quarta-feira, 30 de abril de 2008

Índia - Oportunidades cheias de dificuldades

Na primeira pessoa, o Ricardo Silva, estagiário do programa Contacto do AICEP em Nova Deli. Directamente de quem vive e observa no terreno, dia após dia, a realidade da vida empresarial indiana e das ainda embrionárias relações económicas luso-indianas:

Índia - Oportunidades cheias de dificuldades

Portugal descobriu o caminho marítimo para a Índia há mais de 500 anos, mas infelizmente não soube dar continuidade a essa descoberta no mundo dos negócios. Apenas em 2007 foram enviados estagiários do Contacto para a Índia. Apenas em 2007 um Primeiro-Ministro português visitou a Índia. Apenas em 2007 um Presidente da República português esteve na Índia. Apenas agora estão a ser dados os primeiros passos. Entretanto os restantes países ocidentais já se encontram na Índia há mais de 10 anos. Tudo isto num país que representa um sexto do mercado mundial e que pode ser considerada a verdadeira “Terra das Oportunidades”.

Quatro meses passaram desde a minha chegada a Nova Deli e, daquilo que me foi possível ver até ao momento, apesar de ser um mercado enorme, é um mercado extremamente difícil de entrar. A principal razão, são precisamente os próprios indianos.

Redescobrindo: Nóida e Iamuna

Ora cá está uma terra que praticamente não precisa de nenhuma adaptação gráfica para ser escrita e pronunciada correctamente em português. O imenso subúrbio de Noida, do outro lado do rio Yamuna, foi criado nos anos setenta e é (poucos o sabem) uma simples sigla para New Okhla Industrial Development Area (NOIDA). Não há portanto nenhuma peculiaridade histórica e linguística na criação deste nome pela burocracia indiana anglófona.

No entanto, os nativos de hindi (especialmente os motoristas de riquexó que, para mim, são um excelente critério para aceder à pronúncia autóctone mais típica) gostam de enfatizar a primeira sílaba e a primeira vogal. Assim, tendo em conta que um simples Noida seria provavelmente lido, por muitos portugueses, como um o fechado (como se fosse Nôida), proponho Nóida, que é a versão exacta do que se pronuncia nas ruas de Deli.

Já agora, como falamos no rio, é natural que o agora pouco majestoso rio Yamuna (muitas vezes aqui pronunciado como Yamna, Jamuna or Jamna) deve ser escrito Iamuna em português (tal como aqui), devendo resistir-se à nossa natural tentação de enfatizar a terceira sílaba (Iamúna).

Assim, Nóida, um subúrbio industrial de Nova Deli, fica do outro lado do rio Iamuna. Mas, como sempre, aceito críticas, correcções e sugestões para afinar esta série e passarmos a escrever a Índia com mais correcção.

Quando o internacional passa a ocidental e vice-versa

Army: no ‘widespread’ abuse in Congo. NEW DELHI: Senior army officials here have cited a United Nations (U.N.) official to slam allegations of widespread abuse by Indian troops deployed on peacekeeping duty in Congo. ... allegations being aired by the western media were unsubstantiated and derived from questionable sources, they said.

Muito interessante, esta volatilidade com que a imprensa e as autoridades indianas se referem a notícias veiculadas pela imprensa estrangeira. Neste caso, uma investigação da BBC que deu conta do envolvimento de tropas de manutenção de paz paquistanesas e indianas em casos de corrupção, contrabando e abuso sexual, entre outros delitos, no Congo.

Independentemente da sua veracidade, é curioso como os militares indianos se referem às acusações como estando a ser "difundidas pelos media ocidentais", fazendo também uma clara alusão a eventuais interesses políticos e estratégicos de bastidores. Passa-se exactamente o oposto quando um qualquer pasquim norte-americano ou inglês dedica um dossier especial sobre um sector qualquer indiano emergente, muito colorido e simpático, cheio de dados e estatísticas (a maioria totalmente erradas).

De forma imediata, os dados e as estatísticas que mais interessam são apropriados pela imprensa indiana, que as estampa nas suas capas e horários nobres. Por ricochete, são depelos citados pelos responsáveis governamentais. O mais interessante é que, ao contrário desta notícia do Congo (vinda da BBC que, afinal, é um dos raros exemplos de comunicação social global), nestes casos o pasquim em questão passa a ser referido não como imprensa ocidental, mas internacional (international media), procurando assim hiperbolizar o impacto da notícia a nível global.

Um exemplo recente, muito interessante porque denunciado publicamente, foi o da Secretária de Estado para os Recursos Humanos, Senhora Purandeshwari que, perante o Parlamento, afirmou que os indianos representavam 36% dos cientistas da NASA, 34% dos empregados da Microsoft e 38% dos médicos nos EUA (números totalmente exagerados, pelo menos por enquanto...).

Imagens de Deli

sábado, 26 de abril de 2008

Sintonia comunista-nacionalista

The concept of cheerleaders reflected “a westernised culture that is spreading in the name of the so-called globalisation which has its own economic spin-offs and where earning money is the only compulsion,” said Mr. Chakraborty, who is a senior leader of the Communist Party of India (Marxist). (daqui)

"Why do we have to use scantily-clad women brought from Europe and America? If we have to have entertainment, we can always have Indian dances by local artistes," he said. "Our culture is very rich and such improper activities should be banned immediately," the BJP leader said. (daqui)

Adenda: Integração nacional ferroviária

Sem dúvida: a privatização dos transportes aéreos revolucionaram a Índia na última década, chegando a competir em termos de preço com os caminhos-de-ferro. Chega-se hoje a praticamente todos os cantos do país em pouco mais de três horas de voo e em troca de cinquenta ou sessenta Euros.

Mas é igualmente certo que, a par da revolução pós-1990 dos media, o comboio foi e sempre será a expressão mais nobre do processo de integração nacional indiano, ao que chamo de indianização. Com a sua chegada chegam também, de forma massificada, a mão-de-obra e os bens de outros estados, integrando a região efectivamente com o resto do país. Foi assim com o Konkan Railway em Goa e será assim com os Northern Railways em Caxemira.

Se, em tempos, os carris orientaram o movimento Go West e a consolidação de um espaço distinto territorial e social nos Estados Unidos, estão
hoje a fazê-lo também na Índia.

Gosto e recomendo: Rail Museum

Como quase todos os museus nacionais em Nova Deli, também este encontra-se muito mal conservado. As carruagens novecentistas encontram-se abandonadas ao ar livre, cobertas de ferrugem, o interior do edifício cheira a mofo vintecentista e só poucas das animações eléctricas interactivas funcionam.

Situado na periferia da zona diplomática mais nobre da cidade, a verdejante e calma Chanakyapuri, o National Rail Museum é, no entanto, passagem obrigatória para quem quiser saber um pouco mais sobre o passado e o presente da Índia.

O museu não se restringe a uma simples narração cronológica do desenvolvimento de um meio de transporte. Mergulhar na história dos Indian Railways é também mergulhar na história do colonialismo britânico e na conturbada cristalização de um espaço que é muito mais do que geográfico, logo histórico, económico e político: a Índia moderna.

Nem que seja só uma volta apressada, enquanto que os mais pequenos, lá fora, dão uma voltinha no Toy Train ao ar livre: a história da conquista da Índia pelo aço e pelos carris passará a fazer-lhe companhia durante o resto da sua estadia no país. Especialmente se tiver agendada um viagem ferroviária no Himalayan Queen para Shimla ou no Darjeeling Monorail. Mas também se escolher uma simples viagem em General ou Sleeper.

A vizinha Índia

Segundo um estudo publicado no Público de ontem, a Índia é o país mais citado pelo PR Cavaco Silva no total dos seus discuros deste mandato (99 vezes, contra 84 para a Espanha). Mesmo tendo em conta a visita presidencial a Nova Deli, Goa, Bombaim e Bangalore, em 2007, "é uma noção de vizinhança inesperada, mas justa", refere o jornalista Miguel Gaspar, com muita acutilância.

Imagens de Deli

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Redescobrindo: Gurgão

Presumo que o nome do mega-subúrbio high-tech de Deli (Gurgaon) seja derivado de gaon, que significa ‘aldeia’ em hindi. No passado, tenho seguido a versão anglófona por preguiça, mas é obvio que aquele n final não faz sentido nenhum, ainda por cima para uma língua como a nossa, muito à vontade com nasalizações e com o til à disposição. Em português correcto, transcrito do hindi e respeitando a pronúncia autóctone, deve portanto escrever-se Gurgão.

Nepal

Altura para recordar a minha ida ao Nepal, em Maio de 2006, pouco depois dos protestos anti-reais, e a minha reportagem para o Expresso. Por onde andará Tara Bhandare estes dias?

É de Dhading, uma dessas regiões inóspitas e abandonadas, que vem Tara Bhandare, um jovem militante maoísta de 30 anos, pai de dois filhos e há quase quatro anos na Prisão Central de Kathmandu (foto). Detido por soldados à paisana, nunca foi formalmente acusado e aguarda julgamento desde então. “Disseram-me que era culpado de actividades terroristas”, diz, do outro lado do gradeamento e com um guarda ao lado controlando a conversa.

E, já agora, a crónica que escrevi para a revista Atlântico, em Maio de 2007:
Maoístas, bloggers e empresários

O muesli esgotou ontem em Deli

Mother's diet linked to sex of baby. The eating of breakfast cereals before and around the time of conception was also "strongly associated" with women producing sons, the researchers said.

Omni-alinhamento

“Both pipeline projects are crucial” ISLAMABAD: Minister for Petroleum and Natural Gas Murli Deora on Wednesday sought to dispel the impression that India was dragging its feet on the Iran-Pakistan-India (IPI) gas pipeline project and was less interested in this than in the Turkeministan-Afghanistan-Pakistan-India (TAPI) pipeline. “For us, both are equally important. ...” Mr. Deora said.

Imagens de Deli: Parliament Street

quinta-feira, 24 de abril de 2008

KO

Prestes a completar quatro anos de vida em Deli, pensando-me já sobre-naturalmente imune a tudo e mais algum bichinho e perigo que supostamente por aqui prolifera (ai, credo!), nunca tendo adoecido gravemente (menos gripes e constipações e algumas mais indisposições de estômago do que em Lisboa ou Paris), lá sucumbi, no passado fim-de-semana. Armado em esperto, violando as minhas próprias regras, conselhos e cuidados de alimentação, ataquei uma salada de fruta numa dhaba ali na universidade.

Um K.O. gástrico levou-me ao hospital de madrugada, mas nada que se resolvesse com uma meia hora de soro, antibiótico e uns dias de descanso. Um baptismo tardio, mas bem-vindo porque serve como mais uma lição de vida: imunidade aos bichinhos (e às saladas de fruta indianas), só mesmo nos filmes.

40ºC +

E cá esta o calor infernal e as noites mal dormidas; o trânsito, os cortes de electricidade e a falta de água. I love Delhi.

Imagens de Deli: Parliament Street

Fomos plataforma por umas horas

Patil will have a stopover in Lisbon on her way to Brazil and halt in Cape Town while returning to India April 23.

A era das plataformas (temos rival)

Santiago (PTI): Encouraging India to expand its South-South cooperation, Chilean President on Tuesday asked New Delhi to use her country as a "platform" for entering the business markets of Latin America.

E hyper ou super, não?

Reliance Power, which has bagged the country's two ultra mega power projects of 4,000 Mw each at Sasan in Madhya Pradesh and Krishnapatnam in Andhra Pradesh ...

Portugueses no Nepal

São dois os observadores portugueses que integram a missão de observação europeia às eleições nepalesas. Mafalda Cruz Gomes e Margarida Alves. Bom trabalho!

A moda do "Pós-"



(daqui)

Por este andar, mais uns meses e alguém anunciará a era Pós-Ásia, Pós-Oriente, Pós-Resto ou Pós-whatever. Esta obsessão com o futuro espelha duas coisas: uma exagerada incerteza (medo) que nasce de uma (suposta) ignorância ocidental recém-descoberta sobre o "resto", esse admirável mundo novo!; e um profundo desconforto com o presente, que se quer ultrapassado o mais rapidamente possível.

Imagens de Deli: Parliament Street

terça-feira, 22 de abril de 2008

Padanyaasa (My love life)

Padanyaasa, do amigo João Reis Nunes (com quem redescobri a Índia, em 2002, e cujo My Love Life já devia ter sido publicado em livro), que deu o nome a este blogue e acompanha este vida há muito, pelo menos desde o seu início. Obrigado.

Padanyaasa

Mais de dois anos passaram desde que regressámos da Índia e já tantas pessoas morreram nos comboios a caminho de Bangalore, a caminho de Varanasi, tantas pessoas mortas que não chegaram a entrar nos comboios e caíram em charcos de lama estagnada nos bairros junto aos caminhos de ferro. Os porcos, as crianças vão remexer aqueles túmulos rasos e vão encontrar os ossos de todas essas pessoas que morreram, vão desenterrá-los e brincar com eles, vão fazer como o macaco do 2001 e bater os ossos uns contra os outros, vão utilizá-los como armas, vão ferir e afugentar as outras crianças.

E mesmo assim as imensas prisões vão constituir armadilhas em movimento a caminho de Bangalore, a caminho de Varanasi, e as pessoas vão entrar nelas e olhar com olhos tristes pelas grades das janelas, vão desenrolar as folhas de jornal vão comer.

É noite cerrada em Delhi e o meu amigo chama o meu nome. Quando acordo ele está sentado na cama, aterrorizado, à beira das lágrimas. E depois eu estou no seu sonho, e do nosso quarto sem janelas nós não vemos o imenso grito, o sofrimento uníssono das crianças carregadas por crianças, das crianças carregadas por cães, das crianças a remexer no esgoto e das crianças a serem mordidas por ratos. Eu estou no sonho do meu amigo, meio a dormir, e estou numa enorme colina sobre Lisboa e depois as explosões, depois o apocalipse, e o apocalipse a aproximar-se.

Os meus sonhos eram bastante mais simples: eu era um jogador do Benfica, as pessoas gostavam de mim, havia confusas querelas por minha causa, eu era tido em conta.

E nas manhãs tudo continuava estranho, um sonho dentro do sonho, eu dentro do meu amigo e aquela cidade imensa de milhas e milhas - e os milhões e milhões de pessoas, todas iguais, à nossa volta. E apesar disso cada uma daquelas pessoas era uma história, um drama, um grito diferente - e eu era também um grito. Tinha a sensação de que me queriam arrancar a pele. No velho bairro muçulmano nós entrávamos para nos perder e percorríamos um longo caminho no meio da multidão que se encaminhava para a gigantesca mesquita ao pôr do sol – deixávamos de ser nós, passávamos a fazer parte daquele sofrimento todo, aquela dor descalça, atravessada de moscas.

Depois diziam-nos para sair. Era suficiente, diziam eles. Iam rezar, diziam eles. Nós não devíamos lá estar enquanto eles rezavam. Nós íamos procurar sítios para comer, sítios para telefonar para casa.

E por isso no velho bairro muçulmano, mesmo junto ao imponente forte de Delhi, as labirínticas ruelas cavalgadas por ratos e as caras adoráveis das crianças a tornarem-se lentamente em máscaras de olhos brilhantes e dentes aguçados, e travestis tocavam-me e eu deixava e as lágrimas daquela gente deixavam marcas na poeira das suas faces e eu recusava-me a olhar para elas. Facas luziam na escuridão, músicas contraditórias em lugares que eu não identificava, sorrisos e farsas e tantos corações cheios de fatalidade, tantas pessoas que dançavam. Para além da alegria e da tristeza, para além do bem e do mal. Nos templos Jain, nos templos Sikh, éramos recebidos de braços abertos e comíamos a comida dos deuses. Ficávamos sentados nos tapetes dos templos a ouvir os instrumentos dos deuses e eu fechava os olhos e esperava um alívio, alguém que viesse ocupar o meu corpo por algum tempo. Uma substituição, para poder descansar.

E telefonava à minha mãe de ruelas sem fim nem destino, e os vampiros da noite de Delhi aproximavam-se de mim. O meu amigo, ao longe, falava tranquilamente com crianças, no meio dos ratos mortos. As ruas eram tão apertadas que eu não via o céu. Dizia à minha mãe para não se preocupar.

E assim, cada vez que penso naqueles comboios a caminho de Bangalore, a caminho de Varanasi, eu penso nas escadarias que vão dar aos rios e nos banhos purificadores, penso em pessoas calcinadas impedidas de sair de carruagens, algures nos desertos do Gujarat. Penso nas linhas ordenadas de camelos, ao longe, debaixo do sol que ardia, e penso na minha cara tapada por um lenço, os meus olhos vermelhos da poeira do deserto. Penso nas aldeias perdidas onde nunca nenhum comboio parou, e do modo como abrandávamos e de como as crianças vinham a correr acompanhando as carruagens, o modo como as crianças estendiam as mãos para me tocar. Penso em mim a pensar nestas histórias todas que guardo em mim, estas histórias que mais ninguém sabe, e algum dia terei tempo de as contar? Penso em mim sentado na porta do comboio e nas lágrimas de uma menina a caírem nos meus joelhos, e ela encostava a cabeça no meu ombro e rezava, falava, suplicava, e aquelas palavras eram as palavras de tanta gente e mesmo assim eu não entendia nada.

Gosto e recomendo: Minarete da Jama Masjid

Visitar a maior mesquita indiana, a imponente Jama Masjid, logo após a aurora, preferencialmente num dia sem neblina matinal, pelas sete da manhã, ou antes (entre Outubro e Junho).

Pedir um favor especial e pagar um extra ao guarda para autorizar a subida ao topo do seu minarete (Sul), fora de horas.

Vista panorâmica, silêncio, brisa. Velha Deli a acordar. Soberbo. Adoro.

Fragmentos da leitura

"I can understand your (South Asian American) dilemma, but keep your Indian soul even though your exterior may be American. ... There will be a day when the world will bow at the feet of India and seek knowledge of India. You may live here (Washington), but if your motherland hollers for you, I know that you will run for her succour."
Uma Bharti, ex-dirigente do BJP, num comício em Washington, 1993, in The Karma of Brown Folk, Vijay Prashad

Tão lindinho, tão branquinho, dizia já a minha avó

Esta vida no Portugal Diário

Esta vida encontra-se agora também recomendada pelo Internacional do Portugal Diário. Não sei bem porque é que me colocaram do lado direito, mas obrigado na mesma.

Fragmentos da leitura

“The former colonies give rise to postcolonial societies, but the metropoles, supposedly, continue as before, unaffected by a history they imagine happened elsewhere.

Makarand Paranjape, InDiaspora

Imagens de Deli: Parliament Street

Desestabilizadores

In 2020 the average age in the EU will be 45, in India it will be 29. (daqui)

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Mayawati

É hilariante assistir aos discursos de Mayawati nos grandes comícios do BSP. Sempre que termina uma frase mais bombástica, ela ergue o seu braço direito e as massas respondem, de forma quase automática, com ruidosos aplausos.

De sari não vai ser fácil

On Sunday, a team of Washington Redskins cheerleaders landed in Bangalore to help create India’s first cheerleading squad. (daqui)

Imagens de Deli: Parliament Street

terça-feira, 15 de abril de 2008

Fragmentos da leitura

“The Sangh (Parivar) can be seen to capitalize on the Nehruvian absence of a cultural policy, mediating modernity for the small-town upper castes.”
Arvind Rajagopal, Politics after television: Hindu nationalism and the reshaping of the public in India, p. 260


Não arranjam um espacinho para a Europa?

In his inaugural address at the summit attended by leaders of 14 African countries and groups, Singh called for turning the 21st Century into a “century of Asia and Africa.” (daqui)

Desestabilizadores

Li ontem num jornal económico qualquer que há mais de 55 000 profissionais estrangeiros altamente qualificados a viver como expats na Índia.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Imagens de Deli: Parliament Street

Com ou sem ar condicionado?

PUNE: A wax museum, on the lines of Madame Tussauds in London, could become a tourist attraction along the scenic coastline of Konkan if Maharashtra Tourism Development Corporation’s ambitious plans (MTDC) materialise. (daqui)

Viju

Os vendedores ambulantes de gelados, com os seus pequenos triciclos frigoríficos coloridos e campainhas alegres, não costumam ser pessoas muito dadas a preocupações ambientais. Por isso, salvo em zonas mais turísticas ou desenvolvidas (como na zona circundante ao India Gate), nunca se fazem acompanhar dos legalmente obrigatórios contentores de lixo, em que o cliente deve colocar a embalagem do gelado consumido.

Aqui na minha zona residencial isto reflecte-se da seguinte forma: a poluição (papel colorido e paus de gelado espalhados pela rua) é tanta que permite aos residentes identificar onde o vendedor esteve por último e assim seguir-lhe o rasto.

Viju apareceu numa destas esquinas há talvez uma semana. Deve ter uns sete ou oito anos, mas a sua cara escurecida por anos de sol e violentas cicatrizes deixa adivinhar uma adolescência precoce. Veste-se como todos os outros pobres: uma enorme camisa XL, cinzenta e esfarrapada, cobre-o quase até aos joelhos, enquanto que a calça se encontra coberta por um masala de manchas.

Viju toma conta de um desses pequenos triciclos frigoríficos, é um vermelho, da Wall’s. Do seu interior gelado retira as delícias que empanturram de alegria as crianças limpas, bem-cheirosas e alegres que vivem nos prédios à volta.

Foi assim que eu reparei no Viju, nos primeiros dias em que passava por ele. Ontem, no entanto, parei para comprar um Cornetto Choco-Blast, daqueles grandes, dos mais caros, e as mãos de Viju desceram até ao fundo da arca, à procura de realizar o meu pedido, e acho que, por um breve momento, ele sorriu, quando finalmente encontrou o Cornetto Choco-Blast e me o entregou, orgulhoso. Quando lhe perguntei pelo seu nome, procurando estabelecer algum contacto humano, e lhe ofereci o generoso troco, a sua expressão facial voltou ao normal; ausente, introspectiva, resignada.

Foi então que, ao preparar-me para deitar a embalagem do gelado para o chão, testemunhei um momento especial. Viju exclama algo, atrai a minha atenção, e aponta para um pequeno contentor, vermelho também, convidando-me a depositar ali o papel do Cornetto Choco-Blast. Correspondi, hesitando: haverá alguma campanha ambiental em curso que eduque estes vendedores de gelados? Porquê este apelo, ainda por cima deste miúdo tímido?

Ao afastar-me rua acima, fintando motas, camiões, vacas e pedintes, a curiosidade obrigou-me a regressar e a observar Viju à distância. Um outro cliente tinha acabado de se afastar e surgiu um tempo morto, de espera, ao sol tórrido de Deli. Viju aproximou-se então do pequeno contentor de lixo para o qual tinha chamado a minha atenção. Retirou de lá a embalagem de papel que se ainda encontrava em melhor estado (evitando as rasgadas em várias peças) e muito cuidadosamente, com a ajuda de uma tesourinha, começou a recortá-la numa forma geométrica.

Já ao início da noite passei novamente por Viju e comprei outro gelado, só para observar as suas pequenas obras de arte de perto. Consegui lançar um olhar enquanto me aproximava, mas as pequenas árvores, casas e nuvens em papel desapareceram num instante no seu bolso XL.

Imagens de Deli: Parliament Street

sábado, 12 de abril de 2008

Fragmentos da leitura

“Oh Brother, do not fight in a war against the Chinese. Beware of the enemy. He should not deceptively instigate you to fight your Chinese brothers. The enemy splits brothers and makes them kill each other. The people of Hind, China and Turkey are real brothers. The enemy should not be allowed to besmirch their brotherhood.”
Poema em Ghadar ki Gunj, uma publicação circulada entre soldados e polícias indianos que se encontravam destacados na China, ao serviço dos britânicos, durante a Primeira Guerra Mundial. In Hindustan Ghadar Party: a Short History, 1977, p. 193

Imagens de Deli: Parliament Street

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Cruzamento

Que me lembre, fiquei há uns dias parado, pela primeira vez, no meio de um cruzamento no exacto momento em que os semáforos deixaram de funcionar.

Até em circunstâncias normais o cruzamento em questão, em R.K. Puram, é dos mais caóticos no Sul de Deli. Como me encontrava vestido a rigor para uma reunião, não me aventurei para fora do táxi, limitando-me a observar, do conforto do banco de trás e com lentes sociológicas, o monumental caos que se seguiu.

Não é difícil descrever o cenário: todos os veículos, de camiões, a autocarros, veículos ligeiros, riquexós, motas, motoretas, bicicletas, carrinhos de mão e até o pedinte que, de pernas amputadas, se movimenta com a ajuda de uma pequena plataforma com rodas, avançam na direcção desejada até tocarem num outro veículo.

Teoricamente, entre os segundos em que os semáforos falham e se atingir este cenário, há espaço e tempo suficiente para se chegar a uma solução consensual. Por exemplo, o autocarro poderia ter recuado para deixar o riquexó e o tractor passarem, para depois avançar, deixando assim uma enorme clareira que permitira que o trânsito escoasse numa das vias mais congestionadas. Etc.

Mas não. Avançam todos, cegados pelo interesse individual. Poucos segundo depois, como consequência deste capital social negativo, o cruzamento encontra-se transformado num imenso emaranhado de veículos empatados, sem a mínima margem de manobra. É o cúmulo, o fim, penso. Não há possibilidade de saírmos daqui até que chegue a polícia, talvez daqui a meia hora, mas até lá já terá irrompido uma enorme discussão e talvez pancadaria.

Observo: bastantes buzinadelas, nem um grito ou gesto ameaçador. Todos aguardam, expectantes e no conforto dos seus veículos. Segundos depois, surgem, no meio dos veículos, dois indivíduos. Um jovem sique saído do banco de trás de um Mercedes imponente, vestido a rigor, de fato escuro e turbante branco. E um miúdo, magricela, de tez escura, camisa esfarrapada, o bloco de bilhetes na mão denotando o seu estatuto de cobrador num dos autocarros.

Ambos começam a gesticular, a serpentear pelos breves interstícios que separam os veículos, a distribuir ordens: avança, recua, espera, para ali, para aqui! Não precisam de ameaçar: todos os outros motoristas parecem dispostos a concederem-lhes uma autoridade ilimitada. À distância, comunicam um com o outro com recurso à linguagem gestual e a um qualquer idioma e paradigma estratégico que parecem partilhar para solucionar o problema: o do sique talvez derivado da natureza marcial da sua religião; o do miúdo cobrador talvez derivado da sua experiência de domador de um gigante rodoviário.

Pouco menos de um minuto depois, os veículos encontram-se todos em movimento e o trânsito dissipa-se pelas avenidas circundantes. Viro-me e vejo o sique e o miúdo cobrador a entrarem para os seus respectivos veículos, sem no entanto se despedirem ou trocarem qualquer gesto de satisfação mútua. A vida continua.

Changing Cross-Himalayan Dynamics

A influente página de editorial e opinião do Hindustan Times de Domingo passado apresenta-se preenchida por quatro artigos, de quatro autores diferentes, todos obsessivamente dedicados à questão tibetana e às relações sino-indianas.

Imagens de Deli: Parliament Street

terça-feira, 8 de abril de 2008

Sons nocturnos, riquexó

Negociamos brevemente e entramos, ali para os lados do Khan Market, para um riquexó. A noite está amena e anuncia o Verão. Já são quase dez da noite e as avenidas, exaustas, começam a respirar o ar fresco do Lodhi Park.

O motorista arranca e manuseia o sintonizador de rádio, incorporado algures por trás do volante. E logo ecoam das colunas, rudes e rítmicos, os sons bhangra de Bollywood. As bandas sonoras dos filmes de sucesso mais recentes fazem-nos companhia até passarmos pelo INA Market e entrarmos para a Ring Road que, a esta hora ainda, apresenta uma imensa serpente de veículos em movimento, todos ansiosos por abandonarem o centro da cidade.

Noto agora que a estação de rádio sintonizada é a pública
All India Radio. Passa alguma publicidade, em hindi e inglês, seguido do noticiário anglófono das dez em ponto, com aquele estilo característico das suas locutoras, um raro sobrevivente da Índia de Nehru, da Deli dos anos cinquenta, cinzenta, não-alinhada, firme e segura. São estas as vozes radiofónicas que, em 1990, me faziam companhia, ao final da tarde, sentado na cozinha da nossa casa nas Fontainhas, com as chuvas lá fora, enquanto observava a nossa empregada a preparar o caril do dia seguinte.

Abandonamos a circular e terminam as notícias do dia. De repente, uma voz imponente, daquelas que em Portugal só ouvimos na Antena 2, anuncia o programa semanal de Western Classical Music: We shall open today with Tchaikovsky's Romeo and Juliet, subtitled Overture-Fantasy, at the request of a distinguished listener who called us from Shimla, Himachal Pradesh.
Here it is. A good night to you out there, listening to us, all over India and the world.

Imperturbável, o motorista continua a galgar ruas e avenidas, agora mais desertas. Das colunas ecoam os sons sinfónicos, majestosos, enquanto que o pequeno riquexó, verde e amarelo, cruza a brisa da noite. Nos cruzamentos a composição de Tchaikovsky é interrompida pelos sons de uma ou outra buzina, pelo arrancar de um pesado ou pelo cuspir de um ciclista, ali logo ao nosso lado.

Chegámos ao nosso bairro, escuro, adormecido, silencioso. Estamos agora em frente a nossa casa, pagámos, mas não nos afastamos: duvidamos, como que enfeitiçados pela música - terá o motorista deixado aqueles sons clássicos sintonizados só por nossa causa?

O triciclo motorizado faz um esforço para realizar a inversão de marcha na ruela apertada e arranca, leve. Já vai ali ao fundo, prestes a entrar na avenida, e ainda ouvimos os imponentes sons das tubas, dos baixos e dos tambores a ecoarem pela noite de Deli.

Imagens de Deli: Parliament Street

sábado, 5 de abril de 2008

Como (não) vender um livro

Zimler é um pouco como os portugueses do século XVI que tanto critica nos seus escritos: vem à Índia munido de muitas verdades, mas interessa-lhe o mercado. (Mas ele é um pouco mais patético: escreve e opina sobre a Índia antes de ter cá posto os pés). Uma coisa é acharmos que a história está mal contada e procurarmos revê-la de forma sóbria, séria e moderada. Outra é fixar uma ideia, cristalizá-la para além de qualquer introspecção crítica e vendê-la aos berros, tal e qual no mercado do peixe.

A vontade cega e obsessiva de Zimler em aparecer nos jornais, em vender os seus livros, espelha-se nas afirmações que faz e na linguagem que utiliza para veicular as suas opiniões: "I see the golden candlesticks in Catholic churches, I try to remember that all that wealth was made, in part, by murdering Indians in Goa".

Não esconde aliás a motivação pessoal por trás da sua ficção que se quer não-ficção (apresenta-se como sendo um historical novelist): "I wrote this book as my vengeance against the power-hungry Catholic priests who tortured and murdered Indians under their rule, who almost succeeded in wiping out all traces of Hinduism from Goa."

Eu até o percebo quando diz que "(w)hat I find horrible is that the Portuguese still speak of Goa as if it was the exotic, friendly capital of the spice trade". Também me preocupa e leva a fazer esforços para que isso mude, para que Portugal se reveja de forma mais crítica no espelho pós-colonial que é Goa. Mas "vingança", quatrocentos anos depois? Por favor, senhor Zimler, deixemos os senhores padres pecadores descansar em paz e olhemos, com mais preocupação, para os neo-missionários de hoje.

Esta entrevista, dada a um semanário lido pela classe média liberal e bem-pensante indiana, e já está, uns quantos milhares de exemplares vendidos, pensará talvez Zimler. Engana-se: qualquer indiano condena certamente o passado colonial português violento que assolou o subcontinente há quase meio milénio, mas celebra-o igualmente, porventura mais do que os próprios portugueses, constrangidos pelo white man’s burden. Pessoalmente, não me interessa a dicotomia celebrar/condenar: o desafio é transcendê-la e retirar lições construtivas para o já suficientemente tenso e volátil presente.

Assim, resta-me recomendar, muito sinceramente, o seguinte: por favor, recolha a sua corneta sensacionalista, senhor Zimler (pelo menos aqui na Índia). Se não, talvez um dia dará por si a soprá-la entre os que anseiam por novos pogroms.

Imagens de Deli: Parliament Street

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Agora já há terroristas pacifistas

...secret engagement between doves in the terrorist group and Atal Behari Vajpayee’s government. (daqui)

Imagens de Deli: Parliament Street

Aldrabando: Engraxadores e macacos

À atenção de quem se passeia pelo Connaught Circle, no centro de Deli. Enquanto serpenteia pela multidão um transeunte procura, de forma insistente, chamar a sua atenção, apontando para o seu sapato. Você procura ignorá-lo, lembrando-se dos conselhos amigos de prévios visitantes à Índia - nunca dar atenção a apelos não-solicitados no meio da rua.

Mas o jovem senhor continua a apontar insistentemente para o seu sapato e o olhar dele até parece genuíno e amável, pensará. Você baixa então o queixo e visualiza o seu sapato coberto por uma massa escura e mal-cheirosa que se assemelha a excremento animal. Horrorizado, desesperado, cruza novamente o seu olhar com o do transeunte, os seus olhos espelhando agora gratidão também, para além da habitual desconfiança.

O amável transeunte (geralmente um adolescente) mostra-se igualmente transtornado e, em inglês ou hindi assistido por linguagem gestual, aponta para as árvores que cobrem o passeio e dá a entender que a culpa é dos malditos monkeys que não sabem controlar os seus ímpetos naturais e que supostamente libertam excrementos enquanto que saltitam de árvore em árvore.

Aponta então para um engraxador que se encontra logo ali, à distância de uns metros - uma autêntica benção divina para si, que obviamente não está para dar boleia a merda de macaco durante o resto do dia. Que sorte, exclama para consigo, enquanto que o engraxador anuncia um preço inflacionado para a operação de limpeza (você só diz que sim, e pensa nem que fosse dez vezes mais), olha para cima e abana a cabeça, expressando assim uma profunda solidariedade humana para consigo.

É natural, tal como o sol e a lua, que é tudo uma operação muito bem montada entre dois aldrabões, geralmente pai (engraxador) e filho (transeunte). Este último deixa cair a merda para cima do seu sapato e passa depois novamente por si, avisando-o e orientando-o para o pai engraxador. É um episódio que eu testemunhei repetidamente em Connaught Place.

Nestes casos recomenda-se o seguinte: deixar que o engraxador limpe o sapato e depois recusar pagar e continuar. Muitos protestam de forma agressiva e virão a correr atrás de si, mas nesse caso basta responder de forma igualmente firme, ameaçando com a polícia - e desaparecerão imediatamente. Pode também pedir ajuda a um qualquer outro transeunte que certamente o ajudará se lhe explicar que foi vítima deste embuste.

Enquanto isso, aqui na Índia...

In keeping with the times, the new nikahnama prohibits the proclamation of triple talaq through SMS (short messaging service), e-mail, phone and videoconferencing. It also stipulates that talaq will be valid only if it goes through a mandatory period of three months to give the couple ample time to reconsider the issue.

Imagens de Deli: Parliament Street

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Mais uma vida indiana: João Queiroga

Não posso perguntar se se lembram, porque eu mesmo desconhecia. Mas o facto é que João Queiroga é, para grande parte da geração teen portuguesa, uma referência devido à sua participação na série Morangos com Açúcar. E o João está agora a estudar, durante um ano, no Mahindra United World College of India, perto de Puna.

Os estudos na Índia integram-se num plano de estudos distribuído por vários países e o Mahindra College é uma instituição desenhada especialmente para este intercâmbio, assemelhando-se mais a um colégio de elite do que a uma normal escola indiana. Mesmo assim, é muito bom saber que há pais portugueses que começam a olhar para e a confiar na Índia como uma mais-valia para a formação dos seus filhos.

E o blogue dele vai já ali para os ligações a outras vidas lusófonas da Índia. Boa sorte João!

Bangaloreanos em Deli

Um relato da visita a Deli dos dois estagiários do INOV-Contacto em Bangalore, Jaime e Zé Miguel, da perspectiva deste último. Inclui um breve relato sobre o mini-encontro lusófono que suscitou, reflectindo a crescente comunidade portuguesa por estas bandas.

Goa, de novo

Antunes Ferreira, na sua travessa habitual, conta-nos como foi a sua última viagem a Goa. Crónicas e histórias muito reais, mas com a ficção sempre bem presente. Por exemplo:

Sem pecado
Dona Umbelina morava nas Fontainhas. Na Rua do Natal. Uma casa apalaçada, de estilo colonial, como quase todo o bairro castiço. Uma espécie de Alfama de Panjim, só que plana. A maior subida da capital goesa dava para o Altinho e o resto era chão raso, bordejando o Mandovi e estendendo-se já muito para a outra margem. Porvorim, onde ficavam já os edifícios oficiais, a começar pela Assembleia. Mais

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E já odiavam o Paquistão

Who were the first Indians? And where did they come from?

Geneticists from the Madurai Kamaraj University claim they have found the answers in a small village called Jyothimanickam on the fringes of the Western Ghats, some 50 km from Madurai.

Thirteen people in this hamlet carry the gene ‘M130’ in their DNAs and researchers from the university claim their ancestors were the first ‘Indians’.