a vida em deli
Um Diário da Índia.
Imagem: graphics8.nytimes.com
domingo, 8 de março de 2009
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Esta vida ressuscitará
domingo, 28 de setembro de 2008
Esta vida termina aqui
Um obrigado a todos os que me visitaram ou me acompanharam em Deli. Foram quatro anos de experiências inesquecíveis, incluindo viagens magníficas por todo o subcontinente, novas amizades e contactos para muitas mais vidas, estudo e investigação profunda sobre um país fascinante, trabalho dedicado como tradutor, correspondente e, já no último ano, na Embaixada, entre muitas outras aventuras e experiências.
Quatro anos depois de chegar à capital indiana, a minha vida em Deli terminou em Agosto passado (regressei a Lisboa) e não faz assim sentido continuar este projecto, pelo menos neste formato, que foi sempre muito pessoal, na primeira pessoa, registando as minhas observações e impressões sobre a Índia.
Deixa também de fazer sentido porque as relações entre Portugal e a Índia atingiram (finalmente) uma nova fase - já há agora um número razoável de portugueses a residir em Nova Deli e noutras cidades indianas (alguns com blogues muito bons), e longe vão os tempos em que, exceptuando os (poucos) diplomatas e um leitor, eu era o único residente português na capital.
Ficam aqui disponíveis os arquivos com mais de mil entradas. E, para terminar, uma mensagem que escrevi ao meu amigo João, em Dezembro de 2003, quando me desloquei, pela primeira vez, a Nova Deli, para avaliar a possibilidade de para lá me mudar definitivamente.
Não pude deixar de sorrir, de forma bastante condescendente, ao lê-la, depois de a descobrir, por acaso, num arquivo electrónico qualquer: é testemunho de quanto estes quatro anos em Deli me desestabilizaram, me mudaram, me enriqueceram.
Até breve,
Constantino
(Dezembro 2003):
"Meu caro,
Sinto-me terrivelmente. Nao sei como explicar. Estou com medo, saudades, triste, inseguro… estou a 11 000 km daquilo que poderia eventualmente chamar CASA, se eh que existe algo assim. Mas, admito, este eh um daqueles momentos em que acredito mesmo haver CASA (home).
Cheguei ontem, depois de 24 horas de comboio. Depois da euphoria de Goa, o desalento em Deli, pelo menos parcial. Vou por pontos
- eh uma cidade enorme, sentes-te muito pequenino pensando que vais ter de sobreviver 2 anos aqui
- uma outra civilizacao: pessoas, arquitectura, lingua, tudo eh diferente, nao ha saidas ah noite, nao ha alcool, nao ha carne…
- professors: todos bastante arrogantes, e, mesmo alguns simpaticos, quase todos anti-ocidente. Tenho de repensar todo o meu discurso e o meu raciocinio. Tudo o que tinha construido como certezas ate agora na vida (poucas, eh certo) esta a ser posto em causa (nacionalismo, esquerda/direita, multiculturalismo etc etc)
- estudantes: todos simpaticos, mas ESTRANHOS, la esta, simplesmente, eles vivem com um orcamento de uns 10 Euros por mes (a serio), e estudam mesmo, porque ser estudante na INDIA eh um PRIVILEGIO. Eles aqui levam a vida de estudo mesmo a serio, tentam todos ser os melhores e passam os dias, principalmente, a estudar.
- Condicoes: o campus eh um monte de ruinas enorme. Estou com um amigo meu, muito boa pessoa, que eh PHD em RI, investigador num grande e moderno instituto, vai para a china na Segunda para uma conferencia, sabe de tudo e mais do que eu e tu. Sabes onde vive (e onde estou alojado esta semana): numa espelunca, um quarto com um pequeno balcao, casas de banho comuns iguais ahs piores que vimos na India, temperatures aqui: entre 2 e 49 graus., agua corrente (fria, claro: 2 horas por dia)
- Orientacao: o mesmo problema anterior: indianos sao pessoas muito estranhas, todos muito nacionalistas, embora a JNU seja um bastiao de esquerda: por todo o lado cartazes apelar ao comunismo, o meu amigo eh ferrenho comunista. Meu dilemma: esquerda comunista e ou socialista vs. fundamentalismo+nacionalismo indiano anti-estrangeiros. Compreendes a minha dificuldade posicional?? Quando o meu amigo me apresenta como half-indian e portuguese citizen “by convenience” ja sao geralmente dois temas de conversa muito delicados que vem logo ah baila…
- Isolamento: ha muitos estrangeiros que ainda vou conhecer, mas, de facto, por 2 anos, vou estar bem isolado de tudo o que me tem rodeado na minha breve vida… mas.. o que sao 2 anos numa longa vida?
Ok, isso sao as primeiras impressoes . mas ainda me vou aclimatizar etc.
Boas coisas:
- os estudantes sao gente BOA. SIMPATICOS e acessiveis. Fazem-se amizades facilmente, toda a gente vive no campus. Ajudam-te em tudo. Aqui, ser estudante, eh aquilo que eu sempre defendi em Lisboa na cartilha (mais ou menos).
- Estou na capital duma futura potencia mundial, muito possivelmente. Ha aqui centros de investigacao, embaixadas, etc uma cidade cosmopolita. Nao vou estar tao isolado
- Vou encontrar-me ainda com muitos outros professors, alguns que me parecem ser muito mais acessiveis dos que encontrei ate agora (por via do meu amigo comunista)
- Embora estudantes digam que eu tenho que viver no campus para viver o espirito, estou disposto a correr um minimo risco de isolamento e viver num apartamento com condicoes perto do campus. Precos bons abaixo dos 75 Euros por mes!
- Tenho uma boa rede de contactos com redes de investigacao, embaixadas e todo o mundo occidental aqui em Deli o que me permite circular nessa rede e manter contactos com ocidente e um certo estilo de vida occidental (concertos, recepcoes, conferencias etc). Avisaram-me que o MA eh muito dificil (you have to study very veriiiii much) mas como ha gente licenciada em jornalismo e gestao a fazer o MA penso que com os meus 4 anos de CPRI ja tenha um bom avanco. So espero que os profs nao me discriminem por ser estrangeiro (nem os estudantes). (...)"
.
domingo, 20 de julho de 2008
help unity and integrity of the nation
Quem não lê o Organiser não compreende nada. Eu não compreendo nada.
Das leis
2. Insult to Indian National Flag or Constitution of India
Whoever in any public place or in any other place within public view burns, mutilates, defaces, defiles, disfigures, destroys, tramples upon or otherwise shows disrespect to or brings into contempt (whether by words, either spoken or written, or by acts) the Indian National Flag or the Constitution of India or any part thereof, shall be punished with imprisonment for a term which may extend to three years, or with fine, or with both.
(aqui)
quarta-feira, 9 de julho de 2008
Contacto Goa
sexta-feira, 4 de julho de 2008
Excuse me, Mr. Zimler? (Sidh Mendiratta)
WR: Richard, what amazes me about your book is that you have never visited Goa and yet one gets a distinct impression as if you spent a year here...
RZ: What a wonderful compliment! I wanted to go to Goa, but English and Portuguese friends kept telling me how much it has changed over the last forty or fifty years, and I was worried that some aspect of its present landscape and culture would "infiltrate" the picture I had already formed in my head of Goa at the end of the 16th century. I didn't want to risk any modern details in the book – anything that wouldn't be accurate for the 16th and 17th centuries – so I didn't go.
(from an interview to Richard Zimler, published in the Goan Daily "Herald")
Ok...I have to get this one straight...Zimler formed an image of Goa at the end of the 16th century by working in the libraries and archives of Portugal or Europe. Possibly by looking at images of landscapes, buildings, objects and people. And when he had to decide if he should visit Goa, he took the advice of some people who told him Goa had changed a lot since 1961 and thought it better to stay put.
This means he did not consider it important to see or hear what the Goans - or Indians - think of the Inquisition or what traces this phenomenon has left in Goan culture and landscape. Therefore, his books relapses into a classical form of Orientalism - Zimler detatches himself from his topic, avoiding the "breathing in" and the first hand observation of the present culture whose past and historical phenomena he describes.
And I just wonder if it was a Portuguese of Goan background who influenced his decision not to visit this place...this place that continues weaving and exporting black legends.
(daqui, onde recentemente se tem podido acompanhar um soberbo périplo indiano)
Aliança capital-nação
No fim, reparem no jovem à espera que o Maruti-Suzuki lhe dê boleia, para chegar a tempo a casa para as celebrações do festival hindu Divali. Atrás dele está parado um típico autocarro indiano, velho e podre, sobrecarregado, atrasado e lento, rodeado de muitos outros indianos (a vestimenta indicando tratar-se de muçulmanos). Mas eles que se amanhem. India cannot wait.
Outra vez a Lufthansa
quarta-feira, 2 de julho de 2008
Foreigners Regional Registration Office
Os afegãos, os birmaneses, os tibetanos, os africanos, e todos os outros cujo tom de pele aparenta uma origem terceiro mundista, integram a fila que é violada por um outro penetra, geralmente agentes indianos que vêm em representação de grandes empresas, embaixadas ou estrangeiros mais abastados.
As meninas e os meninos mochileiros, normalmente israelitas e franceses, fingem-se ignorantes e passam por tudo e por todos sem pestanejarem. O polícia, intimidado, finge que não vê. Já os japoneses e chineses são mandados parar de forma lacónica: "Stop, passport, sign, queue, there".
Quando o funcionário vai tomar chá, ou almoçar, o controlo é interrompido e entram todos. Fica lá o polícia, muito alto e desajeitado, com aquela espingarda anacrónica nas mãos, a olhar impotente para o livro aberto, para a caneta inerte e para o imparável fluxo de gente estranha.
A Lusa não lê este blogue
Contactado ontem pela Lusa, o porta-voz da embaixada da Alemanha em Nova Deli, Philip Ackermann, negou veementemente a história, considerando-a uma "invenção" de um "bloguista" indiano, que rapidamente se estendeu aos media locais.
Os contornos e razões da notícia são confusos, mas todos coincidem quanto à origem dos factos: alegadamente um bloguer não identificado.
(hoje no DN, aqui)
terça-feira, 1 de julho de 2008
Goa, o nazi Bach e a imprensa indiana
Soube-se agora que a história do suposto coronel nazi Johann Bach, preso em Goa, numa operação conjunta dos serviços secretos alemães e indianos, originou numa press release falsa de um conjunto de bloggers-jornalistas goeses (alguns meus conhecidos e amigos) que procuram denunciar a face mais negra da imprensa goesa e indiana.
Excelente! Mas o mais assustador é que esta notícia não só foi difundida largamente. Assim, os grandes jornais indianos, incluindo o Indian Express, o Calcutta Telegraph e o Times of India, difundiram a "notícia" sem a confirmarem com as autoridades competentes, e em certos casos inventaram, pura e simplesmente, novos factos (segundo o Express, Bach já tinha sido deportado para a Alemanha) ou deram-lhe mesmo uma soberba cobertura gráfica (um mapa com os vários países pelos quais Bach teria supostamente passado nos últimos anos, com o preciosismo de notar o Iémen como "unconfirmed"!).
Já agora: "Perus Narkp", indicado como o braço de espionagem da Senhora Merkel, é um anagrama para “Super Prank”. O comunicado de imprensa anunciava “Eht rea enp cabk skripc” como o lema desta super-organização secreta, outro anagrama para “The Pen Pricks are back”. The Pen Pricks é o blogue dos autores desta super-brincadeira.
Mais a sério: já se escreveu muito sobre as limitações da Internet como fonte de informação para quem quiser desenvolver um trabalho sério e aprofundado sobre outros países e outras realidades. Este caso demonstra-o novamente, de forma exemplar: as notícias continuam lá, em linha, nos sites dos mais prestigiados órgãos de comunicação social indianos.
Quando porventura alguém, daqui a umas semanas ou meses, estiver à procura de se inteirar rapidamente sobre a criminalização transnacional do estado de Goa, sobre as regras de deportação bilateral entre a Índia e a União Europeia, sobre a cooperação entre serviços de informações indianos e estrangeiros, ou sobre criminosos nazis refugiados em África e na Ásia, é muito provável que chegará a esta notícia googlando e que depois a ela se referirá, no seu trabalho, relatório, crónica ou post.
domingo, 29 de junho de 2008
Activists e Terrorists, Nós e os Outros
Os explosivos afinal parece que "only" feriram sete pessoas, mas lembro-me que, imediatamente após os atentados, no início do mês, mereceram grande destaque na imprensa ("Terror strikes again"), com muitas fotos e muito sangue - hideous! E o facto de terem sido interrogadas 1500 pessoas pela Anti-Terrorist Squad de Bombaim prova que as autoridades levaram os ataques muito a sério.
Mas, "2 Hindu activists", observa agora o título da notícia. Activists? Activists, pois sim!
Terrorists, militants, extremists, radicals, anti-social elements, isso está tudo reservado para os Outros. Estes são só, pura e simplesmente, activists, tal como os ambientalistas que se opõem à barragem do Nármada. Activists tal como os que agora querem ver o urso prisioneiro libertado e reunido com o seu dono.
Activists tal como os que amanhã vão marchar na primeira Delhi Queer Pride Parade? Aguardo com ansiedade a chegada dos jornais na Segunda de manhã, para ver como a sempre objectiva e neutra imprensa se lhes referirá.
sábado, 28 de junho de 2008
Dhaba
Finalmente, após alguns minutos, encontro algo. No bolso da frente da camisa do ajudante - um miúdo de sete ou oito anos - dança uma escova de dentes, escura.
“Sir, one more Pepsi?”, sorriem-me os seus dentes brancos.
Fabuloso, surreal: Nazi preso em Goa
Nazi war criminal held on Goa border
PANJIM, JUNE 27 — A German intelligence wing succeeded in nabbing Johann Bach – who was responsible for World War II genocide of Jews – in the jungles of Khanapura on the border of Goa and Karnataka after tracking him from Calangute.
Perus Narkp, the intelligence wing of the Berlin based German Chancellor’s Core, with the help of senior intelligence officials of the Indian government, have located and apprehended Johann Bach, an absconding high-ranking Waffen SS (Schutzstaffel) colonel in the Germany’s former Nazi party, said a press release issued here.
The release stated that 88-year-old Bach was posted as a senior adjutant at the Marsha Tikash Whanaab concentration camp in East Berlin and was responsible for the genocide of more than 12,000 Jews in World War II. More than any other offenders who have been prosecuted in the Nuremberg trials, which were set up to look into heinous war crimes during the World War II.
He had been absconding for more than 50 years after.
Bach has been apprehended and taken to a safe location in a joint top secret operation conducted by the Perus Narkp and intelligence officials of the Indian Ministry of Home Affairs.
After the Perus Narkp received a tip off from its sources that Bach was in Calangute region of Goa, he was placed under observation for the last six months. According to Marsha Tikash Whanaab concentration camp documents seized by the Allied forces after World War II, Bach was responsible for the exploitation and death of more than 12,000 Jews in his concentration camps. He has been absconding since the fall of the Third Reich.
Bach’s acts were incidentally also glossed over in the Nuremberg Trials. The case against him was revived following reports in the Israeli media, which claimed that Bach had resurfaced in India.
The Perus Narkp followed the India lead with the help of its counterpart intelligence agencies in India. The Perus Narkp then received a lead which informed about an old foreigner wanting to sell an antique, priceless 18th century piano. A similar piano had been reported missing from an East Berlin museum (in close proximity of Marsha Tikash Whanaab concentration camp) after World War II.
The absconder had been hiding in Goa for the last few months under a fake name in Calangute. His preliminary interrogation has revealed that he has earlier stayed in Argentina, Bulgaria, Yemen, Canada and then in Goa, the release stated.
(daqui, no sempre fantástico Heraldo)
(e na imprensa alemã, nem uma única linha até agora...).
quinta-feira, 26 de junho de 2008
Desestabilizadores
Redescobrindo: Gualior
Respeitando a pronúncia autóctone, parece-me que deveria ser Gualior. Tendo em conta que esta é uma cidade histórica (coroada por um dos mais magníficos fortes do subcontinente), e que era passagem obrigatória para os jesuítas portugueses quinhentistas a caminho de Agra, seria interessante pesquisar como é que nós escrevíamos e pronunciávamos esta cidade no passado.
Sobre o zero de Gualior
O zero de Gwalior
Do divórcio e da religião hindu
The concept of divorce has been traditionally alien to Hindu marriage. In 1955, parliament enacted the HMA [Hindu Marriage Act], allowing divorce. Either spouse may seek dissolution of marriage on grounds of infidelity, cruelty, desertion and conversion, or if the other party has renounced the world, suffers from a mental illness, incurable leprosy or communicable venereal disease.
Divorce is allowed by mutual consent, or if a spouse has been thought to be dead for seven years. Law Commission member Tahir Mahmood agreed with the court’s views. “The law doesn’t conform to the ethos of Hindus. We don’t expect Hindu men or women to charge their spouses with cruelty and seek divorce. Also, the law has certain shortcomings... like, the word cruelty has not been defined,” he said.
(daqui)quarta-feira, 18 de junho de 2008
Brasil na Índia
E, pelo meio, ainda tem tempo para dar saltos estratégicos a Goa (futebol e carnaval, pois claro).
Desestabilizadores
The great Indian middle class
(Rajiv N Desai, aqui)
domingo, 15 de junho de 2008
Maldivas 1 - Índia 0
A selecção nacional de futebol das Maldivas (população: 300 mil) sagrou-se campeã da Ásia do Sul ao bater a selecção nacional de futebol da Índia (população: mil cento e trinta e dois milhões) por uma bola a zero, ontem, em Colombo. Haverá exemplo melhor de que, pelo menos no futebol, o tamanho não importa?
Spelling Bee
O Scripps National Spelling Bee Contest é um concurso norte-americano em que miúdos (acho que com menos de 12 anos de idade) competem a soletrar palavras inglesas muito difíceis. O interessante é que, quase todos os anos, se contam vários meninos e meninas de origem indiana entre os finalistas. E todos os anos (pelo que percebi este ano) o seu desempenho é acompanhado com muita atenção pelos indianos na Índia.
Este ano ganhou o Sameer Mishra e, durante dois ou três dias, não se falou de outra coisa na comunicação social indiana, secção International ou Entertainment News, e eu cheguei a ver a final inteira a ser transmitida, em diferido, em horário nobre:
A celebração de que a vitória de Mishra foi alvo reflecte uma profunda ansiedade e toda uma Weltanschauung indiana muito peculiar. Mishra não ganhou por ter pintado, nadado ou escrito melhor que os outros - não, isso são áreas demasiado artísticas, subjectivas. Ganhou, aos brancos e aos outros, numa competição muito científica, muito correcta e objectiva, muito clara e racional, em que não há margens para dúvidas (é por isso que o júri está sempre a repetir a palavra e pede que o miúdo faça o mesmo).
Ora, ganhar neste jogo (tal como em competições científicas, tecnológicas e matemáticas internacionais) é, para os indianos, símbolo de poder, de agência, de igualdade (se não superioridade) para com o Ocidente (e o resto). E cá está a importância desta minúscula diáspora indiana na América do Norte, como modo de subjectividade, como representação desterritorializada do potencial de excelência de toda uma nação, de mil e tal milhões de pessoas.
Estes putos sabem soletrar guerdon e coisas assim e assim carregam nos ombros muito mais do que simples interesse por línguas estrangeiras e linguística.
O único problema é que depois, com a pressão toda de uma nação, ficam assim:
Ou, neste caso já norte-americano deveras patológico e desconcertante, assim:
Boa noite.
Redescobrindo: Catmandu
Soft power chinês em acção
Há umas semanas estive num centro comercial muito chique, muito upper middle class, aqui no Sul de Deli e assisti ao The Forbidden Kingdom. Produção ou co-produção chinesa, a 30, 60 ou 90% - não interessa muito. Aqueles cento e tal minutos fazem mais pela imagem da China na Índia do que uma centena de tochas olímpicas, visitas bilaterais e rondas de negociação fronteiriça juntas.
sexta-feira, 13 de junho de 2008
Uma diferença elementar
(Carlos Gaspar, IPRI, aqui)
Inglês de Deli: Lackadaisical
Desestabilizadores
(ontem, na BBC).
terça-feira, 10 de junho de 2008
Sentir a Ásia
Citações de Deli: Sachin Pilot
(daqui)
O exército
Aquilo depois resulta numa violência massificada e ainda mais cruel, incluindo milícias, o chefe da aldeia, tudo aos pontapés, murros e tiros. O interessante é que o conflito alastra, é moderado, agudizado e por fim solucionado por um conjunto de instituições diferentes - a família, a aldeia, a milícia local, etc. - enquanto que o estado (políticos, justiça, polícia) não intervém uma única vez (a certa altura, aparecem uns polícias, mas só mesmo para darem ainda mais porrada em Baghi). Por fim, é o tio de Baghi, um imponente coronel regressado da linha da frente, que se afirma como a figura central, denunciando tudo e todos: "No exército somos todos iguais, como irmãos", moraliza, no fim.
Saberão agora adivinhar qual é a instituição em que os indianos mais depositam confiança, logo após o Supreme Court e a Election Commission.
quarta-feira, 4 de junho de 2008
Goa Trance
Para alguém que era constantemente confrontado com a reacção "ah que giro, mas então a tua avó vive mesmo lá perto das gravuras rupestres?", esta associação era um espectáculo, muito reconfortante e muito cool.
Hoje, ao ver este vídeo, lembro-me, mais uma vez, do meu entusiasmo idiota de então que, inclusive, me levou a criar uma secção especial no Supergoa.com. Lembro-me de apelidar de "conservadores e reacionários" aqueles inúmeros pedidos para retirar aquela secção, porque supostamente "degradante para a imagem de Goa". Em vez disso, via o Goa Trance como uma forma de identificação, como uma possibilidade de afirmação não só pessoal, mas para Goa também. Aqui estava uma ponte para o mundo.
Assim, passava horas na Internet, à procura de um bom documentário sobre o DJ Goa Gil ou as festas nas praias de Vagator, e dos contactos do DJ Pena, um português que parece que tinha estado lá em 1999/2000, para a mega-millennium party no agora podre Paradiso de Anjuna que, mesmo em cima da passagem de ano, foi cancelada por violar as regras de conservação natural da entretanto repetidamente violada e apodrecida faixa costeira goesa.
Lembrei-me de tudo isto, e de mais algumas coisas, enquanto via este vídeo, mesmo agora. Boa noite.
Sons da manhã de Deli
Escrevi este texto algures em 2006. Encontrei-o assim, incompleto, mas acho que ainda merece ser publicado nes
Se há algo em Deli de que me vou lembrar para o resto da vida, são os sons da cidade, os barulhos, as músicas, os gritos, os automóveis e as crianças. É sabido que a Índia é um país propício à exploração máxima dos nossos sentidos, com especial relevância para o olfacto. Talvez por me ter habituado desde cedo aos cheiros, com os caris e sarapatéis cozinhados lá em casa, são assim os sons que mais me têm marcado nesta vida em Deli.
Então, em paralelo, emerge também das trevas o mundo animal. Que coexiste aliás surpreendentemente bem com o mundo humano. Os esquilos descem das árvores, as vacas iniciam a sua procura de comida nos amontoados de lixo, e, obviamente, os pássaros começam a fazer-se ouvir, num familiar coro de melodias. No sentido contrário, as dezenas de cães que patrulham o bairro durante a noite, retiram-se, prontos para enfrentarem mais um dia sonolento.
É por essa altura, com o sol a anunciar-se por trás do prédios, que se ouve a primeira bicicleta a percorrer as pequenas ruas alcatroadas e poeirentas. Uma das suas rodas tem sempre uma falha qualquer, talvez um raio deslocado, e é assim que se anuncia, sonoramente, aos chios, a chegada das notícias do dia. Em cada esquina, o rapaz desce da bicicleta, e, sem recurso a qualquer cábula, faz uso da sua genial memória, retirando o jornal ou a combinação de jornais correcta para cada um das centenas de apartamentos que serve todos os dias.
Outro som peculiar marca esse processo de distribuição. As escadarias dos prédios aqui são abertas; dão portanto para a rua. Em vez de subir e descer as escadas todas, o rapaz enrola o jornal ou os jornais com um anel de borracha, mira o andar respectivo, aponta e atira. Sem falha, de uma distância de dezenas de metros e do meio da rua, ali em baixo, as novidades do dia chegam assim sonoramente à porta de casa, embatendo na parede do meu quarto e caindo com um som de arraste no terraço poeirento.
É agora que começa o movimento dentro das casas. As famílias acordam e na cozinha as empregadas cedem o lugar às mães, indo acordar e vestir as crianças. Os homens, de ceroulas no inverno, de cuecas no verão (é assim que vêm buscar os jornais aos terraços), dão uma breve vista nas letras garrafais das capas da imprensa e vão tomar banho, para depois se sentarem e comerem umas ap ...
domingo, 1 de junho de 2008
O gigante sapo nepalês
Choveram mensagens felicitando o povo nepalês pela proclamação da sua República. Mas esta mensagem, muito educada e sóbria, do Presidente da Lok Sabha (Câmara baixa), especialmente se comparada com este autêntico fogo-de-artifíco retórico norte-americano, diz muito sobre sólida preferência status quoista e conservadora da política externa indiana, não sõ para a região da Ásia do Sul, bem como para o resto do mundo.
Já foi suficientemente complicado engolir o enorme sapo que representa a presença das Nações Unidas e de observadores internacionais aqui logo ao lado, por terras nepalesas, a umas centenas de quilómetros da capital do soberano Raj.
Pior, só mesmo a proclamação de uma república pelos mesmos maoístas que, ainda há três anos, eram abatidos com armas indianas, pelo Exército Real Nepalês, cujo chefe supremo era um monarca autocrata (desculpem a redundância), primo afastado de meia aristocracia indiana e amigo protegido de uma das cabeças que mais (e mal) continuam a influenciar a política do South Block para a região.
Com o (mesmo que muito hiperbolizado) Red Corridor em rápida expansão (Nepal-Andra Pradexe) e os naxalitas a viverem um momento de glória, que até já lhes permite formar governos paralelos em vastas zonas do hinterland tribal, com os outros vermelhos (chineses) a brincarem crescentemente ao jogo muito engraçado que é o "atravessa-a-fronteira-e-foge", com metade do Nepal em vias de declarar independência ou (re-)integração na Índia, com tudo isto, e mais algumas coisas de que eu agora não me lembro, porque já é tarde e estou cansado, é natural que Nova Deli irá engolir muitos mais sapos nepaleses ainda.
Lagaan
Fragmentos da leitura
By madness I mean heavenly enthusiasm, the highest and most intense spirituality of character, in which faith rules supreme over all sentiments and faculties of the mind....The difference between philosophy and madness is the difference between science and faith, between cold dialectics and fiery earnestness, between the logical deductions of the human understanding and the living force of inspiration, such as that which cometh direct from heaven….Philosophy is divine, and madness too is divine….The question naturally suggest itself – why should not men be equally mad for God? (…) Gentlemen, we are going to combine meditation and science, madness and philosophy, and there is no fear of
Keshabchandra Sen (1838-84), filósofo e asceta indiano, líder do Brahmo Samaj, durante a sua palestra “Philosophy and Madness in Religion, proferida em Calcutá a 3 de Março de 1877. Citado em “The Nation and its Fragments”, Partha Chatterjee, p. 40
Quem nos dera
Nove reportagens de luxo, numa série do diário alemão Sueddeutsche Zeitung exclusivamente dedicada à revolução dos transportes e da mobilidade na Índia.
sábado, 31 de maio de 2008
O ignorado mercado turístico indiano
(foto de D. Straughan - thanks!)
Last year, Indian tourists were declared the second highest spenders in Britain (globally) with an average per capita spend of 850 pounds sterling for a duration of 26 days. According to an estimate by VisitBritain, Indians logged 366,745 visits to Britain in 2006 and spent over 315 million pounds, an increase of 89 million pounds from 2005. Indians overtook tourists from Japan as the biggest Asian spender in Britain.
Pior do que o facto de o número de turistas portugueses na Índia continuar a ser mínimo (embora crescente), só mesmo a nossa ignorância sobre a Índia como potencial fonte de turistas para a nossa economia à beira-mar plantada.
Enquanto que outros países europeus há muito que andam na Índia à caça desta classe média e alta indiana com um imenso poder de compra, nós damo-nos ao luxo de negligenciar as mais-valias que nos distinguem e nos beneficiariam potencialmente.
Temos uma capital com um património e cultura marcados por uma centenária ligação colonial à Índia (keyword Vasco da Gama), somos competitivos em termos de preço-qualidade com a maioria das outras cidades do Norte e Centro europeu, oferecemos segurança e o chavão de sermos um dos raros países europeus não atingidos pelo terrorismo bombista, temos a atracção Fátima para os milhões de católicos (e hindus) indianos e, na perspectiva da muito competitiva classe média-alta indiana, em busca obsessiva por distinção e status, Portugal fica off the beaten track: é chique e exótico dizer-se em Deli que se esteve em Lisboa, ao contrário de Paris, Londres, Itália e Roma, já saturadas pela indústria turística dos “ tours empacotados”, para a ralé.
O mais interessante é que, não obstante este nosso atavismo em relação ao potencial deste mercado - e incapacidade de nele promover o nosso país como destino turístico, dizia eu que o mais interessante é mesmo que eu continuo a aterrar regularmente na Portela na companhia de famílias e casais indianos que escolhem Portugal como destino de férias. Não são, portanto, necessárias unhas muito mais afinadas para tocar esta guitarrinha.
Diáspora, ansiedade, inferioridade
Indian-origin boy wins Spelling Bee contest in US
Indian-origin boy Sameer Mishra has won Scripps National Spelling Bee contest, beating 288 children in the 8 to 15 age group.
Seven Indians among top 100 intellectuals
Neighbouring Pakistan and Bangladesh have one name each in the Top 100 - lawyer-politician Aitzaz Ahsan and microfinance guru Mohammed Yunus, while China has four.
Para além de saudar esta goleada indiana aos vizinhos e rivais, aproveito para chamar a atenção para um dos sete premiados indianos, o escritor e pensador Ramachandra Guha, cuja recente obra India After Gandhi é leitura obrigatória para quem quiser continuar a medir o pulso à Índia. Tive o prazer de o conhecer pessoalmente, pela primeira vez, em inícios deste mês, durante uma conferência em Bangalore. O que mais me impressionou é a sua jovialidade e abertura intelectual, que o posicionam claramente numa geração intermédia de intelectuais indianos liberais, geralmente na casa dos 35-50, que é muitas vezes ignorada porque ensanduíchada entre a velha guarda política e os jovens turcos capitalistas.
Polícias portugueses em Goa!
Gente ligada às casas de fado queixa-se que "estas situações estragam a imagem do bairro e vão afastando os turistas. Os nossos clientes são diferentes das pessoas que passaram a frequentar o bairro e a a causar distúrbios na rua". À porta de uma casa de fado, o responsável do estabelecimento disse ao DN que "a solução é policiar isto como deve ser. Em vez de mandarem os nossos polícias para Goa e para outros países, deviam era pô-los aqui no bairro".
Falcão
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Monçao em Deli
Costumo eu dizer que não há chuvas de monção em Nova Deli, que entre Junho e Setembro a capital indiana vive refém da humidade e do calor, perpetuamente à espera de uma pluviosidade refrescante que nunca chega.
Os últimos dias provaram o contrário. Pela primeira vez em quatro anos, a cidade testemunhou uma sucessão de tempestades, ventos e chuvas, coberta de um manto de humidade refrescante. Junho em Deli assim sim.
Capitalizando o mau momento
E pronto, preparava-me eu para, nestes dias, escrever aqui sobre a soberba forma como o Governo indiano tem conseguido evitar aumentar os preços da gasolina e dos derivados petrolíferos, há quase dois anos e à custa de subsídios magníficos, quando a imprensa indiana do dia de ontem (e o vizinho de cima) me saudaram com a reunião extraordinária do Special Group of Ministers e a certeza de que os combustíveis petrolíferos iriam subir entre 5 e 10%.
É natural. Com a sucessão de más notícias e derrotas eleitorais que o Congresso tem sido obrigado a enfrentar nos últimos meses, devem ter avaliado este momento como sendo o ideal para avançar com todas as medidas menos populares, antes das eleições de 2009. Em termos estratégicos políticos, chama-se a isto capitalizar o mau momento.
sábado, 17 de maio de 2008
Comendo em Deli: Tamura
Situado numa cave do bairro residencial e diplomático de Vasant Vihar, no Sul de Deli, o restaurante Tamura é propriedade de um simpático casal japonês (ele) e tailandês (ela). O sucesso já os levou a abrir um segundo restaurante, em Gurgaon, e outro em New Friends Colony. A decoração e o serviço são excelentes, e o ambiente sempre animado (presença garantida de ruidosos grupos de empresários japoneses, sempre à procura de conversa, o que os torna numa excelente fonte para um briefing sobre o estado actual da economia indiana e investimentos!).
Não há dúvida que há um ou outro japonês situado nos hoteis de luxo que oferecem uma qualidade superior, mas a preços quase proibitivos para a bolsa média portuguesa. O Tamura apresenta assim uma excelente opção em termos de preço-qualidade, um jantar para dois ficando por menos de 20 a 30 Euros. Especialmente para quem, numa estadia mais longa na Índia, se sente saturado da comida, especiarias e picantes indianos, esta é uma opção altamente recomendável para "limpar o estômago" (com a ajuda de muito sake, é claro).
Contactos e mais informações aqui.
Confiando: Pagamento
Da importância de Bombaim, Chenai (e Calcutá)
(daqui)
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Inquisição, de novo, diferente
Lembro-me com horror daquelas longas viagens intercontinentais, adolescente, ensanduichado entre um window e um aisle, “I love my India” diziam insistentemente, grandes, gigantescos, desconhecidos e intimidatórios indianos à minha esquerda e direita, que de forma ininterrupta, durante aquelas oito ou nove ou dez horas, me faziam objecto e vítima de um tipo de contra-inquisição, quinhentos anos depois, começando pelo meu nome, pelo dos meus pais, da minha cidade, não, aldeia, passando depois para a profissão dos meus irmãos, a história de vida do meu pai, da minha mãe, avós, as árvores no nosso jardim, porque é que a papaieira nunca deu frutos, o nome do meu cão e da nossa empregada (porque é que só tínhamos uma), quanto custa a vida em Lisboa, sobre a minha viagem sozinho, para onde ia logo que chegasse a Bombaim, se gosto mais de Portugal ou da Índia, se a comida europeia é boa, se não tinha medo, como é o passaporte português, “show me, I want to see”, e eu, no meio, rodeado, sujeito a objecto, submisso, estranhamente cooperante também, talvez por inocência e medo, talvez também porque sabia que não havia naquelas interrogações maldade, violência ou condescendência, como há quinhentos anos, mas uma imensa e muito sincera curiosidade, uma vontade amiga de conhecer e conversar.
KFC Mega Bucket
quarta-feira, 14 de maio de 2008
Dos paus e das cenouras
Distance from Burma has been a crucial factor in determining major players’ approach toward that country. The greater a state’s geographical distance from Burma, the more gung-ho it tends to be.
...
The West, with little financial stake left in a country marginal to its foreign-policy interests, can afford to pursue an approach emphasising high-minded principles over strategic considerations, and isolation over engagement. About 95 per cent of Burma’s trade last year was with other Asian countries.
...
Both carrots and sticks need to be wielded, but not in a way that the sticks get blunted through overuse and the carrots remain distant.
Sobre o Ocidente, a Índia, os paus e as cenouras, a minha crónica na revista Atlântico de Dezembro passado assume agora maior acutilância :
Cenouras para a Birmânia
(...) Mas o consenso indiano é forte: a Birmânia tem que regressar à esfera de influência de Nova Deli, setenta anos depois de se ter separado da Índia Britânica. O desacordo reside, no entanto, na melhor forma de realizar esta ambição.
Os chamados falcons têm assumido uma linha extremamente pragmática, dominante nos últimos anos e assente na cooperação militar. Por outro lado, há um embrionário lóbi que defende a cooperação e integração regional transfronteiriça, não só entre os sete estados do Nordeste indiano e as quatro províncias do Norte da Birmânia (Rakhine, Chin, Sagaing e Kachin), mas também com as províncias fronteiras chinesas do Tibete e do Yunnan e com o Bangladexe.
Estes regionalistas, de inspiração funcionalista e liberal, e da confiança de Manmohan Singh, já têm testado as suas teorias na prática. Estão, por exemplo, por trás das iniciativas da Baía de Bengala (BIMSTEC), de Kunming e do Mekong-Ganga, todas vocacionadas para expandir o soft power económico indiano para a Ásia do Sudeste e para amarrar a China institucionalmente em fóruns multilaterais. Pelo meio, querem também reabrir a histórica Stilwell Road (Índia-Birmânia-China) construída, em 1942, por 15 mil americanos, para placar o avanço japonês.
Não há dúvida que esta segunda vertente da diplomacia indiana para a Birmânia também tem compactuado pontualmente com os generais de Naypyidaw. Mas não deixa de ser uma alternativa credível e construtiva, contrastando com os limitados interesses de segurança chineses (...)
Pérolas do Times of India
New Delhi: A 38-year-old foreign national was allegedly molested inside a spa at a five-star hotel in upscale Vasant Vihar area of south-west Delhi. The police have registered a case of molestation and arrested the accused person. (...)
The victim has said in her complaint: "While the masseur was giving me a head massage, he started molesting me. As I was in semi-conscious state, he continued his act. After a while, another person entered the room, on which he threw a towel on me. The other person went outside, but I woke up." ... "The masseur began massaging my head again, and once more, he molested me. But this time, I caught him and screamed at him. I also informed the staff at the spa centre about the incident," the woman claims.
terça-feira, 13 de maio de 2008
Interesses falam mais alto (Expresso)
No Expresso (Internacional) de Sábado passado:
Interesses falam mais alto
Pink City pintada de vermelho-sangue
Boas notícias, no meio da catástrofe: Não há registo de estrangeiros mortos ou feridos. E pelo que soube por telefone, os portugueses que por lá costumam estar para o intercâmbio AISEC já regressaram a Portugal ou encontram-se de viagem no resto da Índia.
Researching India anew
Researching
Constantino Xavier
With
But the change is most noticeable in research on the contemporary facets of
Although we are all divided by disciplinary boundaries, one element binds us together: the need to rediscover
Constantino Xavier is an M.Phil. scholar in International Politics at JNU,
Fragmentos da leitura
" I was appointed to the House of Lords, on my very first day, laden with a heavy brief case and piles of papers in my hand, I made my way to the House of Lords and saw an English colleague of mine at the gate and he said, “Lord Dholakia, you seem to be very heavily laden with papers. May I carry your bag?” I said, “Please do.” There was a broad smile on my face and he said, “You must be very happy being appointed a member of the House of Lords.” I said, “No, there is another reason and the reason is this that for 250 years my forefathers carried your bags; today, we are equal because you are carrying mine.” "Lord Navnit Dholakia, aqui
A Ibéria prepara-se para aterrar em Deli
Católica na Índia
quinta-feira, 8 de maio de 2008
quarta-feira, 30 de abril de 2008
Índia - Oportunidades cheias de dificuldades
Índia - Oportunidades cheias de dificuldades
Portugal descobriu o caminho marítimo para a Índia há mais de 500 anos, mas infelizmente não soube dar continuidade a essa descoberta no mundo dos negócios. Apenas em 2007 foram enviados estagiários do Contacto para a Índia. Apenas em 2007 um Primeiro-Ministro português visitou a Índia. Apenas em 2007 um Presidente da República português esteve na Índia. Apenas agora estão a ser dados os primeiros passos. Entretanto os restantes países ocidentais já se encontram na Índia há mais de 10 anos. Tudo isto num país que representa um sexto do mercado mundial e que pode ser considerada a verdadeira “Terra das Oportunidades”.
Quatro meses passaram desde a minha chegada a Nova Deli e, daquilo que me foi possível ver até ao momento, apesar de ser um mercado enorme, é um mercado extremamente difícil de entrar. A principal razão, são precisamente os próprios indianos.
Redescobrindo: Nóida e Iamuna
No entanto, os nativos de hindi (especialmente os motoristas de riquexó que, para mim, são um excelente critério para aceder à pronúncia autóctone mais típica) gostam de enfatizar a primeira sílaba e a primeira vogal. Assim, tendo em conta que um simples Noida seria provavelmente lido, por muitos portugueses, como um o fechado (como se fosse Nôida), proponho Nóida, que é a versão exacta do que se pronuncia nas ruas de Deli.
Já agora, como falamos no rio, é natural que o agora pouco majestoso rio Yamuna (muitas vezes aqui pronunciado como Yamna, Jamuna or Jamna) deve ser escrito Iamuna em português (tal como aqui), devendo resistir-se à nossa natural tentação de enfatizar a terceira sílaba (Iamúna).
Assim, Nóida, um subúrbio industrial de Nova Deli, fica do outro lado do rio Iamuna. Mas, como sempre, aceito críticas, correcções e sugestões para afinar esta série e passarmos a escrever a Índia com mais correcção.
Quando o internacional passa a ocidental e vice-versa
Muito interessante, esta volatilidade com que a imprensa e as autoridades indianas se referem a notícias veiculadas pela imprensa estrangeira. Neste caso, uma investigação da BBC que deu conta do envolvimento de tropas de manutenção de paz paquistanesas e indianas em casos de corrupção, contrabando e abuso sexual, entre outros delitos, no Congo.
Independentemente da sua veracidade, é curioso como os militares indianos se referem às acusações como estando a ser "difundidas pelos media ocidentais", fazendo também uma clara alusão a eventuais interesses políticos e estratégicos de bastidores. Passa-se exactamente o oposto quando um qualquer pasquim norte-americano ou inglês dedica um dossier especial sobre um sector qualquer indiano emergente, muito colorido e simpático, cheio de dados e estatísticas (a maioria totalmente erradas).
De forma imediata, os dados e as estatísticas que mais interessam são apropriados pela imprensa indiana, que as estampa nas suas capas e horários nobres. Por ricochete, são depelos citados pelos responsáveis governamentais. O mais interessante é que, ao contrário desta notícia do Congo (vinda da BBC que, afinal, é um dos raros exemplos de comunicação social global), nestes casos o pasquim em questão passa a ser referido não como imprensa ocidental, mas internacional (international media), procurando assim hiperbolizar o impacto da notícia a nível global.
Um exemplo recente, muito interessante porque denunciado publicamente, foi o da Secretária de Estado para os Recursos Humanos, Senhora Purandeshwari que, perante o Parlamento, afirmou que os indianos representavam 36% dos cientistas da NASA, 34% dos empregados da Microsoft e 38% dos médicos nos EUA (números totalmente exagerados, pelo menos por enquanto...).
sábado, 26 de abril de 2008
Sintonia comunista-nacionalista
"Why do we have to use scantily-clad women brought from Europe and America? If we have to have entertainment, we can always have Indian dances by local artistes," he said. "Our culture is very rich and such improper activities should be banned immediately," the BJP leader said. (daqui)