quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Cartas prá Metrópole

Breves telegramas, relatos de viagem de um grupo de jovens portugueses à redescoberta da Índia. Numa linguagem chocante e sinceramente directa, não deixa de espelhar muito sobre a Índia - e os portugueses...

Cartas prá Metrópole, Jan/Fev 2006

9 de Janeiro
De: Delhi
Para: Lisboa

- Javardice generalizada STOP
- A saida do aeroporto parece o fim da feira de carcavelos STOP
- Os gajos olham para nos como se fossemos aliens STOP
- E riem-se a toda a hora STOP
- Os homens tem torneirinhas e baldes para lavar o pirilau. As mulheres se nao tiverem de pagar o papel higienico estao cheias de sorte STOP
- A barulheira e a qualquer hora. Buzinar e palavra de ordem STOP
- A confusao de cheiros e imensa. Nem bons nem maus antes pelo contrario STOP
- O transito e alucinante. Admira-me como nao se espetam todos uns nos outros a toda a hora. Nao da para acreditar nas razias dos Tuk Tuk (riquechos a motor) uns aos outros com tudo e todos (incluindo cabras, caes, vacas, camelos, motas, bicicletas...) a atravessarem-se no caminho STOP
- Feia e suja STOP
- Da ideia que os edificios se vao desmoronar ao primeiro sopro STOP
- Uma fumarada do cacete constantemente no ar STOP
- Poluicao e pouco para descrever a poeirada que entra por todos os poros e mais alguns, inclusive pelos olhos STOP
- A pobreza nao me passa ao lado. Muito menos os muidos a pedir e as pessoas que vivem sentadas na rua. STOP
- Os olhos das pessoas sao irresistiveis STOP
- Esta merda nao tem acentos nenhuns STOP

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2 comentários:

  1. Esse "e os portugueses..." quer dizer exactamente o quê? a opinião é minha e muito pessoal como se lê. os meus companheiros de viagem têm uma opinião bem diferente, pra melhor. De qualquer maneira, é uma honra estar linkada neste blog, por si. Cumps

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  2. Boa tarde de Deli, Isa: acho que não só o seu estilo de escrita, mas principalmente a perspectiva com que aborda a Índia, deixa transparecer uma nova forma portuguesa de lidar com a diferença, neste caso indiana. Por um lado, mais sincera, directa e descomplexada, mas, por outro, algo superficial e agressiva também. É, no entanto, um tom que encontro um pouco nos meus próprios escritos iniciais, em que procurei exprimir as minhas primeiras impressões à chegada (afinal, foi o que você também procurou fazer, de forma telegráfica). Cumprimentos deste lado do mundo e até breve.

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