À entrada encontra-se um funcionário que aponta os detalhes dos passaportes e dos registration certificates de todos os estrangeiros num gigantesco livro. "Queue karo, queue, queue", exclama, de dois em dois minutos, o polícia ao lado, procurando incutir um sentido de ordem na multidão internacional que observa, com muita impaciência, a imensa lentidão com que as colunas e as linhas são preenchidas por números e letras ilegíveis.
Os afegãos, os birmaneses, os tibetanos, os africanos, e todos os outros cujo tom de pele aparenta uma origem terceiro mundista, integram a fila que é violada por um outro penetra, geralmente agentes indianos que vêm em representação de grandes empresas, embaixadas ou estrangeiros mais abastados.
As meninas e os meninos mochileiros, normalmente israelitas e franceses, fingem-se ignorantes e passam por tudo e por todos sem pestanejarem. O polícia, intimidado, finge que não vê. Já os japoneses e chineses são mandados parar de forma lacónica: "Stop, passport, sign, queue, there".
Quando o funcionário vai tomar chá, ou almoçar, o controlo é interrompido e entram todos. Fica lá o polícia, muito alto e desajeitado, com aquela espingarda anacrónica nas mãos, a olhar impotente para o livro aberto, para a caneta inerte e para o imparável fluxo de gente estranha.
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