Estou a preparar um trabalho sobre a transformação do conceito indiano Swaraj (equivalente a auto-determinação ou independência) ao longo das primeiras décadas do século XX. Cubro o período 1906-1947, desde que foi primeiramente utilizado no discurso político do movimento nacionalista indiano, numa conferência do Partido do Congresso em Calcutá, até à data da independência.
Swami Dayanand, Tilak, Dadabhai Naoroji, Motilal Nehru.
Vagueando por entre as poeirentas prateleiras da minha biblioteca, lendo e folheando as velhas páginas de papel amarelecido, deparo-me com a imensa vastidão, em termos quantitativos e qualitativos, de grandes pensadores indianos. Editores, activistas, oradores, advogados, filósofos, religiosos: Há de tudo, une-os uma excelência devota à independência, uma capacidade crítica tremenda, uma relação franca e íntima com as massas populares.
M. G. Ranade, Tagore, Gandhi, M. A. Kalam Azad.
Há, claro, várias interpretações do conceito (o meu estudo versa justamente sobre essas disparidades) e várias correntes ideológicas. Mas o que mais me tem impressionado é o seu profundo conhecimento da civilização ocidental, a sua versatilidade na língua inglesa, as suas viagens pelo mundo inteiro, do Japão aos Estados Unidos. E, mesmo assim, a sua profunda dedicação e conhecimento da causa indiana, das particularidades do seu próprio contexto, levando-os a passar longos, às vezes infinitos, anos a apodrecer nas prisões.
Savarkar, Gokhale, Lajpat Rai, Bipin Chandra Pal.
E, claro, pus-me a duvidar: teve naquele período (porque depois disso, é óbvio que não) Portugal pensadores e homens deste calibre? Mais: tivemos, ao longo de todo o último milénio, pensadores e homens deste calibre? Sim, Portugal é um país pequeno e a Índia talvez uma civilização. Mesmo assim, às vezes é bom sair do armário e duvidar e questionar um pouquinho.
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