Um testemunho pessoal: Em Agosto de 2004 alugámos uma casa e a dona prometeu-nos (à boa maneira indiana, mencionando algumas tantas divindades) que podíamos ficar por dois anos. Um ano depois anuncia a "má notícia": vai vender o apartamento e temos dois meses para encontrar nova habitação.
Procuramos e encontramos. Fazemos o novo dono jurar, agora pelas oitocentas e tal divinidades do panteão hindu, que podemos ficar até Maio de 2008, altura em que estamos despachados com esta passagem pela Índia. Jura e explica que só assinamos o contrato por um ano porque é assim mesmo e tal,e faz-nos, por sua vez, prometer que não vamos sair antes de Maio 2008. Estamos satisfeitos. Seis meses depois anuncia a "péssima notícia": a filha acabou os estudos e vai voltar a viver com a família (eles vivem no andar de baixo), e o apartamento deles já está a abarrotar e por isso querem dois dos nossos três quartos. Amanhem-se vocês os cincos num quarto (afinal vocês são estudantes, ou não?) é a moral da história. E mentem: avisamo-vos claramente que íamos precisar do apartamento em Dezembro de 2006. Mentira.
É óbvio (por várias razões que não explano aqui) que, em ambos os casos, os donos dos respectivos apartamentos sabiam que estavam a mentir e que nos iam expulsar antes do prazo acordado. Eu sei que isto do mercado imobiliário é tramado, em quaquer parte do mundo. Mas isto aqui é demais: estou agora à procura da terceira habitação em menos de três anos. Claro que está difícil, porque esta cidade está a rebentar pelas costuras. Mas, para além disso, tem custos financeiros (temos que pagar comissão de uma renda mensal ao agente que nos "encontra" o apartamento) e psicológicos também. Onde é que, no meio de tudo isto, ainda vou encontrar a calma necessária para produzir algum conhecimento sobre este país?
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