Separam-nos ainda de Leh, capital do Ladaque que queremos visitar, mais de 400 quilómetros. Dois dias de viagem. Muitas peripécias. Mas o motorista não poderia deixar de parar ao vigésimo quilómetro, pouco menos de uma hora depois de termos partido, para o tradicional chá indiano. À vista das primeiras barraquinhas fumegantes, o autocarro desacelera e os passageiros saem para a chuva, o frio e o vento.
Ainda ontem tínhamos feito este percurso e os cafés à beira da estrada estavam repletos de ruidosos turistas indianos da emergente classe média de Deli, Bombaim e Bangalore. Especialmente casais em lua-de-mel. Elas em busca de um pouquinho de neve e liberdade antes de começarem a parir filhos e eles em busca de uns esquis, uma pose masculina e uma foto ao lado de uma turista loira para mostrar lá na em casa, na rua.
Hoje reina a montanha. Os ventos gélidos cobrem as esplanadas de neve. Os passageiros que se aventuraram para fora foram bebericar chá quente num pequeno abrigo. Nós ficamos na carroça. De repente, do nosso lado esquerdo, vemos dois pequenos vultos. São os dois rapazes, filhos do sadhu. De pés descalços e cabeça descoberta tiram de um dos seus recipientes um pouco de arroz e caril, ainda quente, trazem o prato ao sadhu que se encontra confortavelmente sentado no autocarro, e depois voltam a sair para o relento para lavar o prato e o copo usado na branca neve.
Só entram outra vez quando o motorista já buzina insistentemente. Tremendo e com os lábios azulados, abrigam-se por debaixo de uma grande manta. Quando um deles se vira, tomo coragem e ofereço-lhe um pouco do meu sortido de passas, nozes e amêndoas. Aceita com um sorriso e partilha com o irmão, às escondidas do sadhu que já ressona.
por aqui vou viajando. Bjs e ;)
ResponderEliminarBom fs. Passa lá por casa, precisamos de ti. Bjs e :)
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