domingo, 20 de julho de 2008

Diplomacia não-governamental



Parabéns, mano! Que corra tudo bem no dia 31 - a secção Índia já se encontra activa.

help unity and integrity of the nation

It is high time that in the larger interest of assuring the dignity of the Muslim women and protecting their basic human rights which in turn would help unity and integrity of the nation as well as equality before the laws and equal protection of the laws and thus give a good bye to those provisions of the pre-constitution Muslim personal laws, insofar as those provisions are inconsistent with the provisions of Part III of the Constitution and hence void under Article 13, as have been done in the case of certain provisions of the Hindu Law through new legislations.

Quem não lê o Organiser não compreende nada. Eu não compreendo nada.

King Khan

Das leis

The Prevention of Insults to National Honour Act, 1971

2. Insult to Indian National Flag or Constitution of India
Whoever in any public place or in any other place within public view burns, mutilates, defaces, defiles, disfigures, destroys, tramples upon or otherwise shows disrespect to or brings into contempt (whether by words, either spoken or written, or by acts) the Indian National Flag or the Constitution of India or any part thereof, shall be punished with imprisonment for a term which may extend to three years, or with fine, or with both.

(aqui)

Imagens de Deli: Pushkar

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Contacto Goa

O último Magazine Contacto Goa é todinho ele dedicado à influência goesa na indústria cinematográfica de Bollywood. O tema é interessante mas o programa arrasta-se numa sucessão de entrevistas e a apresentação um tanto monótona de Francisco Veres Machado não ajuda muito. Mesmo assim, este Magazine quinzenal é uma iniciativa inédita, e muito louvável (que já vai na terceira série, sempre com o carimbo da muito dinâmica e jovem Nalini de Sousa), que dá a conhecer, de forma bastante sucinta, ao público português não só uma outra Goa, mas também uma outra Índia. A ver on-line.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Imagens de Deli: Três escritas (Pushkar)

Excuse me, Mr. Zimler? (Sidh Mendiratta)

O Sidh adiantou-se e, por isso, resta-me subscrever inteiramente este post e comentário dele:

WR: Richard, what amazes me about your book is that you have never visited Goa and yet one gets a distinct impression as if you spent a year here...

RZ: What a wonderful compliment! I wanted to go to Goa, but English and Portuguese friends kept telling me how much it has changed over the last forty or fifty years, and I was worried that some aspect of its present landscape and culture would "infiltrate" the picture I had already formed in my head of Goa at the end of the 16th century. I didn't want to risk any modern details in the book – anything that wouldn't be accurate for the 16th and 17th centuries – so I didn't go.

(from an interview to Richard Zimler, published in the Goan Daily "Herald")

Ok...I have to get this one straight...Zimler formed an image of Goa at the end of the 16th century by working in the libraries and archives of Portugal or Europe. Possibly by looking at images of landscapes, buildings, objects and people. And when he had to decide if he should visit Goa, he took the advice of some people who told him Goa had changed a lot since 1961 and thought it better to stay put.

This means he did not consider it important to see or hear what the Goans - or Indians - think of the Inquisition or what traces this phenomenon has left in Goan culture and landscape. Therefore, his books relapses into a classical form of Orientalism - Zimler detatches himself from his topic, avoiding the "breathing in" and the first hand observation of the present culture whose past and historical phenomena he describes.

And I just wonder if it was a Portuguese of Goan background who influenced his decision not to visit this place...this place that continues weaving and exporting black legends.

(daqui, onde recentemente se tem podido acompanhar um soberbo périplo indiano)

Aliança capital-nação

Este vídeo, que é self-explanatory e portanto não precisa de grandes interpretações, merece um pequeno apontamento adicional.

No fim, reparem no jovem à espera que o Maruti-Suzuki lhe dê boleia, para chegar a tempo a casa para as celebrações do festival hindu Divali. Atrás dele está parado um típico autocarro indiano, velho e podre, sobrecarregado, atrasado e lento, rodeado de muitos outros indianos (a vestimenta indicando tratar-se de muçulmanos). Mas eles que se amanhem. India cannot wait.

Outra vez a Lufthansa

Estou aqui a comer uma deliciosa chamuça que comprei ali em baixo, na esquina, por três Rupias, e a Lufthansa convida-me, por e-mail, a "saborear a Índia por 499 Euros" (ida e volta, taxas incluídas).

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Imagens de Deli: Pushkar (2004)

Foreigners Regional Registration Office

À entrada encontra-se um funcionário que aponta os detalhes dos passaportes e dos registration certificates de todos os estrangeiros num gigantesco livro. "Queue karo, queue, queue", exclama, de dois em dois minutos, o polícia ao lado, procurando incutir um sentido de ordem na multidão internacional que observa, com muita impaciência, a imensa lentidão com que as colunas e as linhas são preenchidas por números e letras ilegíveis.

Os afegãos, os birmaneses, os tibetanos, os africanos, e todos os outros cujo tom de pele aparenta uma origem terceiro mundista, integram a fila que é violada por um outro penetra, geralmente agentes indianos que vêm em representação de grandes empresas, embaixadas ou estrangeiros mais abastados.

As meninas e os meninos mochileiros, normalmente israelitas e franceses, fingem-se ignorantes e passam por tudo e por todos sem pestanejarem. O polícia, intimidado, finge que não vê. Já os japoneses e chineses são mandados parar de forma lacónica: "Stop, passport, sign, queue, there".

Quando o funcionário vai tomar chá, ou almoçar, o controlo é interrompido e entram todos. Fica lá o polícia, muito alto e desajeitado, com aquela espingarda anacrónica nas mãos, a olhar impotente para o livro aberto, para a caneta inerte e para o imparável fluxo de gente estranha.

Imagens de Deli: Check-in numa guest-house

A Lusa não lê este blogue

Imprensa embaraçada com detenção de nazi

Contactado ontem pela Lusa, o porta-voz da embaixada da Alemanha em Nova Deli, Philip Ackermann, negou veementemente a história, considerando-a uma "invenção" de um "bloguista" indiano, que rapidamente se estendeu aos media locais.

Os contornos e razões da notícia são confusos, mas todos coincidem quanto à origem dos factos: alegadamente um bloguer não identificado.

(hoje no DN, aqui)

terça-feira, 1 de julho de 2008

Goa, o nazi Bach e a imprensa indiana

Presumi eu logo tratar-de de uma mentira de 1 de Abril bastante atrasada, mas nas redacções dos grandes jornais indianos pensaram diferente (ou melhor, não pensaram nada).

Soube-se agora que a história do suposto coronel nazi Johann Bach, preso em Goa, numa operação conjunta dos serviços secretos alemães e indianos, originou numa press release falsa de um conjunto de bloggers-jornalistas goeses (alguns meus conhecidos e amigos) que procuram denunciar a face mais negra da imprensa goesa e indiana.

Excelente! Mas o mais assustador é que esta notícia não só foi difundida largamente. Assim, os grandes jornais indianos, incluindo o Indian Express, o Calcutta Telegraph e o Times of India, difundiram a "notícia" sem a confirmarem com as autoridades competentes, e em certos casos inventaram, pura e simplesmente, novos factos (segundo o Express, Bach já tinha sido deportado para a Alemanha) ou deram-lhe mesmo uma soberba cobertura gráfica (um mapa com os vários países pelos quais Bach teria supostamente passado nos últimos anos, com o preciosismo de notar o Iémen como "unconfirmed"!).


Já agora: "Perus Narkp", indicado como o braço de espionagem da Senhora Merkel, é um anagrama para “Super Prank”. O comunicado de imprensa anunciava “Eht rea enp cabk skripc” como o lema desta super-organização secreta, outro anagrama para “The Pen Pricks are back”. The Pen Pricks é o blogue dos autores desta super-brincadeira.

Mais a sério: já se escreveu muito sobre as limitações da Internet como fonte de informação para quem quiser desenvolver um trabalho sério e aprofundado sobre outros países e outras realidades. Este caso demonstra-o novamente, de forma exemplar: as notícias continuam lá, em linha, nos sites dos mais prestigiados órgãos de comunicação social indianos.

Quando porventura alguém, daqui a umas semanas ou meses, estiver à procura de se inteirar rapidamente sobre a criminalização transnacional do estado de Goa, sobre as regras de deportação bilateral entre a Índia e a União Europeia, sobre a cooperação entre serviços de informações indianos e estrangeiros, ou sobre criminosos nazis refugiados em África e na Ásia, é muito provável que chegará a esta notícia googlando e que depois a ela se referirá, no seu trabalho, relatório, crónica ou post.

Imagens de Deli: Manali-Leh (2006)