Liga-me ontem alguém da Foreign Students' Association: "ligou alguém a perguntar pelo teu contacto, mas não fala inglês".
24 horas depois, encontro-me com o Juvenal Cabral, jornalista da Televisão Pública da Guiné-Bissau, frequentando um curso livre sobre jornalismo no Indian Institute of Mass Communication (vizinho à minha universidade). Na Embaixada da Índia, em Dakar, tinham-lhe prometido que iria ter tradutor à disposição, mas, uma vez chegado a Nova Deli, deparou-se com uma terrível barreira linguística: o curso inteiro ministrado em inglês e ele reduzido à língua de Camões. E quatro longos meses indianos e anglófonos à sua frente, longe da mulher e dos filhos.
Sem representação diplomática guineense em Deli, soube pela nossa Embaixada da minha presença e, por via de mais duas ou três coincidências, conseguiu ligar-me. Estava a passar um mau bocado, disse-me. Um passeio pela minha universidade, um chá, umas apresentações a demais estudantes estrangeiros e, acima de tudo, uma bela conversa lusófona e benfiquista, fizeram toda a diferença. Para mim também, foi um prazer redescobrir a África lusófona aqui em Deli, depois dos dois fraternais anos passados em coabitação com o Chacate, de Moçambique.
Entre um "sinto saudades da minha terra" e um "obrigado, hoje já me sinto mais desanuviado", despedi-me e ficou combinado um almoço (bacalhau, é claro) em minha casa. Já iniciava eu a aceleração da minha vespa quando o Juvenal exclama, mãos no ar: "avisa o nosso resultado amanhã, ok?".
Fui fundador de uma associação de ajuda ao estudante estrangeiro na minha universidade em Lisboa. Realmente faz a diferença ter alguém que nos ajude nos primeiros passos numa nova realidade... Quando trabalhei na Polonia, felizmente tive outro "Constantino" que me ajudou. Quem vem "de fora" vê tudo de forma diferente. Pode ser estranho, mas conheci muito de Portugal e de uma forma totalmente diferente através dos estudantes estrangeiros, e a riqueza das experiências conseguidas através desses contactos não têm preço.
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