quarta-feira, 30 de abril de 2008

Quando o internacional passa a ocidental e vice-versa

Army: no ‘widespread’ abuse in Congo. NEW DELHI: Senior army officials here have cited a United Nations (U.N.) official to slam allegations of widespread abuse by Indian troops deployed on peacekeeping duty in Congo. ... allegations being aired by the western media were unsubstantiated and derived from questionable sources, they said.

Muito interessante, esta volatilidade com que a imprensa e as autoridades indianas se referem a notícias veiculadas pela imprensa estrangeira. Neste caso, uma investigação da BBC que deu conta do envolvimento de tropas de manutenção de paz paquistanesas e indianas em casos de corrupção, contrabando e abuso sexual, entre outros delitos, no Congo.

Independentemente da sua veracidade, é curioso como os militares indianos se referem às acusações como estando a ser "difundidas pelos media ocidentais", fazendo também uma clara alusão a eventuais interesses políticos e estratégicos de bastidores. Passa-se exactamente o oposto quando um qualquer pasquim norte-americano ou inglês dedica um dossier especial sobre um sector qualquer indiano emergente, muito colorido e simpático, cheio de dados e estatísticas (a maioria totalmente erradas).

De forma imediata, os dados e as estatísticas que mais interessam são apropriados pela imprensa indiana, que as estampa nas suas capas e horários nobres. Por ricochete, são depelos citados pelos responsáveis governamentais. O mais interessante é que, ao contrário desta notícia do Congo (vinda da BBC que, afinal, é um dos raros exemplos de comunicação social global), nestes casos o pasquim em questão passa a ser referido não como imprensa ocidental, mas internacional (international media), procurando assim hiperbolizar o impacto da notícia a nível global.

Um exemplo recente, muito interessante porque denunciado publicamente, foi o da Secretária de Estado para os Recursos Humanos, Senhora Purandeshwari que, perante o Parlamento, afirmou que os indianos representavam 36% dos cientistas da NASA, 34% dos empregados da Microsoft e 38% dos médicos nos EUA (números totalmente exagerados, pelo menos por enquanto...).

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