Mas o macaco estaria de volta, mais cedo do que pensava. De tarde estou sozinho em casa, com uma amiga (mais detalhes sobre isto mais tarde). Eu estou sentado ao computador, ela sentada a ler na cama. A porta está entreaberta. Sim, ele entra pacamente pela porta, olha-nos, está a uns dois metros, vira-se, e tão rapidamente como aparece, desaparece. O macaco.
Olho para ela e chega para saber que ainda estou são mentalmente. Saio que nem uma flecha e - agora já conheço o know-how deste criminoso - olho para o telhado dos vizinhos onde ele se encontra já plantado, olhando-me. Não o vou deixar escapar. A minha ingenuidade ocidental vem ao de cima e subo para o nosso telhado. Vou afugentá-lo para ele não voltar mais. Pego em duas pedras e atiro.
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Ela não desce, depois desce lentamente porque a empurro. Ele aproxima-se. Está a um metro e meio quando eu decido saltar, porque não posso descer pela escada. Salto e bato com o joelho no chão – dor. O macaco fica no telhado, na margem, a boquinha abre-se perigosamente mostrando os dentes afiadinhos. A minha amiga refugia-se no quarto e fecha a porta – eu pego numa vassoura. Com o cabo dela inicio o combate mais feroz que alguma vez tive. O macaco rodeia o terraço, ameaça saltar para cima de mim (tem a vantagem de estar no telhado e eu encurralado num vale). Salta para cima dos tanques de água.
Eu ataco com o pau, dou-lhe umas pancadas – talvez pouco violentas porque estava intimidado. A cada batida ele responde com mais agressividade ainda. Contra-ataca, em vez de se defender. Afinal, é um animal. Por detrás, os berros e gritos da minha amiga. São longos segundos em que o meu medo atrai o macaco.
Toca a campainha. Por momentos penso em reforços e assusto-me. Mas oiço a voz do Chacate. Reforços humanos, portanto. Cuidadosamente, com o cabo da vassoura em riste, desloco-me para a porta e abro-a. Ele entra e, ingenuamente, com uma enorme calma, atravessa o terraço. Refugio-me por detrás dele e vamos para a cozinha onde lhe explico o que se passa. Do topo da porta, continuam as investidas.
O Chacate – afinal vem de Moçambique – compreende logo que isto se trata de uma clássica luta entre humano e animal e com uma calma surpreendente diz O gajo tá mas é à minha procura e manda uma grande gargalhada tão descontextualizada mas tão reconfortante. Vou mas é buscar água a ver se ele foge. Enquanto o macacaco continua a ameaçar saltar para cima de mim e arrancar-me os olhos e infectar-me com ébola e eu o castigo com excitadoras bastonadas, oiço água a correr na casa-de-banho. Chacate volta e vejo-o segurando um pequenino baldinho – do tamanho de uma grande lata de cerveja. Não faz ideia que o demónio não se afugenta com uns pingos de água.
As investidas começam a rarear. O macaco desaparece. Mas não nos aventuramos a sair, ele pode estar à espera de saltar. Vamos ver televisão.
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