He recollected that during the liberation struggle of Goa, the PCP’s clandestine magazine was the only one in Portugal to demand liberation for Goa. (...) "Like we supported the people of Goa then, we support the people of Palestine, Venezuela and Cuba now. We also support the workers and poor people of India. This visit is to exchange ideas toward that end", he said.
Palavras de Jerónimo de Sousa, secretário-geral do Partido Comunista Português, de visita a Goa. Convidado pelo CPI-M e CPI, os principais "sister-parties" comunistas da Índia, vai, conjuntamente com Ângelo Alves (Comissão Política), visitar também Deli e Calcutá.
O que me intriga, no entanto, é o seguinte: O que é que levou os comunistas portugueses a defenderem para o povo colonial de Goa uma "libertação" e uma "auto-determinação" diferente, se não antagónica, da exigida para todos os outros povos coloniais, da Guiné a Timor? Libertação, afinal, em que termos? Como soube o PCP presumir o que ia na mente dos goeses, se nunca houve um partido de libertação anti-colonial de massas, tal como o foi o Congresso na Índia Britânica ou o conjunto Frelimo/Renamo em Moçambique? Porque esta "excepção indiana", interpretando libertação como integração noutro país?
Terá sido por influência dos militares comunistas? Segundo Josep Sánchez Cervelló, historiador, havia no final da década de sessenta alguns militares do Exército português dispostos a receber directivas do Comité Central, estando estes “organizados desde os tempos de Goa coronéis do Exército, que tinham passado pela Índia como capitães, e que ali tinham vivido o pós-independência e contactado com o comunismo e com as ideias de libertação do Terceiro Mundo. Pessoas como Vasco Gonçalves, Varela Gomes ou Vicente da Silva”.
O que importa é saber se o Sr. Jerónimo tem a sua lição de história bem estudada e se é capaz de explicar e defender esta ambiguidade, mais de quatro décadas depois da integração forçada do Estado da Índia Portuguesa na União Indiana, e três décadas depois de o seu camarada Vasco Gonçalves ter chefiado o III Governo Provisório, cujo Ministro dos Negócios Estrangeiros (Mário Soares) assinou o tratado biliateral que reconheceu a soberania indiana sobre o território.
Até em termos de investigação, para as ciências sociais portuguesas, este é um mistério que deveria ser estudado melhor. Que siginificado, afinal, para a libertação?
PS: Com o apelido que tem, presumo que Jerónimo de Sousa já deve ter recebido, no seu quarto de hotel, uma dezena de telefonemas de velhinhas goesas tentando convencê-lo de que ele é um primo-neto-enteado "afastado" delas.
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