Estive no passado fim-de-semana de Páscoa a norte de Deli, no estado de Uttaranchal Pradesh. Passámos dois dias no fabuloso Corbett National Park, também conhecido por "Tiger Park" em que supostamente ainda vivem meia centena de tigres indianos. Nã vimos nenhum. Enquanto corríamos o mato e a floresta de jeep, parece que muitos visitantes viram um tigre mesmo ao lado do nosso acampamento. Em troca vimos vastos grupos de elefantes selvagens a deambular ao lado do nosso jeep em intermináveis planícies, pássaros de todas as cores, dois crocodilos, um jacaré, uma galinha selvagem, veados e javalis. Só para chegar ao acampamento tivemos que atravessar densa vegetação e uma estrada de terra batida por mais de duas horas. Para além de nós os quatro estavam por lá uma dezena de abastados turistas indianos, duas norte-americanas (uma das convencidíssima que estava com "food poisoning" quando estava é com saudades dos pais) e um casal de alemães que tinham vindo de caravana para a Índia.
Seguimos depois para passar um dia em Nainital, uma das várias "hill-stations" a poucas horas de distância de Deli, para onde a classe urbana média-alta foge do calor abrasador que ocupa as planícies nesta altura do ano. De facto, aquilo é fresco e as paisagens sobre os Himalaias monumentais. A vila rodeia um pequeno lago, o que serve de atractivo adicional às centenas de casais que vêm cá passar a lua-de-mel. Tudo muito limpo, como é característico das pequenas cidades dos Himalaias, que beberam muito da influência britânica. A arquitectura vitoriana prevalece nas igrejas, nos edifícios públicos e nos clubes e bares em que dantes se bebia whisky e se discutia como manter o Império, onde encontrar os maiores ursos ou qual a carruagem mais confortável para voltar a Calcutá.
Como nos incluímos na massa indiana que invadiu Nainital naquele fim-de-semana comprido (a Sexta-feira Santa coincidiu com o festival Hindu Holi, festival das cores, erradamente visto como Carnaval indiano) claro que foi dificílimo conseguir transporte de volta. Assistimos a confrontos físicos entre vários homens que disputavam os últimos lugares no "high-tech bus" da Uttaranchal Road Transport Corporation destinado a Nova Deli, o que nos fez rapidamente e desesperadamente procurar alternativa. Que nos subitamente apareceu de frente, na forma de um autocarro a cair aos bocados, com bancos de alumínio, madeira e uns bocados de estofo esfarrapado. Cheio que nem um ovo, claro. Embarcámos. E foi o inferno de oito (8) horas que terminou pelas 03:45 no terminal de autocarros de Deli, a mais de 20 quilómetros de nossa casa e o que nos obrigou a longas discussões com os condutores de rick-shaw que virem em nos apetecíveis presas, ainda por cima debilitadas. Também os mosquitos nos viram assim. Mas com eles não houve discussão possível.
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