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Quanto ao concelho, entre Salsete e Salcete, sugiro o último, embora ambas grafias possam ser aceites. Tudo menos as adaptações anglófonas e as suas variantes em concani, como Salset, Salsette e Salcette.
Sendo esta a primeira redescoberta de Goa no contexto desta série, relembro a complexidade do assunto. As grafias das localidades foram lusitanizadas ao longo de quinhentos anos, do concani vernacular para o português colonial. Já depois de 1961 entram em cena novas ideologias e línguas, para além de uma recuperação da topografia original autóctone, em concani.
Assim, coabitam o habitus topográfico goês a tradição colonial portuguesa (com bolsas de resistência estratégicas), a pré-modernidade local concani (agora revitalizada em movimentos como o Goa Hit-Rakhan Manch), a política de renomeação típica do pós-colonialismo (representada pelos nacionalistas hindus que quiseram que Vasco da Gama se chamasse Sambhajinagar), a dimensão anglófona por via da burocracia administrativa indiana (ou anglo-indiana?) e da globalização (turismo, entre outros) e, por fim, a bagagem linguística dos imigrantes de outros estados indianos (por via da sua dificuldade em pronunciarem alguns nomes).
Está introduzida a complexidade do assunto e reafirmado que esta série não se pretende imiscuir nesse debate. Pretende, isso sim, contribuir para que, em bom português, nos saibamos referir de forma correcta e consensual a locais em Goa.
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