Nunca percebi bem a nova (ou velha – mas não faz diferença nenhuma hoje) moda de dividir o mundo entre Norte e Sul. Aquela mania dos North-South Studies. Do North-South Dialogue. Mas aqui na Índia notei que há um dilema grande relativo a essa divisão. Naturalmente recusa-se aqui a ideia de que a Índia faz parte do Sul. Por uma razão até bastante lógica que muitas vezes ignoramos: a Índia fica bem acima da linha do Equador, bem, bem acima aliás.
Mas há outra razão mais sorrateira que arrisco lançar. A Índia, ou melhor, a Índia que se resolve e se quer a partir de Nova Deli, é uma Índia que historicamente faz parte do Norte, dos povos superiores, das línguas de traça germânica e dos nómadas pastores arianos. Isso mesmo se nota nas políticas internas da Índia, em que um Norte (parcialmente) desenvolvido, de pele branca, de tez europeia e controlado pelas casta altas domina um Sul (largamente) rural e pobre, de pele escura, de tez africana por vezes, e polvilhado de uma variedade de castas baixas que buscam redenção.
Por isso, até mais, a Índia continuará a fazer parte do Norte. Lembrem-se. Os indianos são vossos primos afastados. Os indianos albinos são cópias exactas do vosso vizinho da frente na Rua da Atalaia.
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