Passagem para a Índia (nº6)
SWARAJ
CONSTANTINO XAVIER EM NOVA DELI
(...) Por outro lado, deparamo-nos com uma causa mais tradicional, profunda e subconsciente, adequadamente representada pelo conceito “Swaraj” – a bandeira simbólica do movimento indiano pela independência. Nas palavras do nacionalista Chittaranjan Das (1870-1925), durante o Congresso Indiano de 1924, “Swaraj é mais do que a simples independência política e formal. É a independência de todos os obstáculos no caminho para a auto-realização”.
Num país que oferece terreno fértil para as teses do neo-colonialismo, o conceito de Swaraj permaneceu bem enraizado, simbolizando a preocupação indiana de se auto-realizar e desenvolver, independentemente de tudo e de todos. É uma Índia ciente de autonomia total, de liberdade de escolha máxima e de uma multiplicidade de opções infinita. Uma Índia com muitas relações amigáveis, mas com poucos amigos de verdade.
Engana-se, por isso, quem acha que a Índia, lá por ser democrática e falar inglês, vai cair “que nem um patinho” na órbita da águia norte-americana. Vislumbram-se provas contrárias, por todo o lado. Enquanto que as negociações sobre o acordo de cooperação civil nuclear e o “tu cá, tu lá” entre Nova Deli e Washington se arrastam há mais de um ano, está em pleno curso o Ano da Amizade Sino-Indiana, está iminente um acordo nuclear e militar com a França e Manmohan Singh não dispensa de telefonar ao iraniano Ahmadinejad, recordando-lhe que conta com o seu petróleo para daqui a uns anos. (...)
Excerto da coluna "Passagem para a Índia", do número de Outubro da Revista Atlântico. Nas bancas desde esta Quinta-feira passada.
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