sexta-feira, 12 de maio de 2006

Diplomacias

Nova Deli é de momento um dos melhores locais para fazer estudos de caso comparativos sobre as variantes e diferenças entre várias políticas externas. O caso mais gritante é uma comparação mediática entre o embaixador francês e seu compatriota norte-americano.

Dominique Girard, o alto representante francês, é presença frequente nas páginas dos jornais. Em especial as revistas cor de rosa e as colunas sociais. Lá aparece ele frequentemente a inaugurar uma prova de vinhos, um ciclo de cinema, uma mostra de iluminuras ou um novo programa de intercâmbio para estilistas. Está lá sempre, com o laço ao pescoço, acompanhado da mulher, empunhando um copito de champanhe e sorridente como se o mundo fosse o avatar material da felicidade.

David Mulford, ao contrário, é homem quase desconhecido por estas bandas. Quase, porque de vez em quando a comunicação social lá consegue pescar uma frase dele, uma nota de rodapé de uma palestra dele, ou um detalhe que alguém soube por via alguém que ele disse quase de certeza. Essas frases são obviamente bombásticas e abrem a actualidade. Mas parece-me que estes “lapsos” não são tão involuntários assim. Acredito que as supostas “fugas de informação” e as afirmações à imprensa mais apimentadas de Mulford (por exemplo, quando interfere directamente nos assuntos internos, ou propõe mesmo recomendações de política externa aos indianos), são fruto de um agenda cuidadosa e meticulosamente preparada e gerida. Isso integra depois, às vezes, um pedido de desculpas oficial que, no entanto, em nada reduz o impacto do que foi dito. Alguma população poderá aceitar e acreditar que foi uma “má interpretação” ou uma “descontextualização”, mas, quem sabe, sabe que o homem passou a mensagem.

Mas voltemos ao contraste: enquanto da boca do embaixador francês pouca coisa sai sobre a real política e economia, para além da balela multilateral, multipolar e multicultiral do costume, o embaixador norte-americano, quando fala (raramente), parte a louça e abre o debate. Obviamente, num país em que a esquerda primordial ainda tem força considerável, percebe-se o alarido. É, por isso, fascinante compreender as diferentes e mesmo antagónicas lógicas que guiam a diplomacia francesa e norte-americana por estas bandas.

2 comentários:

  1. era uma criançaaaaa
    vivia na esperançaaaaaaa
    queria ir páaa françaaaa

    fui lá q te vi
    fui ver o rally
    e aí te conheciiiiiiii

    ó constantino dá-me a tua mãaaoo
    e eu dou-te o meu melãooo

    deixa estar fica praaa depoisss
    vamos emboraaa práaa fránçaa os doiss

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  2. É impressão minha ou aí "esquerda" e "direita" são coisa importadas, tipo marcas, ou melhor, brasões monarquicos que dão jeito e se usam? Assim como na china...

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