Pensava eu que já pouco mais poderia aprender aqui em Nova Deli (excepto fluência em hindi e não ser enganado pelos lojistas), quando subitamente dei por mim a realizar um meu sonho muito antigo.
Lembro-me de, nos primeiros meses desta vida em Deli, há mais de três anos, admirar a forma como os autóctones lidavam com os condutores de riquexó. Em vez de (como eu e demais estrangeiros) passarem longos minutos a discutir e a negociar o preço a priori, no meio da avenida, e só depois de chegado a consenso embarcarem, saltavam imediatamente para o interior dos triciclos motorizados, garantindo assim o lugar e negociando a posteriori.
Invejava essa estratégia corajosa com que domavam os malditos riquexós, sempre gananciosos e fugitivos quando o destino ou o preço oferecido não lhes agradava. A minha ética negocial ocidental impedia-me de dar aquele salto para o banco de trás.
Ora, de repente, um destes dias, dei por mim - qual tigre esfomeado e desesperado - a dar um monumental salto acrobático do passeio para aquele pobremente almofadado banco que sustenta entre 1 e 6 passageiros. First blood, mortífero: já não faço outra coisa e passei de vítima a predador nato.
Constantino, gostei imenso deste teu texto! Escolheste as palavras certas para representares uma realidade que eu sei bem verdadeira. Gostei, também, da pitada de humor com que a embelezaste. Parabéns pela proeza :-)
ResponderEliminarNão resisto a colocar um link no meu blogue.
Obrigado Denise, e estava aliás já nos meus planos retribuir e apresentar o teu blogue tb.
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