PASSAGEM PARA A ÍNDIA
CONSTANTINO XAVIER EM NOVA DELI
MUITA CONFIANÇA
Não se deve conceber a Índia simplesmente como um natural aliado democrático e amigo do Ocidente. Nova Deli namora ao mesmo tempo Washington, Moscovo, Teerão e Pequim. A estratégia é a longo prazo."Rajiv é filho de um casal que emigrou dos famintos planaltos indostânicos para os subúrbios de Nova Deli. Na cidade, o ganha-pão da família dependia das pernas do pai, paquete numa repartição pública, e das mãos da mãe, empregada de limpeza. Um dia, ao voltar da escola, Rajiv viu numa papelaria o livro “Teach yourself English in seven days”. Hesitou, mas confiou no dono, que lhe disse que bastavam 900 palavras para dominar a língua. Afinal, pensou, a um ritmo de aprendizagem de 30 palavras novas por dia, seria daqui a três meses fluente na língua de todos os sonhos. Hoje Rajiv é engenheiro informático na Califórnia, vive num apartamento à beira-mar, e tem três televisões, dois frigoríficos, um carro e uma mota. São estes os minúsculos épicos que movimentam a sociedade indiana contemporânea." (excerto)
É a minha segunda Passagem para a Índia no projecto jornalístico e mediático mais interessante do Portugal actual. Ideologicamente aberto e arejado mas sempre acutilante. A secção "Correspondentes de Guerra" é prova disso, rasgando novos horizontes e reabrindo Portugal ao mundo - o de hoje. Parabéns, em especial, ao seu director, o Paulo Pinto Mascarenhas. O projecto contraria a velhice do Restelo que domina esse rectângulo à beira-mar plantado: Portugal está tremendamente atrasado na corrida ao Oriente.
Mais de quinhentos anos depois de termos sido os primeiros a marcar presença nas costas asiáticas, somos hoje os primeiros a primar pela ausência numa das mais importantes capitais diplomáticas do mundo - Nova Deli - e provavelmente os únicos a insistir em ignorar, negar ou simplesmente minimizar as transformações tectónicas a Norte e a Sul dos Himalaias. Felizmente há umas raras ilhotas de excelência lusas que pensam diferentemente. A Revista Atlântico é uma delas.
O número 14 está agora à venda perto de vós, nos bons quiosques, e longe de mim.
A grande pergunta que se poe acerca da tua estancia na índia é: já montaste num elefante ou nao?
ResponderEliminaralberto caeiro
ps: lembro-me de falares de elefantes há muitos meses atrás, mas nao sei se tinhas estado em cima de um dos ditos cujos ou nao...
Também acho que é triste, principalmente atendendo ao nosso passado, que não tehamos mais intercâmbio com essa potencia emergente gigantesca.
ResponderEliminarParabéns por ser mais uma ponte...
Já agora: quem es tu? e o que fazes aí?
(se for indiscreto peço desculpa)
Caeiro-Latapy:
ResponderEliminarSim, já montei um dos ditos cujos, em 2002, tal como a maioria dos turistas que visitam Amber, um palacete histórico perto de Jaipur, no Rajastão. Mas o animal era muito lento e foi ultrapassado por um seu compatriota que levava quatro balofos britânicos em cima.
António:
Indiscreto é vocês estarem a ler esta minha vida em Deli! Tens o meu profile para mais informações. Basicamente, um indiscreto à procura de uma niche de merchado estratégica e potencial. Encontrei-a na Índia e vou-me entretendo também com as minhas outras vidas (ver coluna à direita). Estou cá há dois anos, e estou em vias de renovação de contrato.