sábado, 29 de dezembro de 2007
Desestabilizadores
India currently produces approximately 2.45 million graduates every year out of which 200,000 are engineers, 73,000 IT professionals, 117,000 medical doctors and 40,000 MBAs.
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Cruzamento
Pede-me vinte. Entrego trinta, já está o sinal verde e os motores arrancam. Oiço ainda um grito sufocado. Uma exclamação. Um insulto ou apelo? Olho e percebo, tarde de mais. Tenho não um, mas dois barretes natalícios.
sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
Comendo em Deli: Lodhi Garden Restaurant
O melhor é mesmo o verdejante jardim com iluminação romântica e pequenas tendas (infelizmente só para dois - grupos maiores têm que comer no interior, ou no apertado terraço do primeiro andar). Programação musical do melhor, com djs convidados e lounge music todas as noites, para além de ocasionais concertos ao vivo (recentemente, os Olive Tree, de Portugal). Atenção aos mosquitos. E à polícia, que aparece quando a música se prolonga pela noite e os vizinhos milionários se queixam.
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quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
Carteiro
"Christmas", diz-me, sorridente. Silêncio. Repete. Percebo. Entrego-lhe uma nota de 50 Rupias: "Happy New Year". E vou continuar a receber o correio.
Natal em Deli
A habitual arrumação geral, juntando roupa velha e tralha diversa acumulada ao longo de um ano. Começo a travar e já estão uns dez miúdos à nossa volta, agarrando os sacos, batendo-nos na mão. Duas meninas, uma de bebé ao colo, envolvem-se numa luta. Arranco e páro um pouco mais à frente, para observar. Um dos miúdos retira uma luva e sorri, mas já se aproxima um maior. Arranco.
Decoração natalícia. Estrela iluminada, no meio da escadaria (mais giro), ou por cima da porta de entrada (menos ofensivo)? Os tempos são nacionalistas, optamos pela moderação e rejeitamos algo potencialmente provocador para os vizinhos. No interior, árvore de natal. Artificial, é claro. E sem presépio.
Tradição, religiosa? Missa na Sacred Heart Cathedral, ali logo ao lado da Gurudwara Bangla Sahib. Desta vez matinal, mesmo assim outra vez na tenda pouco atmosférica. Muitos brancos, visivelmente horrorizados: as sagradas vozes do coro são acompanhado por batidas e sons psicadélicos trance e pop do synthesizer, enquanto que as pessoas entram e saem e atendem o telemóvel, em clima de feira. Pseudo-beijinho no muito cuspido joelho do menino Jesus.
Almoço na sala: dois portugueses, uma indiana do Dubai, uma tailandesa, um caxemire , uma americana , um goês, um nigeriano e um japonês. Bacalhau, seguido de thai green curry. Depois, troca de presentes (no valor máximo de 2 Euros), acompanhada de bolos, doces e de um delicioso Vinho do Porto.
domingo, 23 de dezembro de 2007
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Índia registada
Dr. B.R. Ambedkar, Chairman, Drafting Committee, em defesa do artigo 84(c) da Constituição Indiana, algures em finais da década de quarenta do século passado. Vinda de quem vem, o insuspeito defensor da igualdade democrática e dos intocáveis dálitas (que acusava Gandhi de condescendência e paternalismo), é uma afirmação demonstrativa do profundo sentido de missão que guiava a elite política indiana pré- e pós-Independência. A política era (e é ainda, em grande medida) reservada aos iluminados, ou seja, formados em colégios e universidades britânicas e/ou latifundiários e industrialistas.
Tal como os orientalistas do século XIX, estes favorecidos "descobriram" a Índia. Literalmente, no caso de Nehru. Ou melhor, descobriram uma certa Índia, espelho das suas ansiedades identitárias e reflexo da sua mundivivência ocidentalizada. Daí resultou uma Índia particular, a Índia de hoje, tal como a conhecemos e reconhecemos, acidente da História. A Índia como ideia, mas também (mais e mais) nação. E as ideias, tal como as invenções e descobertas, são normalmente registadas.
sábado, 22 de dezembro de 2007
Desestabilizadores
Goan Diaspora, the Home and the Host
Seminar evaluates role and importance of Goan Diaspora
The relations of the Goan Diaspora to its respective host countries, as well as to homeland Goa were the focus of attention of scholars, policy-makers, Goans residing in the capital city and other interested in the day-long seminar organised by the local Goan association “Goenkarancho Ekvot”, last weekend, at the India International Centre, New Delhi.
The morning session addressed the “Place of the Goan Diaspora in the making of Contemporary Goa”. While Julio Ribeiro, former ex-Commissioner for Police, resuscitated memories of past Goan life in Mumbai and the importance of the “kuds” as social and political meeting points, reputed architect and writer Pramod Kale discussed how Gulf Goans are represented in “tiatr”. D H Panandiker, former Secretary General of FICCI, made a detailed presentation on the role remittances from the Diaspora play in the economic development of
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sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
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Desestabilizadores
Desestabilizadores
A Time Out Mumbai foi lançada em 2004.
A Time Out Delhi existe há quase um ano.
A Time Out Lisboa foi lançada este mês.
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
UE/Índia: Europa promove abertura e multiculturalidade na Índia - investigador (RTP/Lusa)
Presidência UE
Lisboa, 29 Nov (Lusa) - A Comissão Europeia tem feito um grande esforço de promoção na Índia de uma Europa unida e multicultural, afirmou à agência Lusa o investigador português Constantino Xavier, a viver em Nova Deli.
Nas vésperas da cimeira UE-Índia, em Nova Deli, no âmbito da presidência portuguesa da União Europeia, este investigador, especializado em relações internacionais entre Europa e Índia, sublinhou a "forte promoção" de uma mensagem de Europa unida por parte da Comissão Europeia naquela república."Os indianos têm uma grande dificuldade em compreender a ideia do que é a União Europeia, se é um continente, uma organização, e vêem uma Europa fechada, conservadora, rica e velha", referiu Constantino Xavier.
No entanto, as instâncias europeias tentam mostrar o que é a Europa ao nível dos direitos humanos, da democracia, da excelência tecnológica, de que é "uma Europa aberta", referiu.
A nível institucional, as relações culturais passam pelo trabalho da delegação da Comissão Europeia na Índia e pelos diferentes institutos de promoção de cultura no país, como o Instituto Camões, o Goethe Institute ou o British Council.
Por seu turno, relata Constantino Xavier, as autoridades indianas têm programas de cooperação com a Europa ao nível cultural e educacional, com a atribuição de bolsas de estudo a estudantes indianos em países europeus.
"Apesar das barreiras que existem entre ambos, há uma nova geração cá que se revê na Europa, no seu ambiente cosmopolita", comentou o investigador, actualmente a terminar o mestrado em Nova Deli.
"Ambos têm em comum a diversidade cultural. Não nos podemos esquecer de que na Índia há 30 línguas oficiais e centenas de dialectos e a União Europeia têm 27 países com a sua própria existência cultural", recorda Constantino Xavier.
"Os indianos acham que chegou a vez da Índia, mas perceberam que, no caso da Europa, ainda não têm representações oficiais em questões importantes como as questões climáticas ou culturais", opinou o estudioso.
A antecipar a cimeira UE-Índia, a reunião dos chefes de Estado e de Governo agendada para dia 30 em Nova Deli, esta cidade acolhe uma semana cultural europeia que incluirá, entre outros eventos, uma exposição sobre o arquitecto Álvaro Siza Vieira que o primeiro-ministro José Sócrates inaugurará.
SS.
Lusa/Fim
Cenouras para a Birmânia (Atlântico)
Constantino Xavier em Nova Deli
CENOURAS PARA A BIRMÂNIA
(...) Mas o consenso indiano é forte: a Birmânia tem que regressar à esfera de influência de Nova Deli, setenta anos depois de se ter separado da Índia Britânica. O desacordo reside, no entanto, na melhor forma de realizar esta ambição.
Os chamados falcons têm assumido uma linha extremamente pragmática, dominante nos últimos anos e assente na cooperação militar. Por outro lado, há um embrionário lóbi que defende a cooperação e integração regional transfronteiriça, não só entre os sete estados do Nordeste indiano e as quatro províncias do Norte da Birmânia (Rakhine, Chin, Sagaing e Kachin), mas também com as províncias fronteiras chinesas do Tibete e do Yunnan e com o Bangladexe.
Estes regionalistas, de inspiração funcionalista e liberal, e da confiança de Manmohan Singh, já têm testado as suas teorias na prática. Estão, por exemplo, por trás das iniciativas da Baía de Bengala (BIMSTEC), de Kunming e do Mekong-Ganga, todas vocacionadas para expandir o soft power económico indiano para a Ásia do Sudeste e para amarrar a China institucionalmente em fóruns multilaterais. Pelo meio, querem também reabrir a histórica Stilwell Road (Índia-Birmânia-China) construída, em 1942, por 15 mil americanos, para placar o avanço japonês.
Não há dúvida que esta segunda vertente da diplomacia indiana para a Birmânia também tem compactuado pontualmente com os generais de Naypyidaw. Mas não deixa de ser uma alternativa credível e construtiva, contrastando com os limitados interesses de segurança chineses (...)
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
Sons de Deli: Kya Soorat Hai
Cartas prá Metrópole
Cartas prá Metrópole, Jan/Fev 2006
9 de Janeiro
De: Delhi
Para: Lisboa
- Javardice generalizada STOP
- A saida do aeroporto parece o fim da feira de carcavelos STOP
- Os gajos olham para nos como se fossemos aliens STOP
- E riem-se a toda a hora STOP
- Os homens tem torneirinhas e baldes para lavar o pirilau. As mulheres se nao tiverem de pagar o papel higienico estao cheias de sorte STOP
- A barulheira e a qualquer hora. Buzinar e palavra de ordem STOP
- A confusao de cheiros e imensa. Nem bons nem maus antes pelo contrario STOP
- O transito e alucinante. Admira-me como nao se espetam todos uns nos outros a toda a hora. Nao da para acreditar nas razias dos Tuk Tuk (riquechos a motor) uns aos outros com tudo e todos (incluindo cabras, caes, vacas, camelos, motas, bicicletas...) a atravessarem-se no caminho STOP
- Feia e suja STOP
- Da ideia que os edificios se vao desmoronar ao primeiro sopro STOP
- Uma fumarada do cacete constantemente no ar STOP
- Poluicao e pouco para descrever a poeirada que entra por todos os poros e mais alguns, inclusive pelos olhos STOP
- A pobreza nao me passa ao lado. Muito menos os muidos a pedir e as pessoas que vivem sentadas na rua. STOP
- Os olhos das pessoas sao irresistiveis STOP
- Esta merda nao tem acentos nenhuns STOP
Mais
Leituras de Deli: Loucos pela Índia (Régis Airault)
Autor: Régis Airault
Editora: Via Óptima
De Mumbai a Goa, de Delhi a Pondichéry, um verdadeiro síndroma indiano atinge todos os Ocidentais - na sua maior parte adolescentes e jovens adultos - que vão a este país. Aí, mais do que em qualquer outro lugar e de uma forma mais espectacular, parece que a nossa identidade vacila. Pessoas até então indemnes a qualquer desordem psiquiátrica sentem subitamente, sem tomar drogas, um sentimento de estranheza e perdem o contacto com a realidade.
O que é que nos atrai na Índia? Porque é que lá somos tão frágeis? E o que nos ensina sobre nós mesmos esta experiência, que transforma em profundidade a nossa visão do mundo?
Indira Gandhi International Airport
Os estrangeiros de Deli costumam queixar-se de tudo. A habitação é de péssima qualidade e é demasiado cara, o clima é inaceitável e o trânsito diabólico etc. e tal. Entre estas diversas queixas subsiste a de que o aeroporto da cidade é "o pior do mundo".
Se as demais críticas são muitas vezes exageradas, esta sobre o aeroporto com nome de Primeira-Ministra é extremamente justa. Tendo em conta que esta é a capital de um país que se quer grande potência, bem como outros critérios como o facto de ser uma das maiores metrópoles do mundo (15 milhões de habitantes), uma das economias em maior crescimento (entre 7 e 9%), ter a maior comunidade diplomática do mundo, e ser actualmente das capitais mundiais mais visitadas por chefes de estado e outros altos representantes governamentais - tendo em conta tudo isto - o aeorporto é de facto chocante. Isto é, em termos relativos, este é certamente o pior aeroporto do mundo.
Sem as mínimas condições e infra-estruturas, oferece certamente condições piores do que... não encontro compraração em qualquer espaço geográfico ou temporal. Nem o nosso Aeroporto da Portela, há dez ou vinte anos atrás. O acesso faz-se por uma via rápida esburacada e poeirenta (conversão em lama, durante as chuvas) e obrigatoriamente por um imenso trânsito de centenas de veículos que procuram passar pelo controle de segurança militar. Depois, a entrada no terminal é feita de forma caótica (só os passageiros estão autorizados a entrar). O check-in, a imigração, o security-check e o embarque fazem-se todos, sucessivamente, ao estilo de Feira do Gado da Malveira.
À chegada, é a mesma coisa: meia ou uma hora à espera de receber o immigration clearance (vinte segundos e um carimbo no visto), falta de trolleys, bagagem atrasada, perdida ou desfeita, dezenas de aldrabões, taxistas e agentes de hotel à procura desesperada de foreign exchange.
É verdade que está tudo em obras, com capital e know-how estrangeiro. Em breve será diferente. E agora pelo menos há uns painéis com mensagens que se querem reconfortantes. "Please bear with us, we are preparing a world class airport". Ou - e esta é a minha preferida: "Soon, you will wish your flight is delayed". Parabéns ao jovem indiano com tamanho talento de marketing que se lembrou de tal monstruosidade: é como colocar um painel no bloco de urgências de um hospital horroroso qualquer, com a seguinte mensagem, "Soon, you will wish you will never get well".