"Então e lá na Índia, as pessoas devem estar a sofrer ainda muito mais, não?", inquiria uma vizinho meu na minha aldeia saloia, aquando da minha recente passagem por Portugal. Respondi-lhe então que não, que estranhava como é que em Portugal e na Europa este era o tema da actualidade ("aumentaram a gasolina duas vezes num único mês, já viu!?"), mas que na Índia, nas minhas conversas diárias com vizinhos e amigos, este tema ainda não tinha sido abordado (ao contrário da subida dos preços dos alimentos - o arroz está a 40 Rupias/kg).
E pronto, preparava-me eu para, nestes dias, escrever aqui sobre a soberba forma como o Governo indiano tem conseguido evitar aumentar os preços da gasolina e dos derivados petrolíferos, há quase dois anos e à custa de subsídios magníficos, quando a imprensa indiana do dia de ontem (e o vizinho de cima) me saudaram com a reunião extraordinária do Special Group of Ministers e a certeza de que os combustíveis petrolíferos iriam subir entre 5 e 10%.
É natural. Com a sucessão de más notícias e derrotas eleitorais que o Congresso tem sido obrigado a enfrentar nos últimos meses, devem ter avaliado este momento como sendo o ideal para avançar com todas as medidas menos populares, antes das eleições de 2009. Em termos estratégicos políticos, chama-se a isto capitalizar o mau momento.
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