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Muito interessante, esta volatilidade com que a imprensa e as autoridades indianas se referem a notícias veiculadas pela imprensa estrangeira. Neste caso, uma investigação da BBC que deu conta do envolvimento de tropas de manutenção de paz paquistanesas e indianas em casos de corrupção, contrabando e abuso sexual, entre outros delitos, no Congo.
Independentemente da sua veracidade, é curioso como os militares indianos se referem às acusações como estando a ser "difundidas pelos media ocidentais", fazendo também uma clara alusão a eventuais interesses políticos e estratégicos de bastidores. Passa-se exactamente o oposto quando um qualquer pasquim norte-americano ou inglês dedica um dossier especial sobre um sector qualquer indiano emergente, muito colorido e simpático, cheio de dados e estatísticas (a maioria totalmente erradas).
De forma imediata, os dados e as estatísticas que mais interessam são apropriados pela imprensa indiana, que as estampa nas suas capas e horários nobres. Por ricochete, são depelos citados pelos responsáveis governamentais. O mais interessante é que, ao contrário desta notícia do Congo (vinda da BBC que, afinal, é um dos raros exemplos de comunicação social global), nestes casos o pasquim em questão passa a ser referido não como imprensa ocidental, mas internacional (international media), procurando assim hiperbolizar o impacto da notícia a nível global.
Um exemplo recente, muito interessante porque denunciado publicamente, foi o da Secretária de Estado para os Recursos Humanos, Senhora Purandeshwari que, perante o Parlamento, afirmou que os indianos representavam 36% dos cientistas da NASA, 34% dos empregados da Microsoft e 38% dos médicos nos EUA (números totalmente exagerados, pelo menos por enquanto...).
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