Tudo começou quando, nas minhas leituras matinais, me deparei no Times of India com uma afirmação de um qualquer funcionário de uma multinacional do sector da aviação comercial. Comentando o episódio em que um avião da norte-americana Northwest Airlines interrompeu o seu percurso Amesterdão-Bombaim e foi escoltado de volta por caças F16 para a Holanda, por suposta ameaça terrorista, o sujeito diz que "isto são coisas que acontecem quando pessoas não-sofisticadas começam a voar".
Basicamente, o pessoal de bordo e os "marshalls" à paisana, avisaram o capitão que havia "sujeitos suspeitos muçulmanos" a trocarem de lugar sem autorização, a trocarem entre si sacos e telemóveis (um deles chegou a soar no momento de descolagem). Aqui está, portanto, a "não-sofisticação" que levou caças holandeses a descolar, um avião inteiro a dar meia-volta e doze indianos a serem detidos, revistados e interrogados. Entretanto, os "não-sofisticados" já chegaram à Índia e aos seus lares nos subúrbios de Bombaim, estando mais do que provado que são tão terroristas como Jesus Cristo. Afinal, onde é que está a sofisticação toda?
A história lembra-me um "cartoon" num jornal indiano. Aludindo ao facto de as novas companhias aéreas de custo reduzido estarem a revolucionar o sector de transportes na Índia e possibilitarem mais e mais pessoas a optar pela via aérea, vêem-se dois sujeitos sentados lado a lado num avião. O primeiro, um homem de classe alta, bem vestido, com pasta de negócios por debaixo do braço, confortavelmente instalado. O segundo, um homem de classe baixa, mal vestido, com a trouxa por cima do ombro, pouco à-vontade. Exclama o rico, do alto da sua suposta superioridade e cheio de escárnio : "Da próxima vez vou mas é de comboio!".
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