quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Esta vida ressuscitará

Três meses depois do meu regresso a Lisboa, os brutais ataques terroristas ontem em Bombaim (e os jornalistas portugueses hoje) lembram-me que tenho muito mais a partilhar sobre a imensa e bastante enigmática Índia que não só estudo à distância, mas que também me acolheu durante os últimos quatro anos. Noutro formato, embora sempre com este toque pessoal que marcou o A Vida em Deli, esta vida e eu iremos voltar em breve à blogosfera. Para ajudar a projectar mais luz e cor sobre a imensa mancha negra que a Índia ainda representa no nosso mapa-mundo estratégico. Até breve.

domingo, 28 de setembro de 2008

Esta vida termina aqui

Um obrigado a todos os que me ajudaram a iniciar e a continuar este espaço. Um obrigado a todos os que por aqui passaram e comentaram. E um obrigado a todos os que insistiram para que eu o continuasse agora.

Um obrigado a todos os que me visitaram ou me acompanharam em Deli. Foram quatro anos de experiências inesquecíveis, incluindo viagens magníficas por todo o subcontinente, novas amizades e contactos para muitas mais vidas, estudo e investigação profunda sobre um país fascinante, trabalho dedicado como tradutor, correspondente e, já no último ano, na Embaixada, entre muitas outras aventuras e experiências.

Quatro anos depois de chegar à capital indiana, a minha vida em Deli terminou em Agosto passado (regressei a Lisboa) e não faz assim sentido continuar este projecto, pelo menos neste formato, que foi sempre muito pessoal, na primeira pessoa, registando as minhas observações e impressões sobre a Índia.

Deixa também de fazer sentido porque as relações entre Portugal e a Índia atingiram (finalmente) uma nova fase - já há agora um número razoável de portugueses a residir em Nova Deli e noutras cidades indianas (alguns com blogues muito bons), e longe vão os tempos em que, exceptuando os (poucos) diplomatas e um leitor, eu era o único residente português na capital.

Ficam aqui disponíveis os arquivos com mais de mil entradas. E, para terminar, uma mensagem que escrevi ao meu amigo João, em Dezembro de 2003, quando me desloquei, pela primeira vez, a Nova Deli, para avaliar a possibilidade de para lá me mudar definitivamente.

Não pude deixar de sorrir, de forma bastante condescendente, ao lê-la, depois de a descobrir, por acaso, num arquivo electrónico qualquer: é testemunho de quanto estes quatro anos em Deli me desestabilizaram, me mudaram, me enriqueceram.

Até breve,
Constantino


Uma das minhas primeiras fotos, de visita à Nizamuddin Dargah, Nova Deli.

(Dezembro 2003):

"Meu caro,

Sinto-me terrivelmente. Nao sei como explicar. Estou com medo, saudades, triste, inseguro… estou a 11 000 km daquilo que poderia eventualmente chamar CASA, se eh que existe algo assim. Mas, admito, este eh um daqueles momentos em que acredito mesmo haver CASA (home).

Cheguei ontem, depois de 24 horas de comboio. Depois da euphoria de Goa, o desalento em Deli, pelo menos parcial. Vou por pontos

- eh uma cidade enorme, sentes-te muito pequenino pensando que vais ter de sobreviver 2 anos aqui
- uma outra civilizacao: pessoas, arquitectura, lingua, tudo eh diferente, nao ha saidas ah noite, nao ha alcool, nao ha carne…
- professors: todos bastante arrogantes, e, mesmo alguns simpaticos, quase todos anti-ocidente. Tenho de repensar todo o meu discurso e o meu raciocinio. Tudo o que tinha construido como certezas ate agora na vida (poucas, eh certo) esta a ser posto em causa (nacionalismo, esquerda/direita, multiculturalismo etc etc)
- estudantes: todos simpaticos, mas ESTRANHOS, la esta, simplesmente, eles vivem com um orcamento de uns 10 Euros por mes (a serio), e estudam mesmo, porque ser estudante na INDIA eh um PRIVILEGIO. Eles aqui levam a vida de estudo mesmo a serio, tentam todos ser os melhores e passam os dias, principalmente, a estudar.
- Condicoes: o campus eh um monte de ruinas enorme. Estou com um amigo meu, muito boa pessoa, que eh PHD em RI, investigador num grande e moderno instituto, vai para a china na Segunda para uma conferencia, sabe de tudo e mais do que eu e tu. Sabes onde vive (e onde estou alojado esta semana): numa espelunca, um quarto com um pequeno balcao, casas de banho comuns iguais ahs piores que vimos na India, temperatures aqui: entre 2 e 49 graus., agua corrente (fria, claro: 2 horas por dia)
- Orientacao: o mesmo problema anterior: indianos sao pessoas muito estranhas, todos muito nacionalistas, embora a JNU seja um bastiao de esquerda: por todo o lado cartazes apelar ao comunismo, o meu amigo eh ferrenho comunista. Meu dilemma: esquerda comunista e ou socialista vs. fundamentalismo+nacionalismo indiano anti-estrangeiros. Compreendes a minha dificuldade posicional?? Quando o meu amigo me apresenta como half-indian e portuguese citizen “by convenience” ja sao geralmente dois temas de conversa muito delicados que vem logo ah baila…
- Isolamento: ha muitos estrangeiros que ainda vou conhecer, mas, de facto, por 2 anos, vou estar bem isolado de tudo o que me tem rodeado na minha breve vida… mas.. o que sao 2 anos numa longa vida?

Ok, isso sao as primeiras impressoes . mas ainda me vou aclimatizar etc.
Boas coisas:
- os estudantes sao gente BOA. SIMPATICOS e acessiveis. Fazem-se amizades facilmente, toda a gente vive no campus. Ajudam-te em tudo. Aqui, ser estudante, eh aquilo que eu sempre defendi em Lisboa na cartilha (mais ou menos).
- Estou na capital duma futura potencia mundial, muito possivelmente. Ha aqui centros de investigacao, embaixadas, etc uma cidade cosmopolita. Nao vou estar tao isolado
- Vou encontrar-me ainda com muitos outros professors, alguns que me parecem ser muito mais acessiveis dos que encontrei ate agora (por via do meu amigo comunista)
- Embora estudantes digam que eu tenho que viver no campus para viver o espirito, estou disposto a correr um minimo risco de isolamento e viver num apartamento com condicoes perto do campus. Precos bons abaixo dos 75 Euros por mes!
- Tenho uma boa rede de contactos com redes de investigacao, embaixadas e todo o mundo occidental aqui em Deli o que me permite circular nessa rede e manter contactos com ocidente e um certo estilo de vida occidental (concertos, recepcoes, conferencias etc). Avisaram-me que o MA eh muito dificil (you have to study very veriiiii much) mas como ha gente licenciada em jornalismo e gestao a fazer o MA penso que com os meus 4 anos de CPRI ja tenha um bom avanco. So espero que os profs nao me discriminem por ser estrangeiro (nem os estudantes). (...)"

.

domingo, 20 de julho de 2008

Diplomacia não-governamental



Parabéns, mano! Que corra tudo bem no dia 31 - a secção Índia já se encontra activa.

help unity and integrity of the nation

It is high time that in the larger interest of assuring the dignity of the Muslim women and protecting their basic human rights which in turn would help unity and integrity of the nation as well as equality before the laws and equal protection of the laws and thus give a good bye to those provisions of the pre-constitution Muslim personal laws, insofar as those provisions are inconsistent with the provisions of Part III of the Constitution and hence void under Article 13, as have been done in the case of certain provisions of the Hindu Law through new legislations.

Quem não lê o Organiser não compreende nada. Eu não compreendo nada.

King Khan

Das leis

The Prevention of Insults to National Honour Act, 1971

2. Insult to Indian National Flag or Constitution of India
Whoever in any public place or in any other place within public view burns, mutilates, defaces, defiles, disfigures, destroys, tramples upon or otherwise shows disrespect to or brings into contempt (whether by words, either spoken or written, or by acts) the Indian National Flag or the Constitution of India or any part thereof, shall be punished with imprisonment for a term which may extend to three years, or with fine, or with both.

(aqui)

Imagens de Deli: Pushkar

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Contacto Goa

O último Magazine Contacto Goa é todinho ele dedicado à influência goesa na indústria cinematográfica de Bollywood. O tema é interessante mas o programa arrasta-se numa sucessão de entrevistas e a apresentação um tanto monótona de Francisco Veres Machado não ajuda muito. Mesmo assim, este Magazine quinzenal é uma iniciativa inédita, e muito louvável (que já vai na terceira série, sempre com o carimbo da muito dinâmica e jovem Nalini de Sousa), que dá a conhecer, de forma bastante sucinta, ao público português não só uma outra Goa, mas também uma outra Índia. A ver on-line.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Imagens de Deli: Três escritas (Pushkar)

Excuse me, Mr. Zimler? (Sidh Mendiratta)

O Sidh adiantou-se e, por isso, resta-me subscrever inteiramente este post e comentário dele:

WR: Richard, what amazes me about your book is that you have never visited Goa and yet one gets a distinct impression as if you spent a year here...

RZ: What a wonderful compliment! I wanted to go to Goa, but English and Portuguese friends kept telling me how much it has changed over the last forty or fifty years, and I was worried that some aspect of its present landscape and culture would "infiltrate" the picture I had already formed in my head of Goa at the end of the 16th century. I didn't want to risk any modern details in the book – anything that wouldn't be accurate for the 16th and 17th centuries – so I didn't go.

(from an interview to Richard Zimler, published in the Goan Daily "Herald")

Ok...I have to get this one straight...Zimler formed an image of Goa at the end of the 16th century by working in the libraries and archives of Portugal or Europe. Possibly by looking at images of landscapes, buildings, objects and people. And when he had to decide if he should visit Goa, he took the advice of some people who told him Goa had changed a lot since 1961 and thought it better to stay put.

This means he did not consider it important to see or hear what the Goans - or Indians - think of the Inquisition or what traces this phenomenon has left in Goan culture and landscape. Therefore, his books relapses into a classical form of Orientalism - Zimler detatches himself from his topic, avoiding the "breathing in" and the first hand observation of the present culture whose past and historical phenomena he describes.

And I just wonder if it was a Portuguese of Goan background who influenced his decision not to visit this place...this place that continues weaving and exporting black legends.

(daqui, onde recentemente se tem podido acompanhar um soberbo périplo indiano)

Aliança capital-nação

Este vídeo, que é self-explanatory e portanto não precisa de grandes interpretações, merece um pequeno apontamento adicional.

No fim, reparem no jovem à espera que o Maruti-Suzuki lhe dê boleia, para chegar a tempo a casa para as celebrações do festival hindu Divali. Atrás dele está parado um típico autocarro indiano, velho e podre, sobrecarregado, atrasado e lento, rodeado de muitos outros indianos (a vestimenta indicando tratar-se de muçulmanos). Mas eles que se amanhem. India cannot wait.

Outra vez a Lufthansa

Estou aqui a comer uma deliciosa chamuça que comprei ali em baixo, na esquina, por três Rupias, e a Lufthansa convida-me, por e-mail, a "saborear a Índia por 499 Euros" (ida e volta, taxas incluídas).

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Imagens de Deli: Pushkar (2004)

Foreigners Regional Registration Office

À entrada encontra-se um funcionário que aponta os detalhes dos passaportes e dos registration certificates de todos os estrangeiros num gigantesco livro. "Queue karo, queue, queue", exclama, de dois em dois minutos, o polícia ao lado, procurando incutir um sentido de ordem na multidão internacional que observa, com muita impaciência, a imensa lentidão com que as colunas e as linhas são preenchidas por números e letras ilegíveis.

Os afegãos, os birmaneses, os tibetanos, os africanos, e todos os outros cujo tom de pele aparenta uma origem terceiro mundista, integram a fila que é violada por um outro penetra, geralmente agentes indianos que vêm em representação de grandes empresas, embaixadas ou estrangeiros mais abastados.

As meninas e os meninos mochileiros, normalmente israelitas e franceses, fingem-se ignorantes e passam por tudo e por todos sem pestanejarem. O polícia, intimidado, finge que não vê. Já os japoneses e chineses são mandados parar de forma lacónica: "Stop, passport, sign, queue, there".

Quando o funcionário vai tomar chá, ou almoçar, o controlo é interrompido e entram todos. Fica lá o polícia, muito alto e desajeitado, com aquela espingarda anacrónica nas mãos, a olhar impotente para o livro aberto, para a caneta inerte e para o imparável fluxo de gente estranha.

Imagens de Deli: Check-in numa guest-house

A Lusa não lê este blogue

Imprensa embaraçada com detenção de nazi

Contactado ontem pela Lusa, o porta-voz da embaixada da Alemanha em Nova Deli, Philip Ackermann, negou veementemente a história, considerando-a uma "invenção" de um "bloguista" indiano, que rapidamente se estendeu aos media locais.

Os contornos e razões da notícia são confusos, mas todos coincidem quanto à origem dos factos: alegadamente um bloguer não identificado.

(hoje no DN, aqui)

terça-feira, 1 de julho de 2008

Goa, o nazi Bach e a imprensa indiana

Presumi eu logo tratar-de de uma mentira de 1 de Abril bastante atrasada, mas nas redacções dos grandes jornais indianos pensaram diferente (ou melhor, não pensaram nada).

Soube-se agora que a história do suposto coronel nazi Johann Bach, preso em Goa, numa operação conjunta dos serviços secretos alemães e indianos, originou numa press release falsa de um conjunto de bloggers-jornalistas goeses (alguns meus conhecidos e amigos) que procuram denunciar a face mais negra da imprensa goesa e indiana.

Excelente! Mas o mais assustador é que esta notícia não só foi difundida largamente. Assim, os grandes jornais indianos, incluindo o Indian Express, o Calcutta Telegraph e o Times of India, difundiram a "notícia" sem a confirmarem com as autoridades competentes, e em certos casos inventaram, pura e simplesmente, novos factos (segundo o Express, Bach já tinha sido deportado para a Alemanha) ou deram-lhe mesmo uma soberba cobertura gráfica (um mapa com os vários países pelos quais Bach teria supostamente passado nos últimos anos, com o preciosismo de notar o Iémen como "unconfirmed"!).


Já agora: "Perus Narkp", indicado como o braço de espionagem da Senhora Merkel, é um anagrama para “Super Prank”. O comunicado de imprensa anunciava “Eht rea enp cabk skripc” como o lema desta super-organização secreta, outro anagrama para “The Pen Pricks are back”. The Pen Pricks é o blogue dos autores desta super-brincadeira.

Mais a sério: já se escreveu muito sobre as limitações da Internet como fonte de informação para quem quiser desenvolver um trabalho sério e aprofundado sobre outros países e outras realidades. Este caso demonstra-o novamente, de forma exemplar: as notícias continuam lá, em linha, nos sites dos mais prestigiados órgãos de comunicação social indianos.

Quando porventura alguém, daqui a umas semanas ou meses, estiver à procura de se inteirar rapidamente sobre a criminalização transnacional do estado de Goa, sobre as regras de deportação bilateral entre a Índia e a União Europeia, sobre a cooperação entre serviços de informações indianos e estrangeiros, ou sobre criminosos nazis refugiados em África e na Ásia, é muito provável que chegará a esta notícia googlando e que depois a ela se referirá, no seu trabalho, relatório, crónica ou post.

Imagens de Deli: Manali-Leh (2006)

domingo, 29 de junho de 2008

Activists e Terrorists, Nós e os Outros

Esta "notícia" é um gigantesco eufemismo e uma celebração da hipocrisia e incoerência que assolam a subjectividade indiana em relação ao tema "terrorismo". Cá se dá conta da detenção de dois militantes de organizações extremistas hindus, por supostamente terem colocado bombas em cinemas para protestar contra a exibição de um filme.

Os explosivos afinal parece que "only" feriram sete pessoas, mas lembro-me que, imediatamente após os atentados, no início do mês, mereceram grande destaque na imprensa ("Terror strikes again"), com muitas fotos e muito sangue - hideous! E o facto de terem sido interrogadas 1500 pessoas pela Anti-Terrorist Squad de Bombaim prova que as autoridades levaram os ataques muito a sério.

Mas, "2 Hindu activists", observa agora o título da notícia. Activists? Activists, pois sim!

Terrorists, militants, extremists, radicals, anti-social elements, isso está tudo reservado para os Outros. Estes são só, pura e simplesmente, activists, tal como os ambientalistas que se opõem à barragem do Nármada. Activists tal como os que agora querem ver o urso prisioneiro libertado e reunido com o seu dono.

Activists
tal como os que amanhã vão marchar na primeira Delhi Queer Pride Parade? Aguardo com ansiedade a chegada dos jornais na Segunda de manhã, para ver como a sempre objectiva e neutra imprensa se lhes referirá.

Relacões sino-indianas

sábado, 28 de junho de 2008

Dhaba

Enquanto a minha motoreta vai a conserto, sento-me no banquinho de madeira de uma pequena dhaba, peço uma Pepsi bem fresquinha e olho à volta, com muita clama, à procura de preservar o meu já fragilizado poder de observação.

Finalmente, após alguns minutos, encontro algo. No bolso da frente da camisa do ajudante - um miúdo de sete ou oito anos - dança uma escova de dentes, escura.

“Sir, one more Pepsi?”, sorriem-me os seus dentes brancos.

Imagens de Deli: Palácio do Deão (Goa)

Fabuloso, surreal: Nazi preso em Goa

(A amarelo, as partes mais "interessantes" e as gralhas (?) mais berrantes: isto ainda vai dar um blockbuster em Hollywood, ou alguém se enganou no calendário e pensou que o 1 de Abril foi ontem...)

Nazi war criminal held on Goa border

PANJIM, JUNE 27 — A German intelligence wing succeeded in nabbing Johann Bach – who was responsible for World War II genocide of Jews – in the jungles of Khanapura on the border of Goa and Karnataka after tracking him from Calangute.
Perus Narkp, the intelligence wing of the Berlin based German Chancellor’s Core, with the help of senior intelligence officials of the Indian government, have located and apprehended Johann Bach, an absconding high-ranking Waffen SS (Schutzstaffel) colonel in the Germany’s former Nazi party, said a press release issued here.
The release stated that 88-year-old Bach was posted as a senior adjutant at the Marsha Tikash Whanaab concentration camp in East Berlin and was responsible for the genocide of more than 12,000 Jews in World War II. More than any other offenders who have been prosecuted in the Nuremberg trials, which were set up to look into heinous war crimes during the World War II.
He had been absconding for more than 50 years after.
Bach has been apprehended and taken to a safe location in a joint top secret operation conducted by the Perus Narkp and intelligence officials of the Indian Ministry of Home Affairs.
After the Perus Narkp received a tip off from its sources that Bach was in Calangute region of Goa, he was placed under observation for the last six months. According to Marsha Tikash Whanaab concentration camp documents seized by the Allied forces after World War II, Bach was responsible for the exploitation and death of more than 12,000 Jews in his concentration camps. He has been absconding since the fall of the Third Reich.
Bach’s acts were incidentally also glossed over in the Nuremberg Trials. The case against him was revived following reports in the Israeli media, which claimed that Bach had resurfaced in India.
The Perus Narkp followed the India lead with the help of its counterpart intelligence agencies in India. The Perus Narkp then received a lead which informed about an old foreigner wanting to sell an antique, priceless 18th century piano. A similar piano had been reported missing from an East Berlin museum (in close proximity of Marsha Tikash Whanaab concentration camp) after World War II.
The absconder had been hiding in Goa for the last few months under a fake name in Calangute. His preliminary interrogation has revealed that he has earlier stayed in Argentina, Bulgaria, Yemen, Canada and then in Goa, the release stated.

(daqui, no sempre fantástico Heraldo)
(e na imprensa alemã, nem uma única linha até agora...).

quinta-feira, 26 de junho de 2008

O amigo Nirodh

Desestabilizadores

As many as 10,000 mobile phones were sold in India every hour during January–March 2007­–08, according to the IDC's Asia/Pacific Quarterly Mobile Phone Tracker.

Redescobrindo: Gualior

O duplo-v não existindo na língua de Camões, a bela cidade de Gwalior requer a atenção desta série. A tentação portuguesa, rendida aos anglicismos dominantes, é andar pela estação ferroviária de Agra a perguntar pelo comboio para GE-VÁ-LI-ÓR. Claro que só atraíra a atenção dos aldrabões do costume e acabará o dia numa guest-house manhosa em Ghaziabad.

Respeitando a pronúncia autóctone, parece-me que deveria ser Gualior. Tendo em conta que esta é uma cidade histórica (coroada por um dos mais magníficos fortes do subcontinente), e que era passagem obrigatória para os jesuítas portugueses quinhentistas a caminho de Agra, seria interessante pesquisar como é que nós escrevíamos e pronunciávamos esta cidade no passado.

Sobre o zero de Gualior

Jorge Buesco, sobre uma placa histórica em Gualior e o mito da invenção do algarismo 0.

O zero de Gwalior

Do divórcio e da religião hindu

The concept of divorce has been traditionally alien to Hindu marriage. In 1955, parliament enacted the HMA [Hindu Marriage Act], allowing divorce. Either spouse may seek dissolution of marriage on grounds of infidelity, cruelty, desertion and conversion, or if the other party has renounced the world, suffers from a mental illness, incurable leprosy or communicable venereal disease.

Divorce is allowed by mutual consent, or if a spouse has been thought to be dead for seven years. Law Commission member Tahir Mahmood agreed with the court’s views. “The law doesn’t conform to the ethos of Hindus. We don’t expect Hindu men or women to charge their spouses with cruelty and seek divorce. Also, the law has certain shortcomings... like, the word cruelty has not been defined,” he said.

(daqui)

Imagens de Deli: Railway station

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Brasil na Índia

Paulo Antônio Pereira Pinto, Cônsul-Geral brasileiro em Bombaim, exímio conhecedor da Ásia e um dos motores da poderosa aproximação indo-brasileira em curso: Mesa Redonda “China e Índia – A Soft Power da Imponência do Dragão e da Elegância do Elefante

E, pelo meio, ainda tem tempo para dar saltos estratégicos a Goa (futebol e carnaval, pois claro).

Desestabilizadores

Mais de metade das crianças indianas com menos de cinco anos de idade não têm acesso a cuidados de saúde básicos. (daqui)

Relações indo-paquistanesas

The great Indian middle class

This is the newly emergent middle class that an open India has thrown up: crass, belligerent and reckless. It is the polar opposite of the privileged classes that presided over closed India: snobbish, full of intrigue and cautious. There’s not much to choose between the two. The new one is vile; the other was servile. While I have been a champion of the emergent middle class, I guess my view was colored by my utter disdain for the privilegentsia of Fabian socialist India. The new middle class is just as hideous as the privilegentsia. I call them the Vulgarians.

(Rajiv N Desai, aqui)

domingo, 15 de junho de 2008

Maldivas 1 - Índia 0



A selecção nacional de futebol das Maldivas (população: 300 mil) sagrou-se campeã da Ásia do Sul ao bater a selecção nacional de futebol da Índia (população: mil cento e trinta e dois milhões) por uma bola a zero, ontem, em Colombo. Haverá exemplo melhor de que, pelo menos no futebol, o tamanho não importa?

Spelling Bee

Eu já aqui tinha feito uma referência, mas não resisto voltar à cobertura noticiosa que mais me impressionou nos meses recentes.

O Scripps National Spelling Bee Contest é um concurso norte-americano em que miúdos (acho que com menos de 12 anos de idade) competem a soletrar palavras inglesas muito difíceis. O interessante é que, quase todos os anos, se contam vários meninos e meninas de origem indiana entre os finalistas. E todos os anos (pelo que percebi este ano) o seu desempenho é acompanhado com muita atenção pelos indianos na Índia.

Este ano ganhou o Sameer Mishra e, durante dois ou três dias, não se falou de outra coisa na comunicação social indiana, secção International ou Entertainment News, e eu cheguei a ver a final inteira a ser transmitida, em diferido, em horário nobre:



A celebração de que a vitória de Mishra foi alvo reflecte uma profunda ansiedade e toda uma Weltanschauung indiana muito peculiar. Mishra não ganhou por ter pintado, nadado ou escrito melhor que os outros - não, isso são áreas demasiado artísticas, subjectivas. Ganhou, aos brancos e aos outros, numa competição muito científica, muito correcta e objectiva, muito clara e racional, em que não há margens para dúvidas (é por isso que o júri está sempre a repetir a palavra e pede que o miúdo faça o mesmo).

Ora, ganhar neste jogo (tal como em competições científicas, tecnológicas e matemáticas internacionais) é, para os indianos, símbolo de poder, de agência, de igualdade (se não superioridade) para com o Ocidente (e o resto). E cá está a importância desta minúscula diáspora indiana na América do Norte, como modo de subjectividade, como representação desterritorializada do potencial de excelência de toda uma nação, de mil e tal milhões de pessoas.

Estes putos sabem soletrar guerdon e coisas assim e assim carregam nos ombros muito mais do que simples interesse por línguas estrangeiras e linguística.

O único problema é que depois, com a pressão toda de uma nação, ficam assim:



Ou, neste caso já norte-americano deveras patológico e desconcertante, assim:



Boa noite.

Imagens de Deli: Bôpal

Redescobrindo: Catmandu

Se há alguém que não só lê, bem como aprofunda a série Redescobrindo que vou mantendo neste espaço, é o Diário de Notícias. Os textos sobre a Índia e a Ásia do Sul são sempre escritos com um cuidado só raramente visto na imprensa portuguesa, em especial no que concerne a transcrição da toponímia desta região do mundo. Neste caso, avança, por exemplo, com um muito correcto Catmandu. Correcto, por enquanto?

Soft power chinês em acção


Há umas semanas estive num centro comercial muito chique, muito upper middle class, aqui no Sul de Deli e assisti ao The Forbidden Kingdom. Produção ou co-produção chinesa, a 30, 60 ou 90% - não interessa muito. Aqueles cento e tal minutos fazem mais pela imagem da China na Índia do que uma centena de tochas olímpicas, visitas bilaterais e rondas de negociação fronteiriça juntas.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Uma diferença elementar

Por certo, o lugar da nova comunidade global das democracias não é idêntico na versão do candidato republicano e na do candidato democrata. Na visão neo-conservadora trata-se de restaurar a clivagem central da Guerra Fria entre as democracias e as tiranias – a China, a Rússia, o Irão –, mas, na visão liberal, trata-se apenas de fortalecer o dispositivo estratégico norte-americano na construção de uma nova arquitectura multilateral, indispensável para integrar as grandes potências em ascensão desde o fim da Guerra Fria.

(Carlos Gaspar, IPRI, aqui)

Inglês de Deli: Lackadaisical

Um termo recorrente nos panfletos políticos na JNU, utilizado até à exaustão, para denunciar a passividade e inércia da reitoria, do governo, da polícia etc. Diz aqui que é um termo de 1768 - não me surpreende. Lackadaisical - uma palavra que associarei para sempre a esta vida em Deli.

Desestabilizadores

A Índia tem hoje muito menos veículos ligeiros do que os Estados Unidos tinham em 1920.
(ontem, na BBC).

Imagens de Deli: Músicos, Delhi Gate

terça-feira, 10 de junho de 2008

Sentir a Ásia

Estão quase 40ºC lá fora, a humidade ao máximo, a casa inteira cheira a chamuças que a vizinha anda a fritar durante o dia inteiro... e a Lufthansa tem a lata de me convidar a "sentir a Ásia" ?!

Citações de Deli: Sachin Pilot

“For 60 years, the reservation policy has continued; the time has come for Indian political parties to rethink the criteria for reservations. It is important to see what other parameters can be evolved so that anyone who really needs reservations gets it,” Mr Pilot said.

(daqui)

O exército

Há umas semanas, com os canais por cabo sem sinal, fui parar ao canal público Doordarshan que estava a emitir um filme bastante antigo, parece-me que chamado "Baghi". Trata de uma família dálite (intocável) no Panjabe, cuja filha (Baghi), muito bonita e inteligente, mantém uma relação amorosa com o filho do chefe da aldeia, um temível sique de casta alta. Claro que a coisa dá para o torto e descamba numa violência brutal, a jovem Baghi sendo espancada pelo próprio pai, por tê-lo colocado numa situação embaraçosa perante toda a aldeia.

Aquilo depois resulta numa violência massificada e ainda mais cruel, incluindo milícias, o chefe da aldeia, tudo aos pontapés, murros e tiros. O interessante é que o conflito alastra, é moderado, agudizado e por fim solucionado por um conjunto de instituições diferentes - a família, a aldeia, a milícia local, etc. - enquanto que o estado (políticos, justiça, polícia) não intervém uma única vez (a certa altura, aparecem uns polícias, mas só mesmo para darem ainda mais porrada em Baghi). Por fim, é o tio de Baghi, um imponente coronel regressado da linha da frente, que se afirma como a figura central, denunciando tudo e todos: "No exército somos todos iguais, como irmãos", moraliza, no fim.

Saberão agora adivinhar qual é a instituição em que os indianos mais depositam confiança, logo após o Supreme Court e a Election Commission.

Imagens de Deli: Corbett National Park

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Goa Trance

Houve um tempo, lá para 1997 ou 1998 (quando eu ainda jogava nas distritais, a defesa esquerdo), em que eu me orgulhava das minhas origens goesas, porque nessa altura as pessoas - tanto o nosso médio Sérginho, bem como o Vasconcellos Guimarães na Escola Alemã - identificavam Goa logo com o Goa Trance, os sons psicadélicos que então estavam tão na moda e atraíam milhares ao Boom Festival alentejano.

Para alguém que era constantemente confrontado com a reacção "ah que giro, mas então a tua avó vive mesmo lá perto das gravuras rupestres?", esta associação era um espectáculo, muito reconfortante e muito cool.

Hoje, ao ver este vídeo, lembro-me, mais uma vez, do meu entusiasmo idiota de então que, inclusive, me levou a criar uma secção especial no Supergoa.com. Lembro-me de apelidar de "conservadores e reacionários" aqueles inúmeros pedidos para retirar aquela secção, porque supostamente "degradante para a imagem de Goa". Em vez disso, via o Goa Trance como uma forma de identificação, como uma possibilidade de afirmação não só pessoal, mas para Goa também. Aqui estava uma ponte para o mundo.

Assim, passava horas na Internet, à procura de um bom documentário sobre o DJ Goa Gil ou as festas nas praias de Vagator, e dos contactos do DJ Pena, um português que parece que tinha estado lá em 1999/2000, para a mega-millennium party no agora podre Paradiso de Anjuna que, mesmo em cima da passagem de ano, foi cancelada por violar as regras de conservação natural da entretanto repetidamente violada e apodrecida faixa costeira goesa.

Lembrei-me de tudo isto, e de mais algumas coisas, enquanto via este vídeo, mesmo agora. Boa noite.

Sons da manhã de Deli


Escrevi este texto algures em 2006. Encontrei-o assim, incompleto, mas acho que ainda merece ser publicado nesta vida em Deli.



Se há algo em Deli de que me vou lembrar para o resto da vida, são os sons da cidade, os barulhos, as músicas, os gritos, os automóveis e as crianças. É sabido que a Índia é um país propício à exploração máxima dos nossos sentidos, com especial relevância para o olfacto. Talvez por me ter habituado desde cedo aos cheiros, com os caris e sarapatéis cozinhados lá em casa, são assim os sons que mais me têm marcado nesta vida em Deli.

Logo de madrugada, com o sol ainda por nascer, ouvem-se os primeiros ruídos que testemunham e marcam o início de um novo dia. São as empregadas domésticas que acordam, ligam as luzes e iniciam as suas tarefas, incluindo acordar as crianças para a escola, fazer o chá e preparar o farnel para o pai da família. Qualquer família nesta área residencial de classe média tem, pelo menos, uma destas empregadas (maioritariamente do Biar ou do Nepal), e na maioria dos casos elas residem a tempo inteiro em sua casa.

Mas antes mesmo de executarem essas tarefas madrugadoras, as empregadas gozam uns poucos minutos de privacidade e solidão. Oiço-as então a tomarem banhos de balde, com a água a escorrer pelos inúmeros canos de esgoto e, nos casos em que a janela da casa de banho dá para o meu balcão, ouve-se mesmo a água a gotejar e a escorrer pelo chão.

Então, em paralelo, emerge também das trevas o mundo animal. Que coexiste aliás surpreendentemente bem com o mundo humano. Os esquilos descem das árvores, as vacas iniciam a sua procura de comida nos amontoados de lixo, e, obviamente, os pássaros começam a fazer-se ouvir, num familiar coro de melodias. No sentido contrário, as dezenas de cães que patrulham o bairro durante a noite, retiram-se, prontos para enfrentarem mais um dia sonolento.

É por essa altura, com o sol a anunciar-se por trás do prédios, que se ouve a primeira bicicleta a percorrer as pequenas ruas alcatroadas e poeirentas. Uma das suas rodas tem sempre uma falha qualquer, talvez um raio deslocado, e é assim que se anuncia, sonoramente, aos chios, a chegada das notícias do dia. Em cada esquina, o rapaz desce da bicicleta, e, sem recurso a qualquer cábula, faz uso da sua genial memória, retirando o jornal ou a combinação de jornais correcta para cada um das centenas de apartamentos que serve todos os dias.

Outro som peculiar marca esse processo de distribuição. As escadarias dos prédios aqui são abertas; dão portanto para a rua. Em vez de subir e descer as escadas todas, o rapaz enrola o jornal ou os jornais com um anel de borracha, mira o andar respectivo, aponta e atira. Sem falha, de uma distância de dezenas de metros e do meio da rua, ali em baixo, as novidades do dia chegam assim sonoramente à porta de casa, embatendo na parede do meu quarto e caindo com um som de arraste no terraço poeirento.

É agora que começa o movimento dentro das casas. As famílias acordam e na cozinha as empregadas cedem o lugar às mães, indo acordar e vestir as crianças. Os homens, de ceroulas no inverno, de cuecas no verão (é assim que vêm buscar os jornais aos terraços), dão uma breve vista nas letras garrafais das capas da imprensa e vão tomar banho, para depois se sentarem e comerem umas ap ...

Nas calmas

Global 1.0, 2.0, 3.0, 7624.0 ...

(mesmo assim, recomendo a leitura)

Any company that clings to this Global 1.0 paradigm is in for a rude surprise. We're not just nearing the end of that era; I believe we're past it. We've now entered the early stages of "Global 2.0," an era where the most successful companies will look for ideas and innovation anywhere to meet customer needs everywhere. Only the organizations that adopt a flexible "worldsourcing" approach to their business models will survive.

domingo, 1 de junho de 2008

O gigante sapo nepalês



Choveram mensagens felicitando o povo nepalês pela proclamação da sua República. Mas esta mensagem, muito educada e sóbria, do Presidente da Lok Sabha (Câmara baixa), especialmente se comparada com este autêntico fogo-de-artifíco retórico norte-americano, diz muito sobre sólida preferência status quoista e conservadora da política externa indiana, não sõ para a região da Ásia do Sul, bem como para o resto do mundo.

Já foi suficientemente complicado engolir o enorme sapo que representa a presença das Nações Unidas e de observadores internacionais aqui logo ao lado, por terras nepalesas, a umas centenas de quilómetros da capital do soberano Raj.

Pior, só mesmo a proclamação de uma república pelos mesmos maoístas que, ainda há três anos, eram abatidos com armas indianas, pelo Exército Real Nepalês, cujo chefe supremo era um monarca autocrata (desculpem a redundância), primo afastado de meia aristocracia indiana e amigo protegido de uma das cabeças que mais (e mal) continuam a influenciar a política do South Block para a região.

Com o (mesmo que muito hiperbolizado) Red Corridor em rápida expansão (Nepal-Andra Pradexe) e os naxalitas a viverem um momento de glória, que até já lhes permite formar governos paralelos em vastas zonas do hinterland tribal, com os outros vermelhos (chineses) a brincarem crescentemente ao jogo muito engraçado que é o "atravessa-a-fronteira-e-foge", com metade do Nepal em vias de declarar independência ou (re-)integração na Índia, com tudo isto, e mais algumas coisas de que eu agora não me lembro, porque já é tarde e estou cansado, é natural que Nova Deli irá engolir muitos mais sapos nepaleses ainda.

Lagaan

Ver este filme equivale a ler quinze crónicas de Shashi Tharoor no Times of India (ou um livro dele; é a mesma coisa), para quem quiser "compreender a Índia de hoje" (tecnicamente impossível).

Fragmentos da leitura

By madness I mean heavenly enthusiasm, the highest and most intense spirituality of character, in which faith rules supreme over all sentiments and faculties of the mind....The difference between philosophy and madness is the difference between science and faith, between cold dialectics and fiery earnestness, between the logical deductions of the human understanding and the living force of inspiration, such as that which cometh direct from heaven….Philosophy is divine, and madness too is divine….The question naturally suggest itself – why should not men be equally mad for God? (…) Gentlemen, we are going to combine meditation and science, madness and philosophy, and there is no fear of India relapsing into ancient mysticism”

Keshabchandra Sen (1838-84), filósofo e asceta indiano, líder do Brahmo Samaj, durante a sua palestra “Philosophy and Madness in Religion, proferida em Calcutá a 3 de Março de 1877. Citado em “The Nation and its Fragments”, Partha Chatterjee, p. 40

Quem nos dera



Nove reportagens de luxo, numa série do diário alemão Sueddeutsche Zeitung exclusivamente dedicada à revolução dos transportes e da mobilidade na Índia.

sábado, 31 de maio de 2008

O ignorado mercado turístico indiano



(foto de D. Straughan - thanks!)

Last year, Indian tourists were declared the second highest spenders in Britain (globally) with an average per capita spend of 850 pounds sterling for a duration of 26 days. According to an estimate by VisitBritain, Indians logged 366,745 visits to Britain in 2006 and spent over 315 million pounds, an increase of 89 million pounds from 2005. Indians overtook tourists from Japan as the biggest Asian spender in Britain.

Pior do que o facto de o número de turistas portugueses na Índia continuar a ser mínimo (embora crescente), só mesmo a nossa ignorância sobre a Índia como potencial fonte de turistas para a nossa economia à beira-mar plantada.

Enquanto que outros países europeus há muito que andam na Índia à caça desta classe média e alta indiana com um imenso poder de compra, nós damo-nos ao luxo de negligenciar as mais-valias que nos distinguem e nos beneficiariam potencialmente.

Temos uma capital com um património e cultura marcados por uma centenária ligação colonial à Índia (keyword Vasco da Gama), somos competitivos em termos de preço-qualidade com a maioria das outras cidades do Norte e Centro europeu, oferecemos segurança e o chavão de sermos um dos raros países europeus não atingidos pelo terrorismo bombista, temos a atracção Fátima para os milhões de católicos (e hindus) indianos e, na perspectiva da muito competitiva classe média-alta indiana, em busca obsessiva por distinção e status, Portugal fica off the beaten track: é chique e exótico dizer-se em Deli que se esteve em Lisboa, ao contrário de Paris, Londres, Itália e Roma, já saturadas pela indústria turística dos “ tours empacotados”, para a ralé.

O mais interessante é que, não obstante este nosso atavismo em relação ao potencial deste mercado - e incapacidade de nele promover o nosso país como destino turístico, dizia eu que o mais interessante é mesmo que eu continuo a aterrar regularmente na Portela na companhia de famílias e casais indianos que escolhem Portugal como destino de férias. Não são, portanto, necessárias unhas muito mais afinadas para tocar esta guitarrinha.

Diáspora, ansiedade, inferioridade

Notícia de destaque, no Hindustan Times de hoje, retirada da agência de notícias pública indiana (PTI):

Indian-origin boy wins Spelling Bee contest in US

Indian-origin boy Sameer Mishra has won Scripps National Spelling Bee contest, beating 288 children in the 8 to 15 age group.

Publicidade

Seven Indians among top 100 intellectuals

Para o leitor indiano, esta é a parte mais importante da notícia:

Neighbouring Pakistan and Bangladesh have one name each in the Top 100 - lawyer-politician Aitzaz Ahsan and microfinance guru Mohammed Yunus, while China has four.


Para além de saudar esta goleada indiana aos vizinhos e rivais, aproveito para chamar a atenção para um dos sete premiados indianos, o escritor e pensador Ramachandra Guha, cuja recente obra India After Gandhi é leitura obrigatória para quem quiser continuar a medir o pulso à Índia. Tive o prazer de o conhecer pessoalmente, pela primeira vez, em inícios deste mês, durante uma conferência em Bangalore. O que mais me impressionou é a sua jovialidade e abertura intelectual, que o posicionam claramente numa geração intermédia de intelectuais indianos liberais, geralmente na casa dos 35-50, que é muitas vezes ignorada porque ensanduíchada entre a velha guarda política e os jovens turcos capitalistas.

Polícias portugueses em Goa!

No Diário de Notícias, de 26 de Maio passado, sobre o Bairro Alto, em Lisboa:

Gente ligada às casas de fado queixa-se que "estas situações estragam a imagem do bairro e vão afastando os turistas. Os nossos clientes são diferentes das pessoas que passaram a frequentar o bairro e a a causar distúrbios na rua". À porta de uma casa de fado, o responsável do estabelecimento disse ao DN que "a solução é policiar isto como deve ser. Em vez de mandarem os nossos polícias para Goa e para outros países, deviam era pô-los aqui no bairro".

Falcão

When will Delhi learn that renewed Chinese claims on Arunachal Pradesh and Sikkimese territory are best countered, not by craven, mealy-mouthed statements of the kind external affairs minister Pranab Mukherji mustered, but by renouncing the Indian position that Tibet is part of China (?) (Bharat Karnad, aqui)

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Monçao em Deli



Costumo eu dizer que não há chuvas de monção em Nova Deli, que entre Junho e Setembro a capital indiana vive refém da humidade e do calor, perpetuamente à espera de uma pluviosidade refrescante que nunca chega.

Os últimos dias provaram o contrário. Pela primeira vez em quatro anos, a cidade testemunhou uma sucessão de tempestades, ventos e chuvas, coberta de um manto de humidade refrescante. Junho em Deli assim sim.

Capitalizando o mau momento

"Então e lá na Índia, as pessoas devem estar a sofrer ainda muito mais, não?", inquiria uma vizinho meu na minha aldeia saloia, aquando da minha recente passagem por Portugal. Respondi-lhe então que não, que estranhava como é que em Portugal e na Europa este era o tema da actualidade ("aumentaram a gasolina duas vezes num único mês, já viu!?"), mas que na Índia, nas minhas conversas diárias com vizinhos e amigos, este tema ainda não tinha sido abordado (ao contrário da subida dos preços dos alimentos - o arroz está a 40 Rupias/kg).

E pronto, preparava-me eu para, nestes dias, escrever aqui sobre a soberba forma como o Governo indiano tem conseguido evitar aumentar os preços da gasolina e dos derivados petrolíferos, há quase dois anos e à custa de subsídios magníficos, quando a imprensa indiana do dia de ontem (e o vizinho de cima) me saudaram com a reunião extraordinária do Special Group of Ministers e a certeza de que os combustíveis petrolíferos iriam subir entre 5 e 10%.

É natural. Com a sucessão de más notícias e derrotas eleitorais que o Congresso tem sido obrigado a enfrentar nos últimos meses, devem ter avaliado este momento como sendo o ideal para avançar com todas as medidas menos populares, antes das eleições de 2009. Em termos estratégicos políticos, chama-se a isto capitalizar o mau momento.

Outros tempos, outras atitudes

Mãe, vou só ali à Índia tirar um dente

With easy visa facilities to overseas patients coupled with best emerging medical infrastructure facilities, India's medical tourism can become a lead foreign exchange earner and the earnings will grow from the existing 800 million annually to 1.87 billion U.S. dollars a year by 2012, Assocham President Venugopal N. Dhoot said.

sábado, 17 de maio de 2008

Comendo em Deli: Tamura

Não só os tailandeses que estão na moda em Deli. Os restaurantes japoneses começam a ganhar espaço também. Para o paladar indiano, os sabores japoneses são naturalmente de outro mundo (e portanto pouco apreciados), mas a classe alta indiana quer novidade e diferença para poder alimentar a sua sede por status simbólico, e nada melhor do que sushi e sake para tal.

Situado numa cave do bairro residencial e diplomático de Vasant Vihar, no Sul de Deli, o restaurante Tamura é propriedade de um simpático casal japonês (ele) e tailandês (ela). O sucesso já os levou a abrir um segundo restaurante, em Gurgaon, e outro em New Friends Colony. A decoração e o serviço são excelentes, e o ambiente sempre animado (presença garantida de ruidosos grupos de empresários japoneses, sempre à procura de conversa, o que os torna numa excelente fonte para um briefing sobre o estado actual da economia indiana e investimentos!).

Não há dúvida que há um ou outro japonês situado nos hoteis de luxo que oferecem uma qualidade superior, mas a preços quase proibitivos para a bolsa média portuguesa. O Tamura apresenta assim uma excelente opção em termos de preço-qualidade, um jantar para dois ficando por menos de 20 a 30 Euros. Especialmente para quem, numa estadia mais longa na Índia, se sente saturado da comida, especiarias e picantes indianos, esta é uma opção altamente recomendável para "limpar o estômago" (com a ajuda de muito sake, é claro).

Contactos e mais informações aqui.

Imagens de Deli: Taj-ul-Masjid (Bôpal)

Confiando: Pagamento

Compro um bilhete de avião internacional, explico ao telefone que só terei possibilidade de pagar no dia seguinte ao da partida e o funcionário da agência manda-me calar: please, no problem at all, you are Xavier, don’t worry, bring it whenever you can.

Da importância de Bombaim, Chenai (e Calcutá)

... we are witnessing the resurgence of a pre-colonial “Maritime Asia” – the sweep of coastal communities, port cities and towns, and waterways connecting Northeast and Southeast Asia, India and now Australia. Maritime Asia is the locus of Asian wealth and power. It is where 60 to 70 percent of Asians live, the biggest cities are and globalization-driven investment is concentrated. The world’s six largest ports are all Asian.

(daqui)

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Inquisição, de novo, diferente

Lembro-me com horror daquelas longas viagens intercontinentais, adolescente, ensanduichado entre um window e um aisle, “I love my India” diziam insistentemente, grandes, gigantescos, desconhecidos e intimidatórios indianos à minha esquerda e direita, que de forma ininterrupta, durante aquelas oito ou nove ou dez horas, me faziam objecto e vítima de um tipo de contra-inquisição, quinhentos anos depois, começando pelo meu nome, pelo dos meus pais, da minha cidade, não, aldeia, passando depois para a profissão dos meus irmãos, a história de vida do meu pai, da minha mãe, avós, as árvores no nosso jardim, porque é que a papaieira nunca deu frutos, o nome do meu cão e da nossa empregada (porque é que só tínhamos uma), quanto custa a vida em Lisboa, sobre a minha viagem sozinho, para onde ia logo que chegasse a Bombaim, se gosto mais de Portugal ou da Índia, se a comida europeia é boa, se não tinha medo, como é o passaporte português, “show me, I want to see”, e eu, no meio, rodeado, sujeito a objecto, submisso, estranhamente cooperante também, talvez por inocência e medo, talvez também porque sabia que não havia naquelas interrogações maldade, violência ou condescendência, como há quinhentos anos, mas uma imensa e muito sincera curiosidade, uma vontade amiga de conhecer e conversar.


Intervalo publicitário

KFC Mega Bucket

No KFC, enquanto peço um Zingerzinho para matar a fome antes do cinema, uma vozita infantil interrompe-me, ecoando do lado direito, de forma insistente: “Mummy, no, Mummy, I want the Bucket, Bucket, Bucket”. Muito provavelmente, o puto (cinco ou seis anos) tinha acabado de papar dois dal makhni e três naans em casa, mas aquele Bucket (frango suficiente para uma família inteira), mais do que gula, é símbolo de status e auto-realização social, e foi por isso mesmo que a mãe acabou por comprar o Bucket para o filho.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Dos paus e das cenouras

Chellaney hoje no The Hindu:

Distance from Burma has been a crucial factor in determining major players’ approach toward that country. The greater a state’s geographical distance from Burma, the more gung-ho it tends to be.
...
The West, with little financial stake left in a country marginal to its foreign-policy interests, can afford to pursue an approach emphasising high-minded principles over strategic considerations, and isolation over engagement. About 95 per cent of Burma’s trade last year was with other Asian countries.
...
Both carrots and sticks need to be wielded, but not in a way that the sticks get blunted through overuse and the carrots remain distant.



Sobre o Ocidente, a Índia, os paus e as cenouras, a minha crónica na revista Atlântico de Dezembro passado assume agora maior acutilância :

Cenouras para a Birmânia

(...) Mas o consenso indiano é forte: a Birmânia tem que regressar à esfera de influência de Nova Deli, setenta anos depois de se ter separado da Índia Britânica. O desacordo reside, no entanto, na melhor forma de realizar esta ambição.

Os chamados falcons têm assumido uma linha extremamente pragmática, dominante nos últimos anos e assente na cooperação militar. Por outro lado, há um embrionário lóbi que defende a cooperação e integração regional transfronteiriça, não só entre os sete estados do Nordeste indiano e as quatro províncias do Norte da Birmânia (Rakhine, Chin, Sagaing e Kachin), mas também com as províncias fronteiras chinesas do Tibete e do Yunnan e com o Bangladexe.

Estes regionalistas, de inspiração funcionalista e liberal, e da confiança de Manmohan Singh, já têm testado as suas teorias na prática. Estão, por exemplo, por trás das iniciativas da Baía de Bengala (BIMSTEC), de Kunming e do Mekong-Ganga, todas vocacionadas para expandir o soft power económico indiano para a Ásia do Sudeste e para amarrar a China institucionalmente em fóruns multilaterais. Pelo meio, querem também reabrir a histórica Stilwell Road (Índia-Birmânia-China) construída, em 1942, por 15 mil americanos, para placar o avanço japonês.

Não há dúvida que esta segunda vertente da diplomacia indiana para a Birmânia também tem compactuado pontualmente com os generais de Naypyidaw. Mas não deixa de ser uma alternativa credível e construtiva, contrastando com os limitados interesses de segurança chineses (...)

Imagens de Deli

Pérolas do Times of India

Estas pérolas só mesmo no Times of India, é claro:

New Delhi: A 38-year-old foreign national was allegedly molested inside a spa at a five-star hotel in upscale Vasant Vihar area of south-west Delhi. The police have registered a case of molestation and arrested the accused person. (...)

The victim has said in her complaint: "While the masseur was giving me a head massage, he started molesting me. As I was in semi-conscious state, he continued his act. After a while, another person entered the room, on which he threw a towel on me. The other person went outside, but I woke up." ... "The masseur began massaging my head again, and once more, he molested me. But this time, I caught him and screamed at him. I also informed the staff at the spa centre about the incident," the woman claims.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Interesses falam mais alto (Expresso)



No Expresso (Internacional) de Sábado passado:

Interesses falam mais alto

Os generais de Rangum dão privilégio de acesso à ajuda chegada da China e da Índia, países que mimam o regime

Poucas horas depois de se conhecer o rasto catastrófico deixado pelo ‘Nargis’, um Boeing 747 chinês e dois Antonov indianos aterravam no aeroporto internacional de Rangum, carregados de ajuda de emergência.

Enquanto isso, organizações humanitárias de países ocidentais, bem como as Nações Unidas, continuavam à espera de vistos e de luz-verde para poderem iniciar as operações de socorro.

O trato privilegiado dado à China e à Índia reflecte uma clara orientação estratégica dos generais, que apelidam de ‘países amigos’, contrastando com o tom gélido com que receberam ofertas de ajuda europeias e norte-americanas. Os dois gigantes asiáticos têm-se desdobrado em mimar o regime militar birmanês, procurando desesperadamente ganhar influência num país-charneira que é estratégico para o futuro da Ásia.

Em Setembro do ano passado, após a repressão brutal dos monges revoltosos, foram precisamente Nova Deli e Pequim a sair em defesa de Rangum, bloqueando as propostas de sanções económicas.

Com a sua longa costa para a Baía de Bengala, o país é um parceiro vital para as marinhas chinesa e indiana, que ambicionam controlar o Oceano Índico. A concorrência levou mesmo Pequim a alugar as ilhas birmanesas Coco, localizada a menos de 30 quilómetros do arquipélago indiano de Andamão e Nicobar, onde a Índia mantém a sua mais importante base militar integrada. Ambos os países partilham também extensas fronteiras territoriais com a Birmânia, atravessando florestas polvilhadas por tráfico de estupefacientes e humanos, e separatistas tribais armados.

Por outro lado, ministros chineses e indianos têm-se desdobrado em visitas oficiais aos generais, oferecendo pacotes de ajuda económica, investimentos e equipamentos militares, em troca de contratos de exploração das imensas reservas de gás natural birmanês.

Em inícios de Abril, Nova Deli recebeu autorização para avançar com um corredor de transporte estratégico entre a sua fronteira do Nordeste e o porto de Sittwe, ao longo do rio Kaladan. Entretanto, a China tem apostado no comércio bilateral, escoando os produtos da sua província fronteiriça de Yunnan para o apetecível mercado birmanês.

Os generais de Rangum têm gozado os mimos chineses e indianos ao máximo, seguindo o equilibrado ‘caminho do meio’ recomendado pela sabedoria budista. Resta saber até quando.


Constantino Xavier, correspondente em Nova Deli
internacional@expresso.pt

Pink City pintada de vermelho-sangue



Boas notícias, no meio da catástrofe: Não há registo de estrangeiros mortos ou feridos. E pelo que soube por telefone, os portugueses que por lá costumam estar para o intercâmbio AISEC já regressaram a Portugal ou encontram-se de viagem no resto da Índia.

Researching India anew

Uma breve texto de opinião meu sobre o crescente número de jovens investigadores portugueses na Índia, publicado na revista "Portugal in Focus" que a representação do AICEP/Embaixada de Portugal em Nova Deli lançou recentemente, sobre Portugal e as relações bilaterais luso-indianas (p. 59).


Researching India anew

Constantino Xavier

Long back are the times when Portugal used to study India through zealous Jesuit priests like António Andrade, lonely adventurers like Fernão Mendes Pinto or gifted physicians like Garcia de Orta.

With India’s emergence on the global economic and political scene, more and more Portuguese researchers are now intrigued by India, which remains, to a large extent, a black hole on Portugal’s academic world map. This is in contrast with the historical study of the “Era dos Descobrimentos”, the colonial era relations between Portugal and India, and associated dimensions such as mutual influences on architecture or science. Portuguese historical research institutes, most notably the Centro de História Além-Mar (Universidade Nova de Lisboa), are known worldwide for their excellence in analysing the century-old oriental archives of Lisbon and Goa.

But the change is most noticeable in research on the contemporary facets of India. An increasing number of young Portuguese students are now choosing to understand the dynamics of India’s contemporary society, economy and politics. Most importantly, they are doing extensive fieldwork. For example, there is Cláudia Pereira who has lived with the tribal gaudde in Goa, Hugo Cardoso who studies the Indo-Portuguese creole of Daman and Diu, Zélia Breda analysing Goa’s tourism industry, ICCR-sponsored Nuno Lino and Tiago Bravo doing their M.A. Psychology from Pune University, and myself, (also ICCR-sponsored) researching on India’s foreign policy and its diaspora at Jawaharlal Nehru University.

Although we are all divided by disciplinary boundaries, one element binds us together: the need to rediscover India and research it anew, on the ground, and not from far-flung ivory towers. The reverse trend – an increasing number of Indian students who are choosing Portugal for a higher education of excellence – can, therefore, only be welcome if we want to tie both countries closer together.

Constantino Xavier is an M.Phil. scholar in International Politics at JNU, New Delhi.

Fragmentos da leitura

" I was appointed to the House of Lords, on my very first day, laden with a heavy brief case and piles of papers in my hand, I made my way to the House of Lords and saw an English colleague of mine at the gate and he said, “Lord Dholakia, you seem to be very heavily laden with papers. May I carry your bag?” I said, “Please do.” There was a broad smile on my face and he said, “You must be very happy being appointed a member of the House of Lords.” I said, “No, there is another reason and the reason is this that for 250 years my forefathers carried your bags; today, we are equal because you are carrying mine.” "
Lord Navnit Dholakia, aqui

A Ibéria prepara-se para aterrar em Deli

Enquanto que outras companhias aéreas europeias andam a lutar, de forma desesperada, por slots de aterragem na Índia, nós damo-nos ao luxo de não aproveitar os que temos, há mais de uma década.

Católica na Índia

Impressões e fotografias de um dos participantes na viagem que os MBA da Universidade Católica organizaram recentemente à Índia. Uma excelente iniciativa, nos passos do que a AESE já faz desde 2006.

Imagens de Deli

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Índia - Oportunidades cheias de dificuldades

Na primeira pessoa, o Ricardo Silva, estagiário do programa Contacto do AICEP em Nova Deli. Directamente de quem vive e observa no terreno, dia após dia, a realidade da vida empresarial indiana e das ainda embrionárias relações económicas luso-indianas:

Índia - Oportunidades cheias de dificuldades

Portugal descobriu o caminho marítimo para a Índia há mais de 500 anos, mas infelizmente não soube dar continuidade a essa descoberta no mundo dos negócios. Apenas em 2007 foram enviados estagiários do Contacto para a Índia. Apenas em 2007 um Primeiro-Ministro português visitou a Índia. Apenas em 2007 um Presidente da República português esteve na Índia. Apenas agora estão a ser dados os primeiros passos. Entretanto os restantes países ocidentais já se encontram na Índia há mais de 10 anos. Tudo isto num país que representa um sexto do mercado mundial e que pode ser considerada a verdadeira “Terra das Oportunidades”.

Quatro meses passaram desde a minha chegada a Nova Deli e, daquilo que me foi possível ver até ao momento, apesar de ser um mercado enorme, é um mercado extremamente difícil de entrar. A principal razão, são precisamente os próprios indianos.

Redescobrindo: Nóida e Iamuna

Ora cá está uma terra que praticamente não precisa de nenhuma adaptação gráfica para ser escrita e pronunciada correctamente em português. O imenso subúrbio de Noida, do outro lado do rio Yamuna, foi criado nos anos setenta e é (poucos o sabem) uma simples sigla para New Okhla Industrial Development Area (NOIDA). Não há portanto nenhuma peculiaridade histórica e linguística na criação deste nome pela burocracia indiana anglófona.

No entanto, os nativos de hindi (especialmente os motoristas de riquexó que, para mim, são um excelente critério para aceder à pronúncia autóctone mais típica) gostam de enfatizar a primeira sílaba e a primeira vogal. Assim, tendo em conta que um simples Noida seria provavelmente lido, por muitos portugueses, como um o fechado (como se fosse Nôida), proponho Nóida, que é a versão exacta do que se pronuncia nas ruas de Deli.

Já agora, como falamos no rio, é natural que o agora pouco majestoso rio Yamuna (muitas vezes aqui pronunciado como Yamna, Jamuna or Jamna) deve ser escrito Iamuna em português (tal como aqui), devendo resistir-se à nossa natural tentação de enfatizar a terceira sílaba (Iamúna).

Assim, Nóida, um subúrbio industrial de Nova Deli, fica do outro lado do rio Iamuna. Mas, como sempre, aceito críticas, correcções e sugestões para afinar esta série e passarmos a escrever a Índia com mais correcção.

Quando o internacional passa a ocidental e vice-versa

Army: no ‘widespread’ abuse in Congo. NEW DELHI: Senior army officials here have cited a United Nations (U.N.) official to slam allegations of widespread abuse by Indian troops deployed on peacekeeping duty in Congo. ... allegations being aired by the western media were unsubstantiated and derived from questionable sources, they said.

Muito interessante, esta volatilidade com que a imprensa e as autoridades indianas se referem a notícias veiculadas pela imprensa estrangeira. Neste caso, uma investigação da BBC que deu conta do envolvimento de tropas de manutenção de paz paquistanesas e indianas em casos de corrupção, contrabando e abuso sexual, entre outros delitos, no Congo.

Independentemente da sua veracidade, é curioso como os militares indianos se referem às acusações como estando a ser "difundidas pelos media ocidentais", fazendo também uma clara alusão a eventuais interesses políticos e estratégicos de bastidores. Passa-se exactamente o oposto quando um qualquer pasquim norte-americano ou inglês dedica um dossier especial sobre um sector qualquer indiano emergente, muito colorido e simpático, cheio de dados e estatísticas (a maioria totalmente erradas).

De forma imediata, os dados e as estatísticas que mais interessam são apropriados pela imprensa indiana, que as estampa nas suas capas e horários nobres. Por ricochete, são depelos citados pelos responsáveis governamentais. O mais interessante é que, ao contrário desta notícia do Congo (vinda da BBC que, afinal, é um dos raros exemplos de comunicação social global), nestes casos o pasquim em questão passa a ser referido não como imprensa ocidental, mas internacional (international media), procurando assim hiperbolizar o impacto da notícia a nível global.

Um exemplo recente, muito interessante porque denunciado publicamente, foi o da Secretária de Estado para os Recursos Humanos, Senhora Purandeshwari que, perante o Parlamento, afirmou que os indianos representavam 36% dos cientistas da NASA, 34% dos empregados da Microsoft e 38% dos médicos nos EUA (números totalmente exagerados, pelo menos por enquanto...).

Imagens de Deli

sábado, 26 de abril de 2008

Sintonia comunista-nacionalista

The concept of cheerleaders reflected “a westernised culture that is spreading in the name of the so-called globalisation which has its own economic spin-offs and where earning money is the only compulsion,” said Mr. Chakraborty, who is a senior leader of the Communist Party of India (Marxist). (daqui)

"Why do we have to use scantily-clad women brought from Europe and America? If we have to have entertainment, we can always have Indian dances by local artistes," he said. "Our culture is very rich and such improper activities should be banned immediately," the BJP leader said. (daqui)