terça-feira, 29 de novembro de 2005
Lembro-me que estou na Índia
Rompe-se, no meio do campus, o cabo de mudanças da minha mota. Estou rodeado de residências, vegetação densa, alguns mini-mercados, departamentos e um ou outro babuíno. Como consertar? Ainda vou a abrandar, já um estudante veterano se aproxima de mim. A poucos metros começa a falar. Demostra já ter identificado o problema mecânico porque me indica prontamente a oficina mais próxima, saindo do campus, 500 metros à direita. "Oficinas de mota" aqui quer dizer "especialistas" acocorados à beira da avenida. Mas não chego lá. Ao tricentésimo metro, conduzindo o meu veículo com muita peripécia pela avenida poeirenta, alguém me puxa pelo braço. Viro-me e um sujeito assobia e indica-me para parar, apontando para o passeio coberto de manchas de óleo. Não tenho tempo sequer para esboçar uma reacção, uma pergunta ou uma resistência. Enquanto ainda balbucio as minhas primeiras palavras, sai dos arbustos um homem com as mãos muito negras e com uma caixinha de ferramentas, deita a minha mota gentilmente no passeio e põe as suas mãos à obra. 45 segundos depois está tudo resolvido, em troca de 45 cêntimos e um apertar de mãos agradecido.
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