terça-feira, 13 de dezembro de 2005

Imagens de Deli: Fronteira indo-paquistanesa (Wagah)


Há um ano, ao fim da tarde dirigimo-nos da capital da religião sique (sikh), Amritsar, para a única passagem fronteiriça indo-paquistanesa aberta a trânsito rodoviário e ferroviário. Uma autêntica romaria acompanha-nos, centenas ou mesmo milhares de indianas, ávidos de verem um arrear de bandeira que certamente é dos mais teatralizados no mundo. Todos os dias, ao pôr do sol, os guardas de elites dos dois lados da fronteira ensaiam todo um ritual de passo de ganso acompanhado por ameaçadoras palavras de ordem e marchas militares. Deste lado o indiano, daquele o paquistanês. Mulheres numa bancada, homens noutra. Dos dois lados, bandeiras cortam o ar quente e insultos populares cruzam a linha que é tudo menos imaginada. Ela está ali, para todos verem, demarcada e repintada, reforçada, segura, reconfortante. Eles ali, nós aqui. Para nós os evitarmos a eles aqui e eles nos evitarem a nós ali.

1 comentário:

  1. Essa fronteira quase inatravessável e que ainda hoje separa famílias que não se vêem há décadas sempre me pareceu das coisas mais obscenas que se pode imaginar. Presumo que mesmo com a aproximação recente entre os dois países as coisas não tenham mudado substancialmente. Quando nos apercebemos que, de um lado e do outro, é basicamente a mesma gente, mais raiva dá ainda. P.S. Bonita foto com o sikh em destaque.

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