Agosto da Revista Atlântico

Atentados e afins (no Expresso Online e na RR)

No post anterior, está o artigo publicado na edição impressa do Expresso a 15 de Julho, sobre os atentados de Bombaim. Mas como o assunto chegou ao topo de actualidade internacional, mesmo em Portugal, teve destaque também no Expresso Online.

Um primeiro artigo meu foi publicado logo no próprio dia dos atentados, e depois, no Sábado seguinte, publicada no mesmo espaço uma entrevista na íntegra com B. Raman, ex-operacional dos Serviços de Informação Externa da Índia (RAW) e que dirigiu a sua divisão antiterrorista entre 1988 e 1994. É uma entrevista muito densa, mas que recomendo vivamente, porque se trata de um "insider" com opiniões que só raramente passam para o exterior.

Produzi também uma peça radiofónica para a Rádio Renascença, mas não encontro agora a ligação respectiva para ouvir on-line. Foram assim, os atentados de Bombaim, vistos de Deli, que me custaram inclusivemente uma viagem de três dias de férias a Agra e Gwalior.

Nova frente de guerra (Expresso)

Expresso, Internacional, 15 de Julho de 2006

Índia na rota do terrorismo pan-islâmico

OS BREVES 11 minutos em que, na passada terça-feira, deflagraram oito bombas em sete comboios em Bombaim representaram a abertura de uma nova frente do terrorismo internacional: a Índia.

Acusada pelo Paquistão e grupos separatistas caxemires de manter parte da região de Jamu e Caxemira (de maioria muçulmana) sob ocupação militar desde 1947, a Índia não tinha porém sido vítima de um atentado terrorista de maior envergadura com a marca do extremismo pan-islâmico.

Mas tudo mudou nesta semana. As suspeitas recaíram de imediato sobre o Lashkar-e-Taiba (LeT), um grupo terrorista sediado na Caxemira paquistanesa, e sobre o Movimento dos Estudantes Islâmicos da Índia (SIMI) (ver caixa). Mas a natureza específica dos atentados de Bombaim trouxe à memória Madrid e Londres e parece ter o cunho da Al-Qaeda: durante a hora de ponta, num sistema ferroviário suburbano que transporta diariamente mais de seis milhões de pessoas e tudo de forma quase simultânea.

É essa a opinião defendida por B. Raman, ex-operacional dos Serviços de Informação Externa da Índia (RAW) e que dirigiu a sua divisão antiterrorista entre 1988 e 1994. «Tendo em conta o planeamento, a execução e a sofisticação dos atentados, é impossível ignorar a mão da Al-Qaeda», disse ao EXPRESSO. «Tudo parece indicar que os atentados foram planeados sob sua orientação e inspiração, enquanto o LeT e o SIMI ofereceram os militantes para a operação no terreno».

Para Raman, abre-se uma nova era na luta contra o terrorismo internacional: «Devido ao conflito na Caxemira, a Índia passou a ser um dos alvos da ‘jihad’ global. Estes atentados são só o começo».

Neste sentido, as referências à Índia nas mensagens da Al-Qaeda difundidas semanas depois da visita de George Bush a Nova Deli poderão ter servido de aviso. Osama bin Laden ameaçava então a «nova aliança entre cruzados, sionistas e hindus».

Expansão radical.

Embora seja o país com a maior minoria muçulmana no mundo (cerca de 150 milhões de pessoas), a Índia sempre sublinhou o facto de, até à data, nunca ter havido cidadãos seus nas listas de operacionais da Al-Qaeda. Mas os atentados de Bombaim indicam o contrário e espelham a crescente expansão do extremismo islâmico na sua própria sociedade.

Ainda segundo Raman, algumas franjas da minoria muçulmana têm vindo a radicalizar-se. «Desde os atentados em Nova Iorque, Madrid e Londres que os militantes paquistaneses da Al-Qaeda têm estado sob controlo constante dos serviços de segurança ocidentais. É por isso que os muçulmanos da Índia oferecem agora uma excelente base de recrutamento», afirmou.

Está ainda por contabilizar o número exacto de vítimas mortais (mais de 200, até agora). Mas a oposição dos nacionalistas hindus do Baharatiya Janata Party já acusou o Governo, liderado pelo Partido do Congresso, de criar um «ambiente propício à expansão e promoção do terrorismo no país inteiro». A oposição exige do primeiro-ministro uma «resposta firme», especialmente no plano externo, em relação ao Paquistão, cujos serviços secretos acusa de financiar e treinar os terroristas islâmicos.

Uma nova subida de tensão entre os dois rivais nucleares da Ásia do Sul não é, no entanto, do interesse de Nova Deli, que quer garantir a estabilidade interna e o crescimento económico.
Mas a mensagem telefónica de apoio que o primeiro-ministro Manmohan Singh recebeu, na quinta-feira, de George Bush, foi ouvida com grande agrado na capital, dado que a Índia acusa a comunidade internacional, há já vários anos, de ignorar o seu estatuto de «vítima do terrorismo».

Constantino Xavier, correspondente em Nova Deli


Principais suspeitos

LASKAR-E-TOIBA
É o principal grupo suspeito, embora tenha recusado qualquer envolvimento logo no próprio dia dos atentados, considerando-os «desumanos». A Índia acusa a organização de ter executado a maioria dos atentados bombistas no seu país e de operar com o conhecimento e equipamento dos serviços secretos paquistaneses (ISI). Foi inicialmente activo no Afeganistão, onde contou com o apoio norte-americano na luta contra a ocupação soviética. Veio a estabelecer-se depois no Paquistão, com um quartel-general perto de Lahore, onde Osama bin Laden era, até recentemente, presença frequente. Nos últimos anos, tem procurado internacionalizar-se, em estreita colaboração com a Al-Qaeda. Opera dezenas de campos de treino na Caxemira paquistanesa e movimenta-se facilmente na parte indiana.

MOVIMENTO DOS ESTUDANTES ISLÂMICOS DA ÍNDIA
Com várias centenas de militantes, é o principal grupo extremista islâmico fora da Caxemira. Tem a sua base principal de apoio no Estado do Utar Pradexe, no norte, onde tem estado envolvido em diversos atentados a comboios. Desde que foi interdito pelo Supremo Tribunal de Nova Deli, em 2001, expandiu a sua base de apoio para sul, especialmente para o Estado de Maharastra (de que Bombaim é capital) e para o Estado do Qerala. Alguns dos seus operacionais foram treinados em campos do grupo terrorista Harkat-ul-Jihad-i-Islami (igualmente próximo da Al-Qaeda), implicado na série de 400 atentados bombistas que assolaram o Bangladesh em Agosto de 2005.

REDES CRIMINOSAS
Com 16 milhões de habitantes e diversas minorias étnicas e religiosas (principalmente muçulmana), Bombaim alberga poderosas redes criminosas de tráfego de armas, estupefacientes e pessoas, que mantêm relações estreitas com os poderes políticos. Algumas, de orientação religiosa, servem de bases de apoio aos terroristas caxemires e estiveram alegadamente implicadas nos violentos atentados bombistas de 1993, pelos quais Abu Salem (extraditado de Portugal em 2005) é agora acusado. Uma das maiores redes era então liderada por Dawood Ibrahim, o criminoso mais procurado da Índia, actualmente refugiado no vizinho Paquistão.

quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Imagens de Deli: Adeus

Quatro semanas de maravilhosa, cansativa, decadente, impressionante Índia. Adeus João e Raquel. Obrigado pela visita e companhia. Deixaram-me com belas memórias... e uma gripe tramada! Para os restantes leitores, as fotos seguem dentro de momentos.

terça-feira, 8 de agosto de 2006

De volta

Depois de umas valentes semanas nos Himalaias e no Utar Pradexe, à beira do Ganges, cá estou eu de volta à vida em Deli, por mais dois anos.