segunda-feira, 11 de abril de 2005

Vivências no campus II

Como já perceberam, há muitos mitos no campus, afinal esta ainda é uma sociedade muito tradicional. Estava a bebericar um chá e a afugentar mosquitos e cães vadios quando a nossa conversa foi interrompida pelo cântico de um homem velhinho, dos seus 70 anos, sentado num banco, com ar de mendigo. Cânticos que soavam a mantras budistas, levantava de vez em quando os braços, como que apelando aos deuses. Um colega explica-me logo seriamente: "este era um aluno de doutoramento brilhante na JNU, mas ficou tanto tempo por cá, adiando a entrega da tese para atingir a perfeição total, que ficou assim, maluco e continua a passear pela JNU".

Mas a verdade não deve estar assim tão longe. No outro dia jantei numa das cantinas ao ar livre e o meu amigo (porque o meu hindi ainda não vai tão avançado) descobriu que um dos homens que nos servia e cozinhava era doutorado pela JNU. Explicou-se dizendo que não encontrou logo trabalho e decidiu ficar pela universidade a que se afeiçoou e o salário afinal não era assim tão mau.

Outro caso é de outro aluno de doutoramento que há uns anos enlouqueceu, não ficou gagá, mas parece que assim um pouco para o demente, com manias e assim. Forçaram-no a abandonar os estudos, mas em troca deram-lhe um pequeno espaço numa das zonas comerciais do campus, de onde agora gere uma loja e atende estudantes e professores, sempre com um sorriso.

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