Já vos aqui tinha dado a conhecer o plano natalício de um solitário português em Nova Deli. Ficam agora com uma reportagem mais alargada, extracto de um dos e-mails que enviei aos meus amigos em Portugal.
No dia 24 fomos à Missa do Galo. Não foi igual, não houve Mafra, nem família. Mas, simplesmente o frio, o processo de me vestir formalmente e sair para o frio nocturno, e encontrar-me com vários amigos (no fim, éramos 15!) e embarcar num táxi em direcção à Sacred Hearth Catedral, foi excelente. A missa, claro, foi sui generis, com sinthesizer e outras singularidades indianas, aquilo, com mais de mil pessoas e muitos mirones, mais parecendo uma Feira Popular.
Voltámos eram já perto das três da manhã, depois de tirarmos umas belas fotos em frente da catedral iluminada e de comermos umas castanhas bem quentinhas. No dia seguinte, depois de umas compras apressadas, passámos, a Dao, o Anirudh, a Arunita e eu, a manhã inteira a cozinhar. Quase dez pratos (incluindo o meu bacalhau que ficou soberbo), de todas os gostos gastronómicos e tradições internacionais. Antes, tínhamos comprado uma pequena árvore de natal e decorado a casa de forma natalícia. Adaptando uma tradição da minha mãe, preparámos um pequeno pratinho para cada pessoa cheio de doces e frutos e nozes etc., incluindo uma fatia de Bolo Rei (indiano).
Depois foram chegando os amigos, no total éramos cerca de 16, de várias religiões, regiões e círculos de amigos, incluindo o Pauly da Nigéria, a Fon da Tailândia, o Junaid de Caxemira etc., embora a maioria fosse hindu, de diferentes castas. Alguns poucos eram cristãos, católicos do Northeast incluídos, para além de uma budista e um muçulmano. O dia estava muito solarengo e as pessoas, ao som natalício da Rádio Renascença (obrigação de correspondente), foram passeando e conversando pela casa. Depois deliciaram-se com a comida.
No fim, depois de distribuir os pratinhos de doces, fizemos a troca de presentes. Cada um tinha trazido um presente no valor máximo de um Euro. Fizemos umas charades e cada pessoa tinha que tirar um papel e adivinhar de quem se tratava. Fiz isto porque há pessoas que não se conhecem bem e isso obrigou todos a conhecerem-se melhor e a trocarem presentes, criando novos laços de amizade.
A melhor parte é que, tal como no Natal e nas festas de família lá em casa, aqui também o convívio se foi estendendo até ao início da noite. No fim, talvez não tenha convertido pagãos, mas certamente que ajudei a dar a conhecer o espírito natalício e um pouco de mim e da minha (híbrida) tradição cultural.
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