domingo, 2 de julho de 2006

Mais uma Passagem para a Índia

ABERTURA
Constantino Xavier em Nova Deli

"No actual momento da globalização, fechar-se sobre si próprio é reduzir-se à insignificância. Em concreto, recusar a abertura ao Oriente significa virar as costas à realidade. Ora, neste contexto, Portugal tem estado a enredar-se em fantasias. Basta abrir os jornais portugueses, cheios de notícias sobre golpes de Estado africanos e fantochadas latino-americanas – se é que se dá atenção ao que se passa “lá fora”. Como que por encantamento, a Índia deixou de existir. Nos corredores governamentais portugueses, o país de Gandhi equivale a uma imensa mancha negra, e, nas carreiras diplomáticas, constitui um verdadeiro “desterro”. Só vai para lá quem quer – e quase ninguém quer. Até finais do ano passado, a embaixada portuguesa em Nova Deli estava entregue a dois diplomatas e um conselheiro cultural. Três pessoas num país de um bilião. Já vão longe os tempos daquela famosa visita presidencial que se saldou num passeio de elefante, em lágrimas de crocodilo e em muitos sacos de compras. E, ao contrário do que muitos possam pensar, Nova Deli tem mais que fazer do que estar à espera de um novo Vasco da Gama. Só se ele se chamasse Bush e chegasse num Boeing."

Excerto da coluna na p. 42, do número de Julho da Revista Atlântico

Gorjeta indiana

Quando levei três professores indianos a comer os Pastéis de Belém ali ao Restelo não adivinhava o impacto que estaria a produzir. A visita fez mais pela renovação da imagem da Índia em Portugal do que dez blogs como este meu. Depois de vir a conta de 3,70 Euros, os homens, tão encantados com o nosso país e o dia passado a visitar Lisboa, deixaram uma gorjeta de 4,30 Euros. Ao saírmos de lá, olhei para os oito Euros na mesa e depois para o empregado estupefacto, e, em jeito de explicação, deixei escapar um incompreensível: "Olhe, é uma gorjeta indiana". O bom homem ficou a olhar para mim ainda mais incrédulo.