sábado, 2 de fevereiro de 2008

A vala e o pedregulho

Numa avenida muito movimentada, aqui perto, abriram recentemente uma pequena vala. Num dos sentidos ela cruza ambas as vias, portanto sem hipótese de ser contornada. Foi depois tapada de forma medíocre, com algum entulho, à espera que o departamento de obras públicas se lembrasse de alcatroar o trecho de novo. É óbvio que este não apareceu durante semanas.

O desnível foi piorando até praticamente obrigar os condutores a pararem - se não o fizessem, não só danificariam a suspensão das suas viaturas, como provavelmente perderiam uma das rodas. A vala lá ia ganhando em profundidade, embarcando numa autêntica viagem ao centro da terra. E todos os dias, repetiam-se os acidentes e alinhavam-se os carros avariados - certamente os condutores novatos que passavam pela primeira vez por aquela avenida, ou algum mais distraído.

Confrontado e transtornado com a inacção das autoridades públicas, algum morador da redondeza ou algum condutor acidentado, passou à acção. Na ausência de qualquer sinalização de aviso, improvisou e colocou, no meio de uma das duas vias e em cima da vala, um enorme pedregulho. Deste modo, os condutores desprevenidos seriam avisados do perigo à distância.

Mas não é o pedregulho no meio da avenida um enorme perigo, exclamei em interrogação, enquanto que desviava, à tangente, a minha motinha daquele colosso. Pensei e lembrei-me que o responsável pela sua colocação, responder-me-ia da seguinte forma, indo-lógica: "Oiça lá seu estrangeiro armado em indiano, não me venha dar lições técnicas. Sem o pedregulho os condutores lixavam a suspensão e uma ou outra roda, enquanto que assim , no pior dos casos, é só chapa."

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