sábado, 21 de outubro de 2006

Divali

É o meu terceiro Divali em terras indianas. O festival hindu das luzes, como é conhecido, celebra a mitologia do regresso do príncipe (e deus) Rama à cidade de Aiôdia (Ayodhya), hoje no Utar Pradexe, depois de derrotar o demónio Ravana e libertar a princesa Sita das suas garras. A longa batalha realiza-se no Sri Lanka, e Rama conta com a ajuda de Hanuman e o seu exército de macacos. Astuto, Rama anunciou que o Mal só poderia voltar à superfície no dia em que se celebra o Divali. Nunca, portanto. É que o feriado é símbolo religioso de luz e barulho, com muitas velas à volta de cada casa, não vá o demónio entrar por uma janela ou porta mais escura. Muito barulho, aliás. O Divali tornou-se, acima de tudo, numa orgia pirotécnica. Começa dias antes e prolonga-se por toda a próxima semana, mas o pico é esta noite. Do mais pequeno aos gigantescos e ensurdecedores petardos e foguetes, vale tudo, a qualquer hora do dia ou da noite.

Se o barulho me põe um pouco nervoso, já o espírito do Divali é, simplesmente, avassalador. Conquista tudo e todos. Para quem está tanto tempo longe de terras cristãs, não há comparação melhor do que o espírito natalício. Para bem, com as famílias em reunião e a troca de presentes, para além do êxtase de cores, sons e movimentos que conquistam e transformam a cidade. Para mal, com o trânsito mais caótico do que nunca, os estabelecimentos comerciais inundados e um consumismo em massa (Deli tem doze milhões de habitantes!) tão desenfreado que assustaria e surpeenderia até o mais liberal economista ocidental.

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