Muito significativas, as afirmaçoes do Foreign Secretary Shyam Saran, numa palestra no Indian Council of World Affairs. Reflectem toda uma nova visão indiana para a região e uma grande mudança paradigmática, mais madura e estratégica. De "bully" a "patrono". Da força militar às "confidence-building measures" e à integração económica. O abandono do "tit-for-tat" e da condição da reciprocidade. É uma Índia generosa, regionalista e descentralizada que emerge na Ásia do Sul. Uma Índia que percebeu que, perante as manobras chinesas na vizinhança, só lhe resta o mesmo caminho: conquistar a região com muitos incentivos e mimos.
Em termos diplomáticos, académicos e na sociedade civil esta corrente de pensamento (a de "amaciar" as fronteiras e de integrar a região da Ásia do Sul) não é tão nova assim, no entanto. Está bem presente em alguns (minoritários) discursos diplomáticos mais recentes, de que Saran parece ser oriundo, está fortemente estabelecida na imprensa de referência, por via da revista Himal (Catmandu), e, no terreno, sempre foi uma realidade, como o próprio Saran admite, quando diz que se está ainda longe de reactivar os laços íntimos que ligavam as regiões fronteiriças indo-paquistanesas ou sino-indianas etc. antes de 1947. Para quem visita essas regiões, especialmente nos Himalaias, é muito óbvio que aquelas pessoas, aquela cultura e aquela economia estavam tradicionalmente muito mais ligada a Lhasa e ao Tibete do que a Deli, Calcutá e à Índia Britânica.
Mr. Saran said the treatment of the country's periphery as somehow less important than its heartland was a "relic of the past." Borders, he said, were connectors and that was why the government in recent years had made a conscious attempt to treat the country's border regions as integral to its foreign policy. "The sobering reality is that despite the initiatives of the past few years with Pakistan, Bangladesh, China, Myanmar and others, we have not even been able to get back to the connectivity which existed in South Asia before 1947," he noted.
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