Aqui e acolá, timidamente, assiste-se à emergência de um discurso liberal mais confiante e normalizado na Índia. O discurso liberal indiano, na minha opinião, não inclui automaticamente todos os que se opõe e denunciam o nacionalismo hindu e os extremismos étnico-religiosos que proliferam pelo país. Isso significa que eu não incluo pessoas como Arundhati Roy nesta ala liberal, nem o imenso movimento comunista e de Esquerda (partidarizado, ou não). Têm um papel determinante na defesa de democracia liberal, mas não me parecem ser liberais, pelo menos no sentido puro da palavra.
A ala liberal a que eu me refiro, tímida e ressurgente (porque chegou a respirar intelectualmente nos anos sessenta), encontra-se, por exemplo na semana passada, na voz de Ramachandra Guha e de Vir Sanghvi.
O primeiro, numa entrevista ao semanário Tehelka, sobre o seu interessante livro India After Gandhi, refere que "Before the Left achieved ascendancy, there was a strong school of liberal intellectuals, nurtured by the national movement. People like DR Gadgil, MN Srinivas, Rajni Kothari, André Béteille" e assume-se repetidamente, como um "liberal constitutionalist", eu destacando duas afirmações que me parecem muito importantes neste contexto liberal:
"I prefer an elegant, understated style. Arguments must not be made by hyperbole — one person dies in a shooting and you call it Jallianwala Bagh; dams are like nuclear weapons — that’s hyperbole. I have a distaste for that"
"You have a debate on globalisation, you will have Vandana Shiva on one side and Gurcharan Das on the other — what are you going to get out of it? You and I will not be there in a debate on secularism, there will be a mullah and Pravin Togadia. Complex problems require nuanced understanding and debate, you are not going to get that in a theatre of extremes and exaggerations"
A urgência com que a moderação é reivindicada por Guha assume, na minha opinião, a explicação pela qual ele se define como um liberal. É assim que se compreende também o excelente texto que Vir Sanghvi assinou no Hindustan Times de Domingo passado, comentando as crescentes ameaças extremistas, especialmente por parte do nacionalismo hindu, à liberdade de expressão artística:
"If you want to take a liberal stand on this issue, then there is only one position that you can take and still remain ideologically consistent: every artist is free to paint any religious figure he likes, in any form or activity of his choice. If that means copulating Hindu gods, joyous portraits of the Prophet or Jesus Christ engaged in deviant activity –– well then, that’s just too bad. Once you accept the principle of artistic freedom of exhibition, then you have to extend it to every religion and to every kind of painting or artistic representation. Personally, I am quite willing to take this position".
Será interessante observar de que forma o sempre expectante complexo partidário indiano procurará e saberá, ou não, dar voz a estas embrionárias vozes liberais, concentradas nos espaços urbanos, especialmente nos focos mais cosmopolitas e ocidentalizados da classe média.
A ala liberal a que eu me refiro, tímida e ressurgente (porque chegou a respirar intelectualmente nos anos sessenta), encontra-se, por exemplo na semana passada, na voz de Ramachandra Guha e de Vir Sanghvi.
O primeiro, numa entrevista ao semanário Tehelka, sobre o seu interessante livro India After Gandhi, refere que "Before the Left achieved ascendancy, there was a strong school of liberal intellectuals, nurtured by the national movement. People like DR Gadgil, MN Srinivas, Rajni Kothari, André Béteille" e assume-se repetidamente, como um "liberal constitutionalist", eu destacando duas afirmações que me parecem muito importantes neste contexto liberal:
"I prefer an elegant, understated style. Arguments must not be made by hyperbole — one person dies in a shooting and you call it Jallianwala Bagh; dams are like nuclear weapons — that’s hyperbole. I have a distaste for that"
"You have a debate on globalisation, you will have Vandana Shiva on one side and Gurcharan Das on the other — what are you going to get out of it? You and I will not be there in a debate on secularism, there will be a mullah and Pravin Togadia. Complex problems require nuanced understanding and debate, you are not going to get that in a theatre of extremes and exaggerations"
A urgência com que a moderação é reivindicada por Guha assume, na minha opinião, a explicação pela qual ele se define como um liberal. É assim que se compreende também o excelente texto que Vir Sanghvi assinou no Hindustan Times de Domingo passado, comentando as crescentes ameaças extremistas, especialmente por parte do nacionalismo hindu, à liberdade de expressão artística:
"If you want to take a liberal stand on this issue, then there is only one position that you can take and still remain ideologically consistent: every artist is free to paint any religious figure he likes, in any form or activity of his choice. If that means copulating Hindu gods, joyous portraits of the Prophet or Jesus Christ engaged in deviant activity –– well then, that’s just too bad. Once you accept the principle of artistic freedom of exhibition, then you have to extend it to every religion and to every kind of painting or artistic representation. Personally, I am quite willing to take this position".
Será interessante observar de que forma o sempre expectante complexo partidário indiano procurará e saberá, ou não, dar voz a estas embrionárias vozes liberais, concentradas nos espaços urbanos, especialmente nos focos mais cosmopolitas e ocidentalizados da classe média.
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