Num país tão grande como o é a Índia, com 1030 milhões de pessoas, compreendo que haja dificuldade em saber com precisão, a cada momento, onde cada vivalma se situa. Ou apurar as décimas e as centésimas do crescimento demográfico, das taxas de natalidade ou da alfabetização.
O que, no entanto, mais me faz estranhar, é um curioso desaparecimento de, nada mais nada menos do que... uns 300 milhões de indianos. Os media internacionais, bem como os parcos livros publicados sobre a Índia contemporânea no estrangeiro, costumam, quase sempre, focar dois fenómenos socio-económicos quando analisam a demografia do país.
Primeiro, fazem referência à “gigante” classe média indiana que estimam normalmente situar-se entre os 300 e os 400 milhões de indivíduos. Referem-se a este estrato social como sendo o “motor” do crescimento económico, o banco de votos preferencial dos nacionalistas hindus do BJP e o símbolo da emergência de uma “nova Índia”, urbana e moderna, consumista.
Depois, na linha do “há sempre um lado oposto por explorar na Índia”, apoiam-se em estatísticas para falar dos que são “excluídos” pelas reformas económicas, a Índia das vozes empobrecidas, miseráveis e famintas, estimando haver, novamente, 300 a 400 milhões de pessoas a viver abaixo do limar da pobreza.
Ora, no melhor dos casos, faltam-nos aqui umas 230 milhões de pessoas. No pior, 430 milhões. Pergunto-me onde estarão estes indianos? A Índia merece um pouco mais de atenção. Não deixem escapar três ou quatro centenas de milhões, se faz favor. Talvez venham a fazer uma diferença considerável.
interessante esta análise...
ResponderEliminarOnde estarão eles, do lado de lá ou do lado de cá, abaixo ou acima do limiar da pobreza?
a diferença reside aí, num país como a India...