quinta-feira, 25 de maio de 2006

Terceira Passagem para a Índia

Excerto da minha terceira contribuição para a revista Atlântico. Crónica completa na edição em papel, hoje nas bancas e nas caixas de correio dos assinantes.

PASSAGEM PARA A ÍNDIA
CONSTANTINO XAVIER EM NOVA DELI

NEO-ORIENTALISMO

Jonas não é só um jovem sueco que percorre as ruas de Jaisalmer,nas profundezas do deserto do Rajastão, entoando cânticos religiosos hindus. É também um símbolo do modo como os países ocidentais olham para a Índia, com um complexo de identidade

Pessoas como Jonas procuram a Índia como um refúgio - uma fuga da família, dos fiordes, mas também da democracia, da igualdade, da modernidade. Jonas vem à procura de uma Índia que
não existe para tentar escapar à sua própria existência. A mesma lógica reina nos movimentos alter-globalização e em certos círculos intelectuais ocidentais. Na sua óptica, o Oriente (ou o não-
Ocidente) representa tudo de bom, tudo o que falta ao Ocidente. A Índia, em particular, representa o genuíno, o autêntico e encarna os valores tradicionais e a espiritualidade. O contraste é tremendo com o Ocidente: este supostamente representa o materialismo, a artificialidade e a falsidade, e tudo o demais considerado negativo. (...) Se há três décadas Edward Said definia o Orientalismo como um instrumento legitimador do colonialismo europeu, hoje em dia, os neo-orientalistas ocidentais vêem-no como uma forma de auto-colonização.

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