quinta-feira, 2 de novembro de 2006

Aldrabando: Bagageira de táxi

É um clássico raro, mas não deixa de acontecer, pelo que ainda oiço de relatos de outros turistas (indianos incluídos). Chega-se ao aeroporto ou à estação de comboio e apanha-se um táxi. Põem-se as malas na bagageira e senta-se, exausto, no banco de trás do carro. A viagem decorre normalmente. Normalmente de mais, começa-se a desconfiar. Então, já à chegada, resolve-se o mistério: como que por milagre, depois de pagar o devido ao taxista, abre-se a bagageira e, tal e qual Houdini, ela está vazia! Nada de malas, nada de nada. E o taxista só abana a cabeça, o seu parco inglês desaparece e passa a fluente hindi surpreendido e o assunto está, muitas vezes, arrumado. Como provar? E, afinal, o quê provar?

A chave está em duas estratégias. Logo à partida, enquanto que já se encontra sentado no carro e o motorista finge tentar fechar a bagageira, o carro é aliviado da sua luxuosa mercadoria, passada para as mãos de um compincha. Sem o perceber, portanto, as malas nunca viajaram consigo. Uma segunda opção é mais sofisticada, mais rara ainda, mas executada com sucesso, pelo menos algumas vezes, em Bombaim: tudo previamente combinado, o compincha aproxima-se por detrás do táxi, enquanto que este aguarda num cruzamento ermo pelo sinal verde, e, o mais silenciosamente possível, retira a mercadoria para a beira da estrada ou para um outro veículo.

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